sábado, 22 de setembro de 2012

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"Sebastian" , capitulo II , por Natalia de Oliveira

Parte I
Capitulo II
"O que não mata deixa forte"
 

       Chandler estava tendo um pesadelo terrível que na verdade começara como um sonho normal. Sonhava que andava calmamente por um vasto campo.  Andava, andava, e cada vez mais o campo parecia se transformar num deserto, um lugar árido, seco.  Então, lá na frente vira uma coisa, algo que não sabia o que era, mas que deveria se aproximar e ver. Conforme foi andando, viu que três corvos rodeavam a coisa, pulavam sobre ela e a beliscavam com seus bicos finos e vorazes.

       Não podia se controlar, tinha que ver o que era, aproximou-se o bastante e percebeu que se tratava de um cadáver.  Estava de bruços e os corvos já haviam comido boa parte de suas costas. Notou então com surpresa que o homem morto usava as roupas de Kevin. Foi tomado por um medo que nunca havia sentido antes. Sabia oque tinha que fazer, mas tinha medo de descobrir que aquele cadáver descomposto fosse seu pai. Mas tinha que se certificar. Aproximou-se mais e ajoelhou-se ao lado do corpo, o odor de carne apodrecida era insuportável. Prendeu a respiração e com força virou o corpo para si e viu que era mesmo Kevin. Os olhos abertos totalmente brancos, a pele já azulada e ferimento á bala na testa não deixavam duvidas.

       - “Pai. . .” – chorava ao ver seu pai morto.

       - “Filho. . .” – disse Kevin de repente com voz cavernosa.

       Chandler largou o corpo que abraçava, caindo para trás sentado enquanto via Kevin erguer-se e avançar cambaleante em sua direção, enquanto tentava afastar-se daquela criatura ainda sentado e horrorizado.

       - “Olha pra mim, olha o que ele fez comigo.” – disse com uma voz cavernosa.

       - “Não!” – gritou fechando os olhos.

       - “Ele me matou, filho. Ele fez de mim comida para os vermes e isso não é nada legal. . .” – ele continuava, mas ai a voz mudou.

       - “Você se ferrou de vez, pirralho.” – Chandler ouviu uma voz diferente e abriu os olhos, via agora no lugar de seu pai, Robert, o assassino, com um sorriso zombeteiro.

       - “Cala a boca!” – gritou em resposta.

       - “Ah, espere para ver, sua vida vai ser um inferno, e está só começando.” – dizia rindo, mas rindo com vontade.

       Nesse momento Chandler acordou assustado e com uma baita dor de cabeça por causa da coronhada. Olhou em volta. Estava num tipo de contêiner e percebeu que estava em movimento. Talvez estivesse em um caminhão ou algo assim, também havia varias caixas de papelão á sua volta. Notou também e com surpresa que seus pés e suas mãos estavam amarrados com cordas. Ficou desesperado. Arrastou-se até oque poderia ser chamado de parede e começara a socar com força.

       - Ei, abram, me deixem sair! – gritou.

       Mas ninguém ouviria, decidiu parar, ficar quieto, poupar oxigênio em meio às caixas. Não sabia há quanto tempo estava ali desacordado nem quando parariam. Só então começou a entender tudo oque havia acontecido. Seu pai estava morto e ele, indo amarrado rumo a algum lugar desconhecido.

       Robert Murphy, Robert Murphy.

       O nome ecoava em sua cabeça, ele era o causador de todo esse mal. Aquele desgraçado matara seu pai sem piedade. Bem que Kevin havia o avisado que aquela família era do mal. Tiraram a única coisa que ele tinha na vida. Começara a chorar em desespero, isso não podia estar acontecendo. Sentia-se tão culpado agora, porque não se mexera antes? Poderia ter evitado tudo isso, quem sabe? Estava sozinho na vida.

       Neste momento o caminhão parara e as portas foram abertas, Chandler ficou apavorado e antes que percebesse, varias pessoas entravam dentro do contêiner. A luz que entrava fazia aquelas pessoas parecerem sombras e isso não ajudava. Como estava lá no fundo do contêiner, dois deles andaram até ele e o pegaram, arrastando-o para fora. Era de dia, embora o tempo estivesse chuvoso, a luminosidade fez seus olhos arderem. Começava a se molhar com a chuva e vários homens o rodeavam curiosos. Deu uma boa olhada no lugar e viu com espanto que se tratava de um Porto: navios, contêineres, caixas e mais caixas, empilhadeiras e o mar á sua frente. Mas por que raios estava num porto?

