domingo, 13 de outubro de 2013

5

Trecho de "Boa Noite, Sam"

      Olá Leitores, Saldades???
      Então, esse não é o segundo capitulo, é um trecho que eu acabei de escrever dessa minha obra em andamento, "Boa Noite, Sam" e eu quiz compartilhar com vocês. Podem encarar como spoiler, mas tudo bem, afinal já comecei o livro do final mesmo, todo mundo que leu o prefácio já sabe o que vai acontecer kkkk. Esse trecho vai ser encaixado lá na frente da história, bem lá na frente, mas nãoé o final, mas o começo do final. entenderam???
      Em fim, leiam esse trecho, achei que ficou muuito bem, mas aceito opiniões construtivas (mesmo com os comentários positivos, estarei surda - ou cega - á qualquer "não mata o Sam, por favor" kkk.)

"Boa Noite, Sam"
Trecho 1

       Maggie olhava para o rosto de Sam que dormia profundamente. Ele estava tão pálido, tão abatido. As olheiras estavam mais aparentes e ele nunca lhe parecera tão frágil. Sam respirava devagar e pesadamente, ele se mexeu um pouco e franziu a testa, ele estava com dor.

        Deixe-o ficar”, uma parte dela lhe dizia (a parte egoísta, e ela sabia disso). “Você consegue fazer isso, você pode transformar esses últimos dias nos dias mais felizes da vida dele. É o que ele quer. Abrace-o e diga que vai ficar tudo bem e continue assim até que o momento chegue. Você consegue, você é forte por você e por ele.”

       Mas Maggie não era forte, pois a parte racional dela lhe dizia outra coisa. Ela sabia o que tinha que ser feito. Ela o amava muito, com todo seu coração e sua alma, mas Maggie não podia mais. Não podia mais ficar parada e ver ele se machucar assim, isso não estava certo. Sam não voltava para o hospital por causa dela e o amava demais para deixar que ele sofresse por causa dela. Ela não valia o esforço. Ela já havia tomado sua decisão.

       Com cuidado para não acordá-lo, Maggie se levantou da cama e pegou suas roupas que estavam no chão e começou a se vestir silenciosamente. Ela olhou mais uma vez para ele deitado na cama antes de sair pela porta de seu quarto, fechando-a atrás de si. Encontrou sua bolsa no sofá da sala, bem onde a havia deixado mais cedo. Abriu a bolsa e mexeu lá dentro procurando um determinado papel, que ironicamente ela não demorou a encontrar na bagunça que era sua bolsa.

       É o certo”, ela pensou antes de pegar seu telefone celular da mesma bolsa. Ela tremia enquanto discava o numero de William Olsen. “Sam vai me odiar, mas é o certo.”

 

       Sam acordou com Maggie acariciando seus cabelos. Ele respirou fundo, seu peito doía ainda e ele demorou um pouco para abrir os olhos. Ele sorriu ainda sonolento, e quando ele finalmente abriu os olhos, seu sorriso de desvaneceu, pois Maggie olhava para ele com olhos vermelhos e inchados.

       - Maggie...? – ele sussurrou intrigado e não pode evitar pensar que algo estava errado.

       - Oi amor. – Maggie forçou uma expressão alegre sem sucesso.

       - Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou sentindo sua pulsação acelerar pela ansiedade. Havia alguma coisa errada.

       - Você pode vir até a sala comigo? Tem alguém esperando para te ver. – ela disse em um tom que Sam conhecia muito bem, era o mesmo tom que sua mãe usava quando ele era criança para explicar que ele tinha que voltar para o hospital.

       - Quem? – ele perguntou intrigado.

       - Apenas venha. – as palavras de Maggie soaram trêmulas.

       - Mas, Maggie... – ele tentou protestar de alguma forma, mas ela desviou o olhar de seus belos olhos azuis e se afastou, pegando sua calça jeans do chão.

