domingo, 14 de outubro de 2012

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"Sonhos" por Desouza

SONHOS

...Hoje acordei em sonhos
Sem regras e costumes
Em meus amores medonhos
Num quarto de cera...

Enfim, o sol ainda é o mesmo
A Lua, brilha cansada
A vida, um belo ermo
A paixão, mal amada...

Hoje acordei em sonhos
Tão tristonho
Procurando um ombro para pousar
Ainda quero dormir
Não sei onde...descansar..!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

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Dia 12 de Outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida

     Olá Leitores!
     Eu me chamando Natalia Aparecida de Oliveira Ferreira, sendo Católica e devota de Nossa Senhora Aparecida, não poderia deixar de prestar minha homenagem á Padroeira, que tando intercedeu por mim. Por isso, deixe-me contar como tudo aconteceu.

(Fonte Canção Nova)

     A história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto (MG).


Convocados pela Câmara de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram à procura de peixes no Rio Paraíba. Desceram o rio e nada conseguiram.


Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu, onde lançaram as redes e apanharam uma imagem sem a cabeça, logo após, lançaram as redes outra vez e apanharam a cabeça, em seguida lançaram novamente as redes e desta vez abundantes peixes encheram a rede.


A imagem ficou com Filipe, durante anos, até que presenteou seu filho, o qual usando de amor à Virgem fez um oratório simples, onde passou a se reunir com os familiares e vizinhos, para receber todos os sábados as graças do Senhor por Maria. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil.


Por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis aumentava e, em 1834, foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha).


No ano de 1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a Senhora "Aparecida" das águas.


O Papa Pio X em 1904 deu ordem para coroar a imagem de modo solene. No dia 29 de abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor. Grande acontecimento, e até central para a nossa devoção à Virgem, foi quando em 1929 o Papa Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil, com estes objetivos: o bem espiritual do povo e o aumento cada vez maior de devotos à Imaculada Mãe de Deus.


Em 1967, completando-se 250 anos da devoção, o Papa Paulo VI ofereceu ao Santuário de Aparecida a Rosa de Ouro, reconhecendo a importância do Santuário e estimulando o culto à Mãe de Deus.


Com o passar do tempo, a devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi crescendo e o número de romeiros foi aumentando cada vez mais. A primeira Basílica tornou-se pequena. Era necessária a construção de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros. Por iniciativa dos missionários Redentoristas e dos Senhores Bispos, teve início, em 11 de novembro de 1955, a construção de uma outra igreja, a atual Basílica Nova. Em 1980, ainda em construção, foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida Santuário Nacional, sendo o "maior Santuário Mariano do mundo".

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

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"Sebastian" capitulo V , por Natalia de Oliveira

Parte I
Capitulo V
"O caso é fechado"
 

       Davis lia atentamente mais uma vez, o dossiê do caso Desmont no escritório do necrotério antes de começar a examinar o cadáver exumado. Como o prestativo delegado avisou-lhe, achou na entrada do necrotério do outro lado do balcão o porta-chaves com as demais chaves do recinto.

       O escritório era simples, claro, mas o que o diferenciava de sua própria sala em Washington era aquele cheiro frio, aquele cheiro de morte. Mesmo desativado por meses, o cheiro forte permanecia e incomodava. Não era éter misturado com desinfetante, cheiro dos hospitais que conhecia. Era formol e sangue. Um odor característico, inebriante, sinistro, digamos assim.

       Havia armários dos dois lados da sala, do tipo arquivos. Á frente uma porta e atrás a única janela, com uma vista incrivelmente sinistra dos túmulos lá fora, dos cidadãos mortos de Aaron River. Como era de noite, a luz do teto estava acesa e a luminária na mesa também e mesmo assim havia penumbra.

       O dossiê tinha uma capa amarelo-palha padrão com uma etiqueta na frente dizendo “Caso Desmont”, e era isso o que havia em seu interior: Uma foto da oficina queimada; uma foto de Kevin Desmont e de seu filho Chandler juntos, numa tarde de sol em frente á oficina; uma cópia do boletim de ocorrência informando a tragédia e um pequeno relatório que dizia assim:

 

       12 de Abril de 1983

        No dia 11 de Abril, aproximadamente ás 20:30 p.m., teve inicio um incêndio no n° 52 da Rua Savior Street, um sobrado que era uma estabelecimento comercial (Oficina de Autos Desmont) no primeiro andar e residência habitada no segundo andar. A causa do incêndio: desconhecida, possivelmente criminosa”

       “Vitimas: 2. Uma falecida e uma desparecida.