       - Olhe só para ele. – um dos homes disse, era moreno, usava um terno bom, destacando-se dos outros que usavam calça jeans rasgadas, e camisas sujas. Destacava-se também pelo sotaque estrangeiro. – É mesmo uma bela mercadoria, meu patrão vai gostar muito.

       - Oque? – Chandler perguntou. – Oque quer dizer?

       Todos os marinheiros que o rodeavam riram dele, não entendera exatamente o porquê, nem a razão de estarem rindo. O que estava acontecendo?

       - Coitadinho, deixa-me explicar: - o homem aproximou-se, abaixou-se e sussurrou em seu ouvido. – vamos fazer uma pequena viagem, você e eu.

       - Como assim?

       - Vai saber quando chegar lá.

       O homem fez um sinal com a cabeça e dois daqueles marinheiros pegaram Chandler pelo braço e o arrastaram até uma caixa de madeira que estava aberta, era grande, e notara que caberia lá dentro.

       - Não! – começara a gritar quando percebeu que iam coloca-lo na caixa.

       Embora o garoto esperneasse, os dois homens eram bem mais fortes do que ele e o colocaram com facilidade na caixa, então viu aquele estrangeiro se aproximar segurando uma sacola.

       - Para o caso de sentir fome. – disse ao jogar uma sacola dentro da caixa, antes de colocarem a tampa e a lacrarem.

       Chandler gritava e se debatia na caixa, inutilmente, porque estavam fazendo isso com ele? Cada vez mais se sentia impotente frente aos acontecimentos não sabia oque estava por vir, tudo oque desejava era que acordasse e visse que isso tudo era um pesadelo.

       Sentiu que a caixa era levantada e que se movia e pôde perceber oque acontecia. Colocaram a caixa em outro contêiner e o embarcaram em um navio que descobriria mais tarde, em direção á Europa.

       Por muito tempo ainda Chandler gritara e debatera-se dentro da caixa de madeira, tanto que ficara exausto e tudo o que conseguira foram seus cotovelos arranhados. Entendera que esse seria seu destino, ninguém iria ajudá-lo, não mais. Seja lá oque fosse acontecer daqui para frente, estaria sozinho e teria de se acostumar com isso. Realmente sua jornada de sofrimento estava apenas começando.

       Chandler não sabia quanto tempo exatamente se passara desde que fora trancado dentro da caixa, pareciam dias. Ele estava com fome, e aquela sacola que aquele estrangeiro jogara continha apenas dois pães velhos. Estava dolorido, estava com sede, e estava sem esperança. E quando achou que eles haviam esquecido ele naquele contêiner, ouvira um som que se assemelhava ao de portas sendo aberta, então a caixa que ele estava foi bruscamente levantada e percebeu que era carregado para fora do contêiner. Era dia, viu pelas frestas os raios do sol. A caixa fora colocada no chão e com golpes bruscos e rápidos a caixa fora aberta.

       O garoto de inicio cobriu os olhos com as mãos por causa da claridade e braços fortes o arrancaram da caixa. Ele ainda estava amarrado e com fome, mal conseguia manter-se em pé, só conseguia ouvir vozes em uma língua diferente. Assim que seus olhos acostumaram com a claridade pôde ver que estava em uma espécie de galpão onde havia vários contêineres e vários homens que o olhavam, inclusive aquele estrangeiro do porto, mas não era esse que lhe chamava a atenção.

       Havia um grupo de homens mais á frente, próximos a uma limusine. Usavam ternos, casacos, fazia muito frio. Notou certas saliências que sabia serem armas. Em sua maioria pareciam capangas, como Ike e os outros lacaios de Robert, todos menos um. Este usava: um casaco, óculos escuros, era moreno como os outros e ao vê-lo lembrou-se imediatamente de seu algoz, pois tinha o ar arrogante e uma presença que os demais pareciam respeitar, e um jeito até intimidador, como gente dessa espécie tem. Não gostou dele logo de cara e para seu desespero estava sendo conduzido até ele. O homem tirou os óculos e revelara um par de olhos de um tom que nunca havia visto antes, um castanho avermelhado muito exótico e profundo. Ele aproximou-se com um sorriso estranho.

       - Bem vindo á Itália. – disse o homem.

       - Itália? – Chandler sussurrou para si mesmo. Não podia estar tão longe assim de casa.