       Sem dizer mais nada, Maggie o ajudou a se levantar e a se vestir, primeiro a calça jeans, depois a camisa e o sweater preto de moletom. “Tem algo errado!” sua mente gritava. Sam sentiu isso no modo como ela evitava seu olhar. Ele tentou se aproximar dela e beijá-la quando ela fechava o zíper da peça de roupa, mas ela o impediu empurrando-o delicadamente. “Tem algo muito errado!”.

       O casal saiu do quarto em silêncio e Sam sentia que estava caindo em um buraco sem fundo. Ela amparava o garoto que estava fraco demais e o garoto realmente teria caído no chão se ela não o estivesse segurando forte pelo braço quando ele viu a cena que se apresentava na sala de estar daquele apartamento.

       - Olá Samwise. Como está? – William disse sem fazer esforço em esconder seu sorriso vitorioso, mas fracamente mascarado pelo tom consternado de suas palavras.

       William estava lá parado no meio da sala, vestido com um terno azul escuro impecável, como sempre. Seu irmão Stephen estava lá também, andava de um lado para o outro ansioso, mas ainda com a mesma expressão de seu pai. Havia mais dois homens que ele não conhecia parados do lado de fora da porta da frente do apartamento que estava aberta. Eles tinham jeito de enfermeiros e ele começou a suar frio.

       - O quê está fazendo aqui? – Sam perguntou em um tom baixo, quase um sussurro.

       - Eu vim para leva-lo para casa, filho. – William disse naturalmente, como se Sam fosse uma criança fazendo uma pergunta idiota. – Talvez para o hospital, o Dr. Tyler está indo para lá para te examinar.

       - Não! – Sam deu um passo para trás, procurando a segurança dos braços de Maggie e agarrou o antebraço da moça que estava ao seu lado com força. – Eu não vou voltar com você! – ele tremia.

       - Sam, não torne as coisas mais difíceis do você já tornou. – Stephen disse intervindo. – Está vendo aqueles caras logo ali? – Stephen apontou para porta e para os dois homens desconhecidos. - Não queremos ter que recorrer á eles para te arrastar até lá embaixo, mas iremos se você não cooperar.

       - Vocês não podem fazer isso comigo! – ele gritava - Não sou nenhuma criança fujona, não sou nenhum viciado e vocês não podem me obrigar á ir contra a minha vontade!

       - Quer apostar? – Stephen disse ameaçador e fez menção de se aproximar do irmão, mas William o impediu com um meneio de cabeça, o que foi suficiente para Stephen olhar para mais uma vez para Sam antes de se afastar em direção á porta. 

       - Sam, seu irmão tem razão. Não queremos ter que te machucar, mas você virá conosco, quer você queira ou não. Simples assim.

       - Maggie... – ele se virou para a namorada que ele percebeu que segurava o choro. Ambos se olharam por um momento, os olhos de Sam eram suplicantes. – Maggie, diz para ele ir embora, que esta é a sua casa, que ele não é bem vindo aqui. – lagrimas quentes rolavam pelo rosto dele em desespero – Não deixa ele me levar!

       - Sam... – ela começou e sua voz era tão baixa que ele não teria escutado se não estivesse tão perto. – você está muito doente... esse não é o melhor lugar para você. – Ela esfregou os olhos – Mas que droga, Sam! Seu coração pode parar de bater á qualquer momento e eu não quero que seja por que você escolheu ficar aqui comigo do que ir para um hospital. – ela soltou de uma vez o sentimento que estava entalado em sua garganta. – Simplesmente não posso lhe dar com isso. Seu excelentíssimo pai ali veio para te levar... e você vai com ele.

       - Oque? – ele perguntou. Ele não piscava, ficara olhando para ela com uma expressão que ela jamais esqueceria. – Oque? – ele disse de novo, mas ele sabia o que isso significava, ele só não acreditava.

       Ela desviou o olhar para William e seu odioso meio sorriso, voltando á encarar o garoto.

       - Eu não posso ficar parada enquanto você se machuca por minha causa, eu não valho a pena. – ela respirou fundo.

       - Claro que vale á pena! Eu te amo! Por favor, Maggie! – ele segurou seu braço mais forte e chorava – Não deixe ele me levar!