        Falecida: Kevin Scott Desmont, 36 anos, causa da morte: Carbonização.

        Desaparecida: Chandler Scott Desmont, 13 anos, paradeiro: desconhecido vivo ou morto.”

 

       Esse relatório era uma piada, ridículo, um insulto á sua inteligência! Do jeito que estava, só podia ter sido escrito pelo imprestável do Delegado Piston. Jogou o papel na mesa pensativo. Porque a criança estava desaparecida? Aonde poderia estar? Como o fogo começara? Remoía essas ideias tentando achar alguma resposta para esse caso tão obscuro, tão estranho. Na verdade, estava lá para tentar encontrar essa criança, viva ou morta. Pegara então a foto em que pai e filho se abraçavam em frente à oficina. Os dois eram de fato muito parecidos, os olhos principalmente. Tinha que achar a criança, poderia estar perdida na floresta, ferida, faminta, assustada, precisando de ajuda. Iria encontra-la de qualquer modo.

       Arrumou os papéis de volta na pasta e deu um longo suspiro antes de levantar-se da poltrona. Caminhou pelo escritório e saiu deixando a porta aberta, o necrotério estava vazio. Passava pelo corredor que levava ás salas de necropsia 1 e 2, e nesse corredor havia também uma porta com uma placa pendurada dizendo “almoxarifado”. Chegou à sala 2 onde o corpo de Kevin estava e abriu a porta.

       Os coveiros, muito prestativos, tiraram o corpo de Kevin do caixão e o colocaram sobre a mesa cirúrgica. Ele havia sido enterrado nu, coitado.

       Tudo já estava arrumado para o procedimento. A bandeja com os instrumentos cirúrgicos previamente esterilizados se encontrava junto á mesa, a luz forte estava focada no corpo, estava tudo pronto. Davis encontrara um avental e já o estava usando. Dirigiu-se á pia que ficava no canto da sala, subira as mangas da camisa e começara a lavar as mãos com sabonete antisséptico. Fechara a torneira, enxugara as mãos numa toalha esterilizada também. No balcão da pia encontrava-se uma caixa de luvas descartáveis de borracha, colocara uma por uma, voltando-se para a mesa em seguida.

       De seu bolso, Davis pegara um pequeno gravador e o depositara na bandeja de instrumentos. Parou um pouco, para observar o corpo de Kevin, respirou fundo, fechou os olhos concentrando-se. O que esperava encontrar ali? A causa da morte parecia obvia, obvia demais para seu gosto. Virou-se, dirigindo-se agora para um pequeno armário atrás dele com portas de vidro que mostravam ampolas com substâncias diversas, caixas com gazes, mascaras e luvas. Abriu a porta e pegou a caixa com as mascaras cirúrgicas, rapidamente abriu a caixa e pegou uma, amarrando-a cuidadosamente em seu rosto antes de voltar á mesa. Pegara então o gravador, apertando o botão rec e o aproximara do rosto.

       - Agente Clark Davis, caso Desmont, necrotério de Aaron River, quinze de maio de mil novecentos e oitenta e três, sete e vinte e cinco da noite, iniciando a necropsia de Kevin Scott Desmont, homem branco, 36 anos. – afastou o gravador por um minuto, observando o corpo.

       Colocara outra vez o gravador na bandeja e voltou a observá-lo.

       - Em primeira observação, o corpo está totalmente queimado, mas não carbonizado, ele não está em posição de boxer. Vou poder examinar os órgãos internos. – começou a apalpar a perna direita, depois a perna esquerda e depois subiu para os braços, indo depois para as costelas. – Há sinal de fratura na costela. Começarei a necropsia fazendo uma incisão na caixa torácica, á procura de algum órgão rompido, mesmo a vitima tendo entrado em óbito há vários dias.

       Pegara o bisturi e olhava mais uma vez para o cadáver. Era uma visão horrível, lembrava-se do homem belo da foto e olha para o corpo irreconhecível, tostado. Apertava-lhe o coração imaginar qualquer pessoa tendo um fim como esse. Imaginava se Kevin ainda estaria vivo quando o fogo começou a tomar conta do coitado. Algo lhe dizia que não, e era baseado nisso que iria examiná-lo. Depois de cortar a carne torrada como um churrasco, pegara o costótomo, (que era algo parecido com uma tesoura, utilizado para cortar as costelas dos cadáveres) e com o instrumento abrira a caixa torácica de Kevin com certa dificuldade. Observava atentamente os órgãos, todos pareciam em ordem, sem fissura. Realmente, uma costela estava fraturada.