       Olhou em volta, tanta gente diferente, um lugar desconhecido e desconfortável, queria fugir, queria voltar e não tinha como, estava em outro continente. Sentiu-se muito mal, tudo mudara rápido demais para que pudesse assimilar. Enquanto ainda tentava digerir essa notícia, aquele homem começara a rodeá-lo analisando-o com um olhar atento, então se deteve á sua frente e tomara seu rosto numa das mãos.

       - Belo menino. - disse ele – É mesmo muito belo.

       - Quero voltar pra minha casa agora!- protestou afastando-se.

       - Ah, é americano, já tinha me esquecido. – aproximava-se.

       - Quero voltar! – insistia.

       - Mas já? Por quê? Não gosta da Itália? – disse cínico. – Mas antes de continuarmos, permita-me. . .

       Tirou da cintura, do lado das costas, escondido pelo casaco, um punhal. Era de prata, com pedras vermelha incrustradas na base, uma peça linda. Chandler quis afastar-se, mas os brutamontes que o trouxeram o seguravam. O levaram até a Itália para ser morto? Começara a tremer.

       - Está com medo? – riu.

       Aproximou-se mais e então, quando o garoto já se preparava para o ataque o homem inesperadamente pegara suas mãos que estavam amarradas e com rapidez cortara as cordas que o prendiam, repetindo o ato nos pés, deixando Chandler surpreso.

       - Entre no carro. – disse colocando o punhal onde estava antes.

       - Como sabe que eu não vou fugir? – enfrentou.

       - Não vai. – indicou com o dedo os homens atrás dele.

       Engoliu em seco, não tinha escolha. Entrou no banco de trás e aquele homem também. O carro deu a partida e puseram-se a andar pelas ruas de Nápoles. Sentaram-se um de frente para o outro. Chandler não gostava do modo como ele o olhava, como se fosse um presente que havia ganhado, tentava desviar o olhar daqueles olhos avermelhados, mas eram tão penetrantes.

       - Será que agora você pode me explicar o que está acontecendo?

       - Calma, nem ao menos nos conhecemos ainda. - disse educado. – Permita-me, sou Don Giovanni Ballester. – era distinto, refinado e sedutor. – E você?

       - Chandler Desmont. – respondeu rápido.

       - Não há motivo para grosseria, meu caro Desmont. Fez boa viagem?

       - Se você acha passar fome dentro de um caixão desconfortável “boa viagem”, então é, eu fiz uma boa viagem.

       Don Giovanni riu com gosto.

       - Desculpe o transtorno, mas entenda, os policias do porto estão começando a ficar rigorosos em relação á certos tipos de mercadoria importada. . .

       - Eu não sou uma mercadoria. – o interrompeu.

       - Ah, é sim. – Don Giovanni o encarou. – Eu o comprei.

       Chandler ficou paralisado. Robert Murphy o vendera como se fosse um animal, ficou zonzo, isso não estava acontecendo.

       - Isso não é verdade. . . – sussurrou, não queria acreditar.

       - É sim. Agora é meu, caro Desmont, como outros antes de você.

       - Há outros? – perguntou ainda sob o efeito do choque.

       - Tenho vinte garotos que eu comprei, assim como você, meninos e meninas. – dizia calmo vendo a expressão horrorizada de Chandler. – Surpreso? – deu de ombros – Vai se acostumar com a ideia, todos se acostumam, mais cedo ou mais tarde. – a calma dele era incrível. – Até eu.

       - Até você?

       - Sim, eu também fui vendido quando tinha sua idade. – riu – Como vê, o que não mata deixa forte, e é bom não morrer, querido. Pelo menos, não até me dar algum lucro.

       Não acreditava a que ponto chegara. O que seria de sua vida agora? Ficou desesperado, olhou para os lados, estava preso, mais preso do que estava quando estava preso dentro da caixa. Don Giovanni era mais do que perigoso, era poderoso. Fora vendido a um homem que já tinha vinte como ele, começara a chorar desesperadamente com o futuro que se anunciava.

       - Não chore. – tirou do casaco um lenço branco e aproximou-se limpando o rosto do garoto. – Nunca deixe que pensem que pode ser derrubado, demonstre sempre fortaleza, e tudo ficará bem.

       Don Giovanni o olhava com ternura agora e esse foi o primeiro de vários conselhos que ele lhe deu. Naquele momento não pode deixar de aceitar que aquele homem era estranhamente acolhedor, tentando consolá-lo com aquelas palavras. Ele estava certo, já que não havia saída, tentaria ser forte para aguentar o que a vida lhe reservasse. Foi ali, naquele carro, ao ouvir as palavras de se “dono”, que jurou para si mesmo, pelo sangue derramado de seu pai, que um dia iria olhar para o cadáver ensanguentado de Robert Murphy e iria sorrir.