       - Ela vai deixar, sabe por quê, irmãozinho? – Stephen se intrometeu outra vez – Por que foi ela quem nos chamou até aqui.

       Sam olhou para o irmão por um instante, então voltou á encarar Maggie. Seu rosto estava branco, lagrimas silenciosas escapavam de seus olhos e por um momento ele pareceu não respirar. Maggie sabia que Sam estava se sentindo magoado, traído. Ele olhava para ela como se ele tivesse uma adaga no coração, e Maggie sabia que fora ela quem o esfaqueara e por consequência, ela própria sentia a adaga.

       A força com a qual ele segurava seu braço foi diminuindo, até que ele deixou seu braço cair como uma pedra ao seu lado, ainda olhando para ela com aquela expressão.

       - Você não fez isso. – ele murmurou.

       - Ela só está pensando no seu bem, assim como todos nós aqui. – ele ouviu a voz de William bem perto dele. Seu pai havia se aproximado e ele nem percebera. – Sam, - William colocou uma mão no ombro do filho – Venha comigo. Como ela mesma disse, esse não é lugar para você. – William disse gesticulando com a mão. - Eu sei que ela deve ter a melhor das intenções, mas ela não pode cuidar de você como eu posso. – havia sarcasmo naquelas palavras, Maggie podia sentir, mas também havia verdade.

       Sam parecia que ia ter um colapso ali mesmo. Ele respirava com dificuldade e por um momento ele piscou varias vezes muito rápido, como que para focar a visão. Ele olhou outra vez para Maggie.

       - Por favor...

       - Estou cansado disso! – Stephen disse exasperado se aproximando da porta.

       Ele fez um sinal com a cabeça e os dois homens que esperavam pacientemente do lado de fora do apartamento de Maggie entraram pela porta e se aproximaram de Sam que instintivamente deu alguns passos para trás desesperado. Cada um agarrou um braço do garoto que começou a se debater.

       - Não! – ele gritou da forma que podia devido á dor que sentia. – Não! Maggie! – ele implorou e ela chorava tanto que soluçava.

       Ele tentava se desvencilhar das mãos que o seguravam, mas eles eram mais fortes e o imobilizavam.

       - Não! – Sam chorava.

       - Não o machuquem. – William avisou. – Levem ele até o carro lá embaixo.

       Os dois enfermeiros o arrastavam delicadamente para fora do apartamento e Stephen os seguiu, deixando William e Maggie sozinhos. Ela ainda podia ouvir Sam implorando para que ela o ajudasse.

       - Está contente, está satisfeito agora? – ela disse com um olhar que só poderia ser descrito como um olhar de ódio.

       - Ainda não. – ele rebateu com um sorriso vitorioso. - Só estarei satisfeito quando ele esquecer essa ideia ridícula de “o amor me salvará”. Ele não é emocionalmente capaz de perceber esse joguinho que você está fazendo, mas eu sou. – ele se aproximou dela com um andar arrogante – E não vou sossegar até que Sam esteja á salvo comigo debaixo do meu teto ou internado que seja, mas de qualquer forma, longe de você.

       Maggie cuspiu na face de William.

       - Você é um filho da puta. – ela o viu sorrir antes de limpar o rosto com um lenço do paletó. Se alguém aqui está machucando ele, esse alguém é você.

       Ela se afastou de William e correu para a porta. Ela ainda podia ouvir os berros de Sam sendo arrastado escada abaixo. Ela desceu as escadas correndo, tentando ignorar a dor em seu coração. Ela odiava William e Stephen, com todo o seu ser e não podia acreditar que Sam, á quem amava tanto, fosse membro dessa família odiosa.

       Ela não os encontrou na escada, já estavam do lado de fora do prédio, e quando ela saiu do prédio também, ela teve tempo de ver Sam sendo empurrado pelos dois enfermeiros para perto do carro preto de Stephen. Um deles entrou no carro, no banco de trás e o outro empurrou Sam para dentro, de novo sem muita delicadeza, antes de entrar também e fechar a porta, impedindo que o garoto chegasse a ambas as portas traseiras. O homem loiro esperava encostado na porta do motorista com os braços cruzados, como se estivesse entediado. Quando ele a viu, ele bufou e se afastou, começando a andar pelo meio fio. Quando Sam a viu, ele tentou sair do carro, debatendo-se, mas mais uma vez foi contido pelos enfermeiros.