       - Encontrei apenas uma costela fraturada, os órgãos parecem normais. . .

       Como queria saber se Kevin estava morto antes do fogo começar, Davis se concentrou no aparelho respiratório dele, a faringe, a laringe, traqueia, pulmões, procurando por sinais de fuligem e para sua surpresa, estavam limpos.

       Observava os órgãos e constatava que não havia sinal de fumaça, ou material estranho, nem nada que levasse á conclusão de que Kevin houvesse inalado fumaça, via isso perplexo. Tudo indicava que Kevin estava morto antes do fogo ter começado, pois, não havia como uma pessoa morrer asfixiada sem que seu pulmão fosse afetado.

       - Kevin Desmont não morreu asfixiado pela fumaça. – disse subitamente. – Então. . .

       Olhava para ele implorando uma resposta, fixando seu olhar atento á cada parte do corpo, tentando achar alguma coisa. Afinal, se não morrera no incêndio, como morrera?

       - Anda meu amigo, me diz oque aconteceu. – Davis disse baixo demais para ser gravado.

       Só então reparou na cabeça completamente torrada de Kevin e só agora notara aquilo, que não havia percebido até então, mas que quase o fez cair para trás.

       - Há um orifício no crânio, na têmpora direita. . .

       Pegara uma pinça grande e inseriu no orifício, guiado pelo instinto, procurando qualquer coisa, e achou, a pinça agarrou algo duro e pequeno. Davis puxou o objeto com cuidado e tirou de dentro da cabeça de Kevin, uma bala prateada. Admirava seu achado, segurando-o ainda com a pinça.

       - Encontrei no crânio de Kevin Scott Desmont um projétil de pistola semiautomática. A vítima foi assassinada. -     com a mão que estava livre apertou o botão stop do gravador e continuou a observar a bala.

       - Eu sabia. – sorriu, falando consigo mesmo, satisfeito com seu trabalho.

       Agora com essa nova evidência, toda a investigação tomaria um novo rumo e Davis tinha certeza de que iria mexer com o perigo. Porque um simples comerciante havia sido assassinado? Certamente tinha alguém querendo encobrir seus rastros, mas quem?

 

       No dia seguinte á essa descoberta, que causaria uma reviravolta no casa Desmont, outra reviravolta acontecera logo pela manhã. O Agente Davis hospedara-se numa modesta pensão no centro da cidade, sentia que passaria um bom tempo em Aaron River. Não havia dormido, tamanha a excitação que aquele simples objeto de metal causara, fazendo duas palavras martelarem em sua cabeça durante a noite toda: quem e por quê.

       Outra coisa que o preocupava agora, será que o garoto havia presenciado o crime? Será que era por isso que estava desaparecido? Será que fora também assassinado e jogado em algum lugar da floresta, num buraco, ou no fundo do rio? Esse fato novo dava inicio a várias especulações, sem respostas fáceis.

       O quarto daquela pensão era mais do que simples, era o necessário: uma cama, um criado mudo, uma mesa com quatro cadeiras e um armário, só. Davis estava sentado á mesa com aquele dossiê que já havia se tornado inútil á sua frente e lembrava-se com saudade do seu apartamento em Washington.

       Olhou para o relógio de pulso e viu que eram oito e meia da manhã. Só então que reparou que, além de não ter dormido, também não havia tomado banho nem comido nada. Resolveu que iria tomar um banho e depois iria sair para comer alguma coisa em alguma lanchonete.

       Depois de ter tomado o banho, colocou uma roupa limpa, outro terno bem alinhado, claro. Não era porque estava onde Judas perdera as botas que deixaria de se vestir de acordo com sua posição. Calmamente desceu as escadas que levavam á recepção da pensão em que estava, que era bem acolhedora. Dirigiu-se ao balconista que era um senhor já de idade, com os poucos fios de cabelo branco que lhe restavam e um olhar simpático.

       - O senhor me recomenda algum lugar para tomar um bom café da manhã?