       Depois de terem passado num restaurante (Chandler estava quase desmaiando de fome) a limusine seguiu para o centro da cidade, lugar de casarões enormes, lindos, mas para Chandler não significavam nada, estava meio que entorpecido ainda pela nova realidade. O carro parou em frente a um desses casarões. Era branco, estilo bem antigo, um belo jardim na entrada, uma casa magnífica, cara, pelo visto. Ao saírem do carro, Chandler ficara admirado com a imponência da construção e teve uma ideia da situação financeira de Don Giovanni. Os seguranças abriram os portões e entraram pelo jardim. Já era de noite e era uma visão um tanto sombria estar ali á luz do luar.

       Entraram pela porta principal. O Hall era grande e bem decorado e a sala mais ainda, bem iluminada por um imponente lustre bem no centro. Tinha sofás brancos muito finos, vasos com flores na mesinha de centro e nas estantes. Tinha vários quadros nas paredes. Tinha que admitir: Don Giovanni tinha bom gosto.

       - Frequentemente dou festas aqui, como vê, é uma sala bonita. – disse ele – mas falamos disso depois.

       Os seguranças ficaram na sala enquanto Don Giovanni e Chandler seguiam até uma escada que levava até o segundo andar, juntamente com outro homem que não conhecia. Enquanto subiam, Chandler via na parede várias fotos emolduradas, de homens, mulheres, que pareciam ser amigos de seu dono, em festas em que estiveram, e de crianças, suas crianças compradas. Ao pensar nisso, que logo haveria uma foto sua naquela parede, Chandler sentiu seu estomago embrulhar. O que aconteceria com ele? Não queria nem pensar.

       Chegou ao andar de cima, um corredor com várias portas, o andar dos quartos. Foram caminhando por ele, a ansiedade matando o garoto. Entraram na quarta porta á esquerda. Era um quarto enorme com uma cama de casal com lençóis de tecido fino, móveis de boa qualidade, o armário no canto, o criado mudo ao lado da cama de casal, a escrivaninha, tudo parecia mais antigo que o dono, mas muito bem conservado. Don Giovanni já chegou tirando o casaco pesado, o paletó, jogando-os na cama, afrouxou a gravata. O outro homem permaneceu perto da porta que fechou ao entrar.

       - Este é meu quarto, o que acha? – sentou-se na cama.

       - Porque me trouxe aqui?

       - Para conversar. Sente-se. – deu umas palmadinhas na cama, convidando-o o sentar-se ao seu lado. – Venha. – disse sedutor.

       Como não queria mais problemas aceitou o chamado, ainda meio relutante sentou-se na cama ao lado de Don Giovanni.

       - Sei que não é burro, já deve ter percebido que sou muito rico. Tem ideia do que eu faço para viver? – disse começando á mexer nos cabelos de Chandler.

       - É um criminoso? – disse meio que dando de ombros.

       - Não, eu forneço o que os criminosos precisam. Armas, drogas, tanto faz. Sou influente, posso comprar qualquer coisa, desde as mais raras obras de arte que você viu lá embaixo, até seres humanos, como você. – dizia frio, o que feriu profundamente Chandler.

       - Quanto pagou por mim? - disse com a voz fraca.

       - Não costumo falar disso com minhas crianças. . .

       - Eu não sou a receita federal. – disse ríspido – Embora eu tenha certeza que você não declara esse tipo de bem.

       Don Giovanni espantou-se por um momento com o atrevimento de Chandler, porém com um sorriso disse:

       - Trinta mil dólares americanos.

       Chandler ficara chocado com a resposta. Trinta mil era seu preço afinal.

       - Você foi o meu garoto mais caro. Mas vendo esses olhos verdes que você tem, acho que o investimento valeu a pena. – disse satisfeito pelo bom negócio feito.

       O garoto continuava calado, atordoado com as palavras de Don Giovanni. Robert Murphy havia matado seu pai e ainda ganhara trinta mil vendendo-o. Isso era demais para ele, tudo parecia um terrível pesadelo, queria acordar.

       - Oque foi? – perguntou Don Giovanni, notando o abalo que causara no garoto.

       - Isso não é justo. – sussurrou para si mesmo, mas alto o suficiente para que Don Giovanni ouvisse.

       - O que não é justo?

       - Tudo oque esta acontecendo comigo. – começou a chorar.

