Este é o terceiro capitulo da fanfic "Pesadelos Diurnos, Desenhos Noturnos" , baseada em Hannibal, a série.
Este capitulo é mais curto, mais angustiante, e demorei muito para deixar ele bom. Desculpa ai. kkk. Agora vou começar a contar mais sobre Will e os porquês de tudo isso.
Obs - Hannibal não é manipulativo, ele só está curioso sobre Will no momento. Ele vai começar a desenvolver um instinto protetor em relação á Will nos proximos capitulos.
Para não se perderem, leiam o Capitulo 1 e o Capitulo 2 .
Deixem comentários!!!!
"Pesadelos Diurnos, Desenhos Noturnos"
Capitulo 3
Hannibal não
conseguiu disfarçar seu olhar impressionado com a imagem que via a sua frente.
Os dois braços de Will desde o pulso até o antebraço, bem como boa parte de seu
peito tinham tatuagens. Numa primeira olhada, ele podia afirmar que algumas
eram muito mal feitas, outras bem feitas (provavelmente
as feitas por Alana). Will estava visivelmente desconfortável, mudando o
peso de uma perna para outra e inconscientemente cobrindo o peito com os
braços, abraçando a si mesmo.
Para
alguém que tinha Afefobia segundo Alana disse, Will tinha muitas tatuagens, isso não era normal. Era interessante ver que
alguém que tinha tamanho medo de ser tocado se deixasse machucar assim. Alana
não havia dado detalhes dos “porquês”
de Will, mas ele estava mais do que interessado em descobrir.
Hannibal
estava ao lado do carrinho auxiliar, relutante Will deu dois passos para frente,
aproximando-se de Hannibal, sem manter o contato visual. Sem dizer nada
Hannibal pegou o algodão com álcool e passou no ombro esquerdo de Will, uma vez
que no ombro direito já havia uma carpa. Mesmo seu toque sendo o mais gentil
possível, Hannibal percebeu que Will se encolheu, respirou fundo e fechou os
olhos. Ele também percebeu que os punhos de Will estavam cerrados. O tatuador
se virou e pegou o desenho já preparado e o pressionou sobre a pele do ombro de
Will que continuava a desviar o olhar e a tentar esconder o máximo que podia de
seu peito desnudo.
Depois
de pressionar o papel, Hannibal o retirou, revelando o desenho de um cachorro,
um desenho feito a partir de uma foto que o agente do FBI trouxera. Ele ficou
observando o desenho em linhas roxas deixados pelo carbono. Haviam algumas
falhas, mas que ele arrumaria com uma caneta própria.
-
Tudo bem William? – Hannibal perguntou ao se virar outra vez para pegar a
caneta. O garoto havia prendido a respiração quando ele aplicara o algodão com
álcool e até agora estava segurando o ar, tenso.
-
Ah... sim, estou. – ele respirou finalmente e Hannibal sorriu.
-
Parece nervoso. Não é como se nunca tivesse feito isso antes. – ele se virou outra
vez para Will que tinha uma expressão no mínimo ofendida.
-
É, eu só... – ele tentou dizer mas antes que percebesse, Hannibal já estava
invadindo seu espaço outra vez para retocar os contornos do desenho no ombro
dele. Will engoliu em seco e outra vez se encolheu levemente. - ... deixa pra
lá.
Will
desviou o olhar para o outro lado da sala, focando sua atenção no armário de
portas de vidro com os vários frascos, pondo-se á conta-los. O tatuador sorriu
e ele nem viu.
-
Belo cachorro. É seu? – Hannibal começou á falar para puxar assunto e Will
percebeu que ele estava fazendo isso para distraí-lo enquanto ele fazia os
traços finais. O agente do FBI imaginou se ele parecia tão incomodado assim.
-
É. - ele respondeu um tanto mecânico – Meu cachorro Winston.
-
Ele morreu? – ele perguntou de repente, como alguém pergunta “quer café?”, pegando Will de surpresa.
-
Não, ele está vivo. Bem vivo, aliás. Por que a pergunta? – perguntou intrigado.
-
Normalmente, os donos fazem a tatuagem do bicho de estimação quando este morre.
– ele respondeu com seu tom calmo sem se distrair de seu trabalho.