       - Sim, a lanchonete do Soyer, a umas duas quadras daqui. Não tem como errar. – disse com um sorriso simpático.

       - Pode me avisar se alguém vier procurando por mim?

       - Pode deixar.

       - Obrigado. – já ia saindo quando se voltou outra vez para o velho. – Pode me dizer também, se não for pedir demais, onde fica a oficina de Kevin Desmont?

       O velho ficou sério, todo aquele ar alegre que ele demonstrava se esvanecera, dando lugar á uma expressão séria.

       - É do outro lado da cidade, - respondera sombrio. – perto do bosque. Pegue a Avenida Comercial e virando a direita, entre na Savior Street. É a ultima casa da rua.

       - Obrigado outra vez. – agradeceu antes de sair de lá surpreso com a mudança de humor do velho homem.

       No estacionamento pegara o carro que havia alugado e saiu, observando as casas ao redor. Notara que, conforme passava, as pessoas o olhavam de um modo estranho. Será que a notícia de que exumara o corpo de Kevin Desmont para examiná-lo já se espalhara, ou simplesmente não gostavam de estranhos?

       Realmente tomara um ótimo café da manhã na lanchonete do Soyer, que o velho balconista lhe indicara e lá, sentado numa das mesas perto da janela de vidro, tomou uma decisão: iria até a oficina, queria ver o local em que tudo acontecera e iria sozinho. O certo seria ir acompanhado do Delegado Piston, mas se ficasse dependendo da boa vontade dele, jamais iria concluir essa investigação.

       Dirigia pela Avenida Comercial, cheia de estabelecimentos, lojas e lugares assim, observando a cidade. Aaron River era, sem dúvida, uma cidade pequena típica: senhoras de idade conversando nas varandas, crianças brincando nas calçadas, observadas pelas mães que faziam croché em bancos na praça. Nada parecido com o movimento de sua cidade, onde as coisas aconteciam rápido demais para poder acompanhar, ali ao contrário, tudo parecia fluir lentamente.

       Virou á direita e logo na entrada vira uma placa que dizia Savior Street. Seguiu por ela, ouvindo o barulho do rio que não devia estar muito longe e ao final da rua, pôde ver os escombros de uma construção incendiada, só podia ser ali, então, estacionou o carro, atravessou a rua, adentrando a área isolada com aquela fita amarela sem ao menos ser percebido. Não havia movimento naquela rua.

       Quase não restara nada da casa, tudo eram vigas e pilastras queimadas, o esqueleto morto do que um dia fora uma casa. Impressionante, o fogo acabara com quase tudo, menos o que era de metal, como os instrumentos de trabelho de Kevin. O cheiro de queimado ainda persistia no local, fazendo-o imaginar o momento em que o incêndio começara. Havia se espalhado rápido, vendo o estrago que causara.

       Davis andava pelo lugar, analisando cada parte, mas era difícil caminhar naquele terreno. Observava tudo, tentando achar algo que sustentasse sua mais nova teoria de que o incêndio era criminoso. Deparou-se com uma parte da oficina que ficara de pé: meia parede com um armário com as portas abertas. Davis abaixou-se e viu que dentro do armário havia latas de óleo lubrificante e outros produtos usados na oficina e notou, quem diria, que alguns eram inflamáveis e isso já era alguma coisa.

       Davis começou então a ponderar que talvez um desses produtos tivesse sido usado para começar o fogo. Olhou bem para todas as latas no armário e notou que estavam intactas e cheias. Mas a porta estava aberta, e alguns estavam tombados, a última pessoa a mexer ali estava com pressa.

       Começou a procurar pelo chão e viu que os fundos da casa davam para um bosque. “Só pode estar lá.”, pensou. Foi entrando no bosque, olhando para o chão atentamente, procurando por qualquer coisa que pudesse ter sido usada no incêndio, quando a uns dez metros bosque adentro viu algo brilhar. Correu até lá e viu que era uma lata de tiner. Havia sido furada com um objeto pontiagudo, num orifício comprido e fino como uma faca faria, e o melhor, estava completamente vazio. Não é necessário dizer que tiner é totalmente inflamável.

       Tinha agora a prova que faltava. Isso já deixara de ser considerado acidente há muito tempo, agora era oficialmente assassinato com de ocultação de cadáver, e nenhum juiz negaria isso. Como Piston deixara isso passar? Que ele era muito incompetente, isso era óbvio, mas havia algo errado. Parecia propositalmente negligente com relação a esse caso. Ele seria investigado também, isso era questão de tempo.