       - Ah, você devia viver num mundo tão idealizado, tão superprotegido, quase num sonho. Mas agora é hora de acordar para a realidade, queridinho, aquele mundo bonito das historias que seu pai contava não existe. Ele é feio, é cruel, para se viver nele é difícil, ninguém mais vai ajudar você. É hora de aprender a se virar sozinho e de ser um pouco cruel, como eu. – disse sério. – E a primeira lição é: “não confie em ninguém além se si mesmo.”.

       Ficara em silêncio analisando essas palavras. O mundo era horrível, lembrou-se que tudo isso estava acontecendo por culpa de Robert, aquele filho da mãe.

       De repente Don Giovanni levantara-se e pusera-se a andar pelo quarto.

       - Agora tem o seu presente de boas vindas. É um que dei a cada um dos garotos que comprei. – sorria – Já esteve na Canadá? Claro que não, algumas, partes são tão frias que não se pode andar sem treno, puxado por cães treinados, que tem sua própria hierarquia. De qualquer forma, quando o dono compra um cão novo, ele dá-lhe uma surra daquelas, para que ele saiba quem é o líder, para que não se esqueça de nunca quem manda.

       Chandler começou a tremer, levantou-se devagar da cama, olhava para Don Giovanni com uma expressão assustada.

       - Vicenzo, - dirigiu-se ao homem parado ao lado da porta que havia ficado quieto até agora. – mostra-lhe quem manda. - disse ao homem antes de sair pela porta, deixando os dois sozinhos.

 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

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"Horror em Amityville" por Jay Anson

Sinopse   

 "Horror em Amityville", escrito por Jay Anson em 1975, fala sobre os acontecimentos na casa 112 da Ocean avenue no bairro de Amityville nos poucos dias em que a familia Lutz lá habitou entre dezembro de 1974 e janeiro de 1975, por apenas dezoito dias.
     George e Kathy Lutz compraram a casa de seus sonhos, uma grande casa em estilo colonial na pacata Amityville, incrivelmente barata, perfeita para o casal, seus três filhos e seu pastor alemão. Com varios quartos, escritorio, um lago e abrigo de barcos, perecia perfeita. No entanto, eles desconheciam a verdade sobre aquela casa.
     Oque eles não sabiam era que um ano antes, Ronald Defeo, (filho mais velho dos Defeo, a familia que lá morou antes dos Lutz) numa noite, pegou a espingarda de seu pai e foi de quarto em quarto matando seus quatro irmãos e seus pais, cada um com um tiro nas costas, ás 3:15 p.m. sem que ninguem ouvisse. Quando confrontado pela policia, ele dissera que o demônio o fizera fazer aquilo.
      Desde o primeiro dia, Kathy Lutz percebe que há algo errado com a casa , ouve vozes, coisas estranhas acontecem e George muda completamente de comportamento, tornando-se recluso no porão e começando á ter sensações estranhas e pensamentos macabros de matar sua famila, assim como  Ronald Defeo.
     E isso não é tudo: Objetos se movem sozinhos; Harry o cachorro, começa á ficar doente; toda noite George acorda exatamente ás 3:15 p.m. e ouve no andar de baixo sons estranhos e tem o incontrolavel impulso de ir de quarto em quarto para ver se todos estão bem e também de ir até o abrigo de barcos.
     Sem saber mais o que fazer, Kathy Lutz pede ajuda ao padre da cidade, no entanto, as emanações maléficas da casa também o afetam. Numa pesquisa mais á fundo, Kathy descobre que aquela casa era palco de rituais satânicos e de certa forma um portal para demônios. Eles fogem da casa em janeiro, tendo ficado apenas desoito dias, depois de testemunhar acontecimentos demoníacos entre o natal e o ano novo.

Impressões

     Livro baseado em um acontecimento real, descrito de forma fiel e realistica, deixa qualquer leitor com um frio na barriga.  Dividido entre os dias em que a familia Luts ficou na casa, o autor não deixou nenhum detalhe de fora, desde á mancha na lareira que parecia um demônio até o leão de porcenana que parecia se mexer e que "atacou" George.
     Como gosto muito de historias reais, encaro esse livro mais como um documentario do que uma ficção baseada num fato real e é exatamente o que o torna assustador, por que oque aconteceu com as duas familias foi real.

Por quê você deve ler?