       Um nó do tamanho do mundo se formou na garganta de Maggie. Que se aproximou da janela e bateu nela de leve, para que o enfermeiro a abrisse. Quando este o fez, ela se inclinou para ver que Sam soluçava.

       - Está tudo bem, Sam. – ela disse controlando sua voz – Eles vão cuidar bem de você. Você vai ficar bem de novo e vai voltar para mim. – ela disse com um convicção que ela não tinha. – ele não dizia nada, só soluçava. – Eu te amo, não se esqueça disso.

       Tomando isso como uma deixa, o enfermeiro levantou o vidro do carro dando a conversa por terminada.

       - Já acabou com o momento novela? – ela ouviu Stephen dizer e sua voz estava bem perto dela, ele havia se aproximado e ela não percebera que ele estava bem atrás dela.

       Sem pensar duas vezes, ela se virou e investiu um soco de punho fechado bem no nariz de Stephen, que se desequilibrou e caiu no chão, levando as mãos á face que já estavam ficando vermelhas com o sangue que saia do nariz quebrado.

       - Sua vadia! Você quebrou meu nariz! – ele se contorcia no chão.

       - Ouça bem. – ela se abaixou, puxando ele pela gola da camisa para ficarem no mesmo nível de visão. O nariz dele estava torto e sangrando muito. – Eu vou visitar ele quando eu quiser, e você não vai me impedir. – ela dizia seríssima - Se eu ver qualquer coisa errada, se eu descobrir que vocês não estão cuidando bem dele eu falo duas palavras com uns parceiros meus, e você vai achar que esse nariz quebrado é apenas cócegas perto do que eles vão fazer com você. Fui clara? – ela sibilou.

       Stephen apenas balançou a cabeça afirmativamente. Ela se levantou e se afastou daquele homem deprimente que também se levantava procurando apoio no carro.

       - Você pode ir visita-lo se quiser. – Stephen disse com voz anasalada. – A pergunta, é se ele vai querer te ver.

       Com isso ele tirou um lenço do bolso e o pressionou em seu nariz. Nesse momento, William saíra do prédio. Sem dizer nenhuma palavra, William passou por Maggie que ainda estava ali parada no maio fio. Ele se aproximou de Stephen e tirou a mão do homem loiro que pressionava o ferimento. O homem examinou o nariz do filho por um momento.

       - Que bagunça. – ele ponderou – Mas você mereceu.

       Ele apenas esticou a mão, requisitando a chave do carro. Stephen tirou a chave do bolso de seu casaco e a estendeu ao seu pai que a tomou e abriu a porta do motorista, entrando em seguida. Stephen deu a volta e acomodou-se no banco do carona.

       Maggie ouviu o som do carro sendo ligado e virou de costas, não queria ver Sam sendo levado, mas ela se não tivesse se virado, teria visto o garoto olhando para ela derrotado através do vidro.

       “- Está feito. Ele me odeia.” – ela pensou antes de entrar outra vez no prédio, só para se sentar no primeiro lance de escadas e começar a chorar como uma criança.


5 comentários:

  1. Oi Flor, Adorei o blog
    seguindo
    Beijos
    Chai

    http://chaianefim.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Lindo, profundo, arrebatador, emocionante... Sem palavras, Nat. Vou até colocar um trecho no meu face e dou os créditos. Bjos.

    www.batmangypsy.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. Nossa , adoorei! O livro vai ser uma maravilha .. :)

    maquiagenseseusafins.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  4. Oi flor, que lindo, gostei bastante. É muito envolvente, dá vontade de continuar lendo rs beijos

    Blog Fashion e Bella
    www.fashionebella.com.br

    ResponderExcluir
  5. nossa que talento ,vc escreve muito bem ,meus parab´nes

    ResponderExcluir