       Ouviu um barulho como o de folhas secas sendo pisadas por alguém leve. Levantou a cabeça e viu uma menina de cabelos loiros, usando uma calça jeans e uma camisa de beisebol com mangas amarelas. Ela era linda e olhava diretamente para ele com uma expressão séria.

       - Você é o cara do FBI? – April perguntou.

       - Sou o Agente Clark Davis. – respondeu levantando-se e deixando a prova no chão. – Quem é você?

       - Pode me chamar de April. – aproximou-se caminhando por entre as árvores. – Oque descobriu até agora?

       - Esse é um assunto de policia, uma garota da sua idade não devia estar. . .

       - “Bisbilhotando”? – riu forçadamente. – Só queria ver á quantas anda essa investigação com você, porque o delegado daqui é uma negação.

       - Conhecia as vitimas?

       - Conhecia. – disse com visível pesar.

       - Sabe de alguma inimizade que pudessem ter? Alguém que não gostava deles?

       - Fora todo mundo? – disse em tom de sarcasmo.

       - Como assim?

       - Eles eram de fora, intrusos, o povo daqui não gosta de estranhos. Já devia ter percebido isso. Pouca gente aqui vai sentir falta deles.

       Ele ficou um tempinho absorvendo essas palavras.

       - Você sabe de alguma coisa, não sabe? – Davis disse o obvio.

       - Só sei o que você já sabe. – April disse dando á entender que já tinha conhecimento que Kevin havia sido assassinado. – Nada mais.

       April dera as costas a Davis e afastava-se, voltando para o bosque.

       - April, espere. – Davis chamou-a, sentia que ela sabia de mais coisas, mas que não queria contar.

       - Não quero atrapalhar. – virou-se sorrindo. – Mas boa sorte. Seria bom ver um pouco de justiça sendo feita por aqui.

       E virando-se outra vez, entrara no bosque e sumira por entre as árvores sob o olhar atento de Davis. “Quem era ela?”, pensava. Aquela garota chegara do nada e lhe dera uma boa informação e desaparecera tão repentinamente quanto chegara. Davis percebera em seu olhar certa indignação a respeito da “justiça”. Queria vê-la de novo.

       Bem, com a bala encontrada no cadáver de Kevin, a lata de tiner no terreno e essa conversa misteriosa com April, o caso mudava de figura. Agora teria que descobrir quem era o responsável por esse crime. Teria que descobrir onde estava a arma do crime e ligá-la a alguém. Mas quem? O pior é que nada disso levava ao paradeiro de Chandler Desmont.

       Recolheu a lata de tiner furada com todo o cuidado e saiu da propriedade, atravessou a rua e colocou a lata em um saco plástico antes de colocá-lo no porta-malas do carro. Iria para a delegacia imediatamente.

 

        Já era quase meio-dia quando Davis chegou à delegacia. O dia estava ensolarado como todos os dias daquela primavera e embora o dia estivesse lindo do lado de fora, o clima fecharia dentro da delegacia. Davis entrou no recinto carregando sua pasta e o saco plástico no qual colocara a lata. Entrara na sala de Piston abarrotada de arquivos e fichas, encontrando o delegado sentado em sua poltrona, estava analisando alguns papeis com uma expressão particularmente preocupada.

       - Delegado Piston, - disse ao entrar – eu sabia que você não é muito ligado em detalhes, mas deixar isso passar é demais. – disse jogando a prova na mesa, assustando-o.

       - Mas o que é isso? – disse Piston sobressaltado.

       - É a diferença entre você e eu: eu faço o meu trabalho. Encontrei isso no terreno do Desmont, agora a pouco, e fora isso, encontrei uma bala na cabeça dele. A causa da morte te parece clara agora? – disse com aspereza.

       - Eu já sabia, - disse sério, fazendo Davis ficar com uma expressão intrigada.

       - Como? – perguntou pasmo. – Como já sabia? Fiz a necropsia ontem, o meu relatório ainda não está pronto.

       - Uma testemunha veio à delegacia um pouco antes de o senhor entrar como um tiro, fazendo esse escândalo todo. Veio com um depoimento bastante esclarecedor. – disse com a expressão mais séria que encontrou.

       - Uma testemunha? – ainda absorvia essa informação.