     Por que o filme é um merda! Detesto quando esses produtores mudam a história para deixar o filme "comercial". O livro tem muito mais conteudo, detalhes, e é 10 vezes mais assustador e plausivel do que o filme.
     E outra coisa, em 1974 terror era terror de verdade.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

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"O Verme do cíume" 1º capitulo, por Natalia de Oliveira

  " O verme do cíume"
 
capitulo I


    "Mil novecentos e cinquenta e quatro foi o ano em que tudo aconteceu. Era outono, fim de outubro, me lembro que as arvores tinham suas folhas amareladas e avermelhas e varias jaziam no gramado da praça perto de minha casa, no sul de Londres. Mudei-me para lá vindo de Cambridge a fim de me livrar de problemas pessoais que não acho relevante citar por não fazerem parte de minha história. Consegui encontrar um bairro tranquilo para morar, eu era advogado de causas civis e tudo o que eu queria era um lugar tranquilo onde pudesse descansar nas horas de folga e me dedicar á minha real paixão, a escrita. No bairro Winston todos eram muito discretos.

     Minha casa era na realidade o segundo andar da casa de uma senhora, Sra. Talbot. Ela era uma senhora em seus sessenta anos de idade, com seu cabelo branco preso em um coque bem ultrapassado, seu vestido azul escuro de gola alta e um xale de tricô feito por ela mesma. Quando seus filhos se casaram e seu marido morrera, não havendo razão para manter uma casa tão grande para uma velha senhora sozinha, ela reformou a casa, separando totalmente o primeiro andar do segundo andar e o colocara para alugar. No vestíbulo, havia a porta que levava á parte dela da casa, com uma aldrava de cobre um pouco enferrujada e logo á frente, uma escadaria que tinha quinze degraus, e que terminava em outra porta, minha parte da casa. Havia uma sala que eu havia transformado em escritório, uma cozinha, um quarto de dormir e um banheiro e para mim, era mais do que suficiente. Não tinha planos de formar família nenhuma para precisar de mais do que isso.

     Meu convívio com a Sra. Talbot era muito bom, quando digo isso, quero dizer que ela não bisbilhotava minha vida, o motivo disso era que ela havia caído da escada anos atrás e quebrara a perna em vários lugares, ou seja, ela nunca subiria a escada outra vez pelo motivo que fosse. O único contato que tínhamos era duas vezes por mês, quando eu batia á sua porta para pagar o aluguel. Com um sorriso satisfeito ela atendia a porta, mancando com sua bengala de madeira, recebia o dinheiro, fazia algum gracejo sobre o tempo ou qualquer outro assunto ridículo e se trancava outra vez, só para repetir o ritual dali quinze dias.

     Ela também não tinha o que reclamar de mim enquanto inquilino, todos os dias eu pegava o ônibus até o centro de Londres onde ficava o escritório de advocacia para o qual eu trabalhava. Saia cedo e voltava tarde, mas sempre em silêncio e evitava ao máximo fazer qualquer barulho que incomodasse a velha senhora no andar de baixo e foi assim que vivi os primeiros meses em minha nova casa em Londres.

     Serei franco com vocês, advocacia não era a profissão que eu havia escolhido para mim, era na realidade imposição de meu falecido pai, também advogado, que queria que o único filho seguisse seus passos. Não o culpo. Mas meu sonho era me tornar um escritor. A calma do bairro Winston fora fator determinante para a escolha de minha moradia, pois eu queria escrever com calma meu contos e reflexões sobre o mundo.

     Os londrinos eram tão interessantes, tão calados, sempre fazendo tudo certo, como se tentassem compensar alguma coisa, como se cada um tivesse um mistério por trás da mascara de bons modos e isso aguçava minha infantil curiosidade sobre suas vidas e o que escondiam.

     Sentava-me num banco na praça perto de casa, as vezes, e observava as pessoas do bairro, as famílias deixando suas casas para uma tarde de lazer ou um piquenique sob o sol de domingo. Levava comigo um caderno de anotações e uma caneta e punha-me á divagar sobre quem eram aquelas pessoas e oque poderiam ter de interessante e fosse digno de nota. Mas em sua maioria, eram vazios, previsíveis, normais demais. Eu estava em busca de algo novo e diferente, algo do qual eu não desistisse nas primeiras paginas, algo pelo qual eu me apaixonasse.

     Mas não foi num domingo de sol familiar que me apaixonei.

     Era sexta feira, fim de tarde. Por algum motivo, não me lembro qual, não fui ao trabalho naquele dia, e ao fim da tarde resolvi ir á praça com meu caderno e minha caneta em busca de algo novo, esperando ter sorte, mesmo com pouca gente para observar.