-
Ah. – ele disse sem jeito.
-
Você deve gostar muito dele então. – ele se afastou e observou o desenho. – Já
terminei, é assim que vai ficar. Está bom assim?
Hannibal
apontou para um espelho grande que ficava perto do aparador. Will engoliu em seco
outra vez e caminhou até o espelho. Ele tentou olhar apenas para o desenho de
Winston em seu ombro e não para as outras tatuagens em seu corpo.
Ele
havia falado tanto de Winston para Alana que ela queria ver o tão famoso
cachorro. Ele tirara a foto com seu celular e a mostraria para Alana assim que
fosse ao seu estúdio. Tatuar a foto de seu cachorro não era exatamente o que
tinha em mente quando acordara aquela manhã, mas era melhor do que tatuar algo
sem sentido. Já que estava lá para sentir dor, que fizesse algum sentido. Todas
as suas tatuagens faziam sentido, mesmo que ele evitasse olhar para elas, e só
ele via o sentido nessa bagunça. O desenho de Hannibal estava bem feito, com
traços fortes e precisos e acreditava que a posição estava boa. “Você é um idiota, sabia disso Will?” o
agente do FBI pensou. “Você não vai parar
até não se reconhecer mais no espelho.”
-
Está ótimo. – Will respirou fundo.
Este
tempo todo ele estava olhando para seu ombro no espelho e não percebeu que
Hannibal se aproximara até sentir a mão dele em seu ombro. Diferente de quando
ele estava antecipando o toque e apenas se encolhera, agora de surpresa ele
literalmente dera um pulo de susto.
Hannibal não pode negar que ficara
no mínimo surpreso com a reação de Will. Ele imaginara que ele talvez o rapaz se
encolhesse de novo, mas não que pulasse como um gato. Ele observava intrigado
como o rapaz se encolhera quase como uma criança, abraçando a si mesmo e se
encostando na parede mais próxima, com pupilas dilatadas, tremor nas mãos e
respiração descompassada, um verdadeira ataque de pânico. Não imaginava que o
problema de Will fosse tão grave. Ele era interessante demais, o cliente mais
interessante que já cruzara sua porta. Compreendendo os limites do momento,
Hannibal dera um passo para trás, dando espaço ao rapaz que parecia se acalmar
aos poucos.
Will
sentia seu coração desacelerar aos poucos e foi se acalmando. Era horrível sentir
que todo o toque direcionado á ele era com a intenção de machucar, mesmo quando
era algo tão inofensivo como o toque de Hannibal em seu ombro. Sentia raiva de
si mesmo por ser tão fraco.
Olhou
para os olhos de Hannibal por um instante outra vez. Ele tinha uma expressão no
máximo, curiosa. Ele não parecia estar catalogando Will no Hall das Esquisitices de seu estúdio, como os tatuadores anteriores
fizeram, e nem tinha o olhar de pena mal disfarçada de Alana. Will deixou o
olhar vagar pela sala, envergonhado por sua reação abrupta. O tatuador estava
distante o suficiente para não assustá-lo, mas próximo o suficiente para se
fazer presente.
-
Desculpe, Sr. Lecter. – ele conseguiu dizer depois de um tempo e com voz trêmula.
-
Eu que peço desculpas, William. – ele respondeu em tom baixo. – Não era minha
intenção assustá-lo.
-
Não é sua culpa que eu... – ele hesitou – Bem, espero que não se importe que
seu cliente seja um pouco instável.
-
Instabilidade é um ponto de vista. – ele respondeu com um sorriso. – Mas se você
precisa de um minuto...
-
Não, eu estou bem. Vamos começar logo com isso. – ele esfregou a ponta do nariz
nervosamente e deu alguns passos em direção á cadeira estofada reclinável e
sentando-se.
-
Como quiser. – Hannibal sorriu.
Hannibal
pensou em Will como uma vitima de um sacrifício em um ritual medieval, sabendo
o que aguardava e mesmo assim indo em frente, com medo mas indo em frente. Uma
imagem interessantíssima. Ele sentou-se no banco ao lado do carrinho auxiliar e
começara a colocar as luvas de látex de cor preta. Ele ligou a maquina e
percebeu com a visão periférica que Will fechara os olhos e balbuciava algum
tipo de mantra.
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