       - Sim

       - E por que ela só apareceu agora? – indignou-se.

       - Por que só agora você chegou à cidade, deixando ela segura para falar.

       Davis precisou sentar-se numa cadeira a frente da mesa do delegado

       - O que ela disse?

       - Segundo ela, ela estava com problemas no carro e foi até a oficina do Desmont. Ela viu no momento que chegou, ainda de dentro do carro Chandler Desmont atirar no pai, furar uma lata de Tiner, espalhar em volta da casa e atear fogo.

       Essa informação deixara Davis mais chocado ainda. A menção desse nome como assassino fez ele quase cair da cadeira.

       - O garoto? Não pode ser.

       - Por que não? Não o conhecia. – disse em tom superior. - Veja:

       Piston entregara á Davis os papéis que estava analisando quando ele chegara. Eram várias passagens de Chandler pela delegacia por perturbação da paz, depredação, e outras violações que lhe conferiam o status de delinquente.

       - Para tudo! Mas oque é isso? Além da imaginação? Como não fui informado disso antes? Está me dizendo que Chandler Desmont era na verdade um delinquente e assassino? – disse chocado.

       - Eu também não queria acreditar que aquele garoto cometeu esse crime terrível, até que eu achei isso aqui.

       O delegado jogou para ele outro boletim de ocorrência, com data de um mês atrás, reportava o furto de uma arma semiautomática de propriedade de Robert Murphy.

       - Creio que a bala que você encontrou no cadáver bate com o modelo dessa arma

       - É. – respondeu pensativo. – Bate.

       - A vítima não soube dizer quem havia roubado a arma. Na época, eu não dei importância ao caso, não achei que tivessem ligação, mas depois desse depoimento, juntando as peças fica claro, não acha? Está tudo ai, em suas mãos: as ocorrências em que ele estava metido; o boletim do roubo da arma; o depoimento da testemunha. – o delegado suspirou – O pequeno Chandler Desmont é um assassino.

       Davis tinha que admitir que pela primeira vez, o que Piston dizia fazia sentido. Mas uma coisa não encaixava.

       - Se ele fez mesmo isso, onde ele está?

       - Morto. – Ele recostou-se na poltrona - A testemunha disse que depois de incendiar a casa, ele correu até a margem do rio e com a arma que havia matado o pai, deu um tiro na própria cabeça, caindo na água. O rio o levou e a arma também.

       - Morto? – ainda não acreditava. Será que todo esse tempo achando que Chandler Desmont era uma vitima inocente estava errado? – Mas porque ele faria isso?

       - Como eu disse, você não o conhecia. Ele era um horror, briguento e sem mãe. – disse com calma - Talvez culpasse o pai pela morte dela, talvez o pai abusasse dele á noite, sei lá. O fato é, Agente Clark Davis, que a meu ver este caso já esta esclarecido. Ele será arquivado. – continuava o teatro sem ao menos ficar vermelho. – Volte para Washington tranquilo, não há mais nada a ser feito.

       Abalado ainda, Davis levantou-se da cadeira em que estava e dirigiu-se á porta de saída. Mas deteve-se e virou-se outra vez para o delegado.

       - Se tudo o que disse for verdade, deve ser um alívio para vocês.

       - O que? – disse sem entender.

       - Eles mesmos lhes pouparam o trabalho sujo de enxotá-los para fora.

       Girou nos calcanhares e saiu, deixando Piston sozinho no eco daquelas últimas palavras.

       - Eu sei que vou queimar no inferno por isso. – sussurrou finalmente desmanchando a feição seria dando lugar a uma consternada.

       - Todos nós vamos. – Robert Murphy saía de trás de um daqueles armários de arquivos que lotavam a sala, estivera ouvindo a conversa o tempo todo, escondido como a cobra que era. – O importante é que o caso está encerrado e estaremos livres desse estorvo do FBI pela manhã. – ele caminhava pela sala com o sorriso mais vitorioso que já exibira.

       - Não foi nada fácil mentir para ele se quer saber. Ele sabe que tem alguma coisa errada. Eu te disse que ele é esperto, ele não vai engolir.

       - Mas você foi convincente. Até eu quase acreditei que você fosse uma autoridade dedicada e responsável. – zombava. – ele vai engolir essa história sim, fique tranquilo.

       - Até quando isso vai durar? – desesperava-se. – Até quando vou ter que forjar documentos e mentir por você?

       - Até a hora que eu disser para parar. – Robert sibilou com um olhar felino e respirou fundo. – Menos um problema, mas como tenho milhares deles, não posso ficar aqui perdendo meu preciosíssimo tempo com você. – disse antes de sair da sala, deixando Piston sozinho.

       - Que Deus tenha piedade de nós. – disse aflito.

       Mas Robert não pensava assim, para ele, nada aconteceria, jamais seria pego. Não se importava com o fim que Chandler Desmont levara, nem se importava agora com o que iria acontecer em seu futuro. Só pensava que era rico, poderoso, e que tinha controle sobre tudo e todos. A vida era maravilhosa assim e não deveria mudar. Durante anos, foi a última vez que pensou nos Desmont.

 

       Davis demorou a voltar para a pensão depois de todas aquelas revelações. Almoçou em um restaurante e deu uma volta na cidade, sempre sob o olhar atento dos outros. Olhava para eles e sentia uma ponta de raiva. Eram tão atrasados, não gostavam de forasteiros e mudanças e certamente não se abalaram nem um pouco com esse crime. Podia até apostar que se procurasse, encontraria alguma bandeira nazista.

       Voltou para a pensão quase ás seis da tarde. Passou pelo balconista velho com o qual conversou de manhã e percebera que ele dormia sentado em sua cadeira do outro lado do balcão. Passou direto e subiu as escadas para seu quarto. Ao abrir a porta de seu quarto, a primeira coisa que fez foi procurar a foto de Kevin e Chandler, encontrando-a em cima da mesa, junto com os outros papéis.

       Chandler Desmont era o causador de tudo? Não podia ser. Tinha algo muito estranho naquele depoimento repentino. Olhava para a foto em que pai e filho apareciam juntos, se abraçando. Era uma dupla de amigos, Kevin não parecia ser do tipo que espancava o filho e aqueles olhos verdes não podiam ser tão dissimulados e esconder uma personalidade psicopata. Não se conformava.

       Porém não importava o quanto seu instinto lhe dissesse que Chandler era tão vitima quanto Kevin, as provas diziam o contrário. Tinha que aceitar e continuar em frente, de volta a Washington.

       Ouvira então alguém bater na porta de seu quarto. Intrigado, caminhou em direção á porta e a abriu, deparando-se com a garota loira que havia encontrado aquela manhã no bosque, April.

       - April, o que faz aqui? – Davis disse surpreso.

       - Eu te segui. Pode deixar, ninguém me viu. O velho lá em baixo está dormindo.

       - É, eu sei. – ele deu um meio sorriso, imaginando a cena: April passando de mansinho na ponta dos pés enquanto o balconista roncava alto.

       - Posso entrar? – disse um tanto aflita.

       Davis olhou para um lado, depois para o outro, viu que ninguém via e abriu passagem para ela, fechando rapidamente a porta em seguida. Se já olhavam torto para ele só por ele ser de fora, imagina se o vissem recebendo uma garotinha no seu quarto.

       - É bom eu não me arrepender de ter deixado você     entrar. – ele disse em tom de brincadeira enquanto fechava a porta.

       - Não acredite neles! – disse ela suplicante de repente, fazendo-o ficar sério. – Aquilo não é verdade!

       - Do que está falando?

       - Eu te segui lembra? Ouvi tudo oque aquele delegado meia-boca disse sobre Chandler ser o assassino e não é verdade!

       - Há documentos provando o que ele disse. - parecia tensa sua expressão. – Não posso ir contra isso.

       - Chandler tinha lá seus problemas, mas jamais mataria alguém, muito menos o próprio pai. Continue investigando e vai ver.

       - As provas. . . – Davis tentava fazer com que a garota entendesse sua posição.

       - Que se danem as provas, eu sei o que falo! Não sou nenhuma menininha idiota que não sabe o que acontece por aqui! – parecia furiosa.

       Davis olhava para aquela criança tão persistente com um aperto no coração. Queria poder ajudá-la, mas o caso fora fechado. Ela parecia ter certeza que havia algo errado nessa investigação que quase o convencia. Não, estava começando a se envolver de mais.

       - Olha, o caso está fechado e eu vou voltar para Washington amanhã.

       Via a garota a sua frente com os olhos azuis marejados de lagrimas caminhar até a mesa, puxar uma cadeira e sentar derrotada. Davis fez o mesmo, sentando-se em uma cadeira em frente á ela. Não gostava de vê-la chorar assim e sentia-se mal por decepciona-la.

       - Pelo o que eu estou vendo, você gostava muito deles.

       - Chandler era importante para mim. – April limpava o rosto com as mangas da blusa. – Nós éramos muito parecidos, meio estranhos, um compreendia o outro, se me entende. – ela suspirou pesadamente. – Nunca mais vou conhecer ninguém como ele.

       - Você pode achar que houve negligência da policia e pode até ter havido. Mas você vai poder olhar para trás depois e dizer que você não foi negligente. – disse tentando confortá-la. – Aonde quer que esteja, Chandler deve estar feliz por saber que você não desistiu dele.

       - Mesmo assim, não consegui trazê-lo de volta.

       April levantou-se, passou a mão nos cabelos e dirigiu-se á porta do quarto devagar, mas parou no meio do caminho e voltou-se para Davis de cabeça erguida. Ele viu quando sem falar mais nada ela abriu a porta e saiu deixando Davis com a desconfortável sensação de que a decepcionara.

       Arrumou tudo antes de dormir. Os papéis, a mala, todos os documentos, e antes de pegar no sono era naquela menina que pensava. Na manhã seguinte partira de Aaron River, levando consigo a lembrança de April saindo decepcionada pela porta e lá no fundo, a dúvida que aquela garota conseguira plantar: Seria Chandler Desmont realmente um assassino? Por mais que quisesse afastar esses pensamentos eles sempre voltariam, uma vez ou outra, nos anos que vieram.

 
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"O Cão dos Baskerville" de Sir Arthur Conan Doyle

 
Sinopse

   "O Cão dos Baskerville", livro escrito no seculo XVIII, pelo aclamado escritor Sir Arthur Conan Doyle, é mais uma das aventuras do famoso detetive Sherlock Homes e seu fiel companheiro Watson, onde mais uma vez usam seus poderes de dedução e enfrentam grandes perigos numa trama de suspense que prende o leitor.
     Em sua casa em Londres, Homes recebe uma carta vinda de Devonshire, relatando a misteriosa morte de um respeitavel senhor, que teria sido causada aparentemente por um animal demoníaco, um cão enorme e fantasmagórico, como um Cerbero. Intrigados, os dois vão até Devonshire investigar as varias mortes iguais que se seguem, causando pânico na pacata sociedade.
     Intriga familiar, briga por herança e segredos mortais fazem parte dessa  história.

Impressões

      Sherlock Holmes ficou famoso no seculo XIX por sua inteligência e perspicácia na hora de decifrar enigmas aparentemente insolúveis. Com muita criatividade, Sir Artur Conan Doyle cria Holmes, um personagem carismático juntamente com seu etermo companheiro Watson, tornando os dois o estereótipo dos detetives. Em suas aventuras eletrizantes, nos tormamos tão atentos aos detalhes quanto o proprio Holmes e prestamos ateção em coisas que antes nos passavam desapercebidas.
     Varias adaptações para o cimema e tv, contanto com Robert Downey Jr. como o Sherlock Holmes mais recente, e para quem não sabe, o Personagem House daquela célebre série de tv foi baseado em Holmes (ninguem tinha percebido isso? serio?)

Por quê você deve ler?

     É uma ótima leitura, que agrada á todas as idades, além de ser atemporal, ou seja, os acontecimentos podem ser transferidos para os tempos de hoje. É uma obra rica, que entrete o leitor sem ser apelativa, ou sem se valer de modinhas (como muitas histórias  tem feito hoje em dia). A sua originalidade é imbativel!
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"Uma noite, apenas" , por Desouza

UMA NOITE, APENAS...

...Te esperei por muitas horas, até que adormeci
Mas deixei a janela entreaberta
Apaguei a luz, ficou uma suave penumbra
E começaram os meus sensuais sonhos...

Você, em meneios, cruzou a janela
Tão menina, tão bela
Enlaçou-me em seus encantos profanos
Sua pagã, sou teu plebeu
Pedinte e insano...

Suas pernas prendiam-me em teu corpo
Sem fôlego, gemíamos o nosso prazer
Fora até o entardecer
Um crepúsculo para amantes...

Foi quando suado eu acordei
Ventava, mas sentia um calor
Percebi que não estava sozinho
Sentia o desejo de um amor...

Alí estava você...a minha dor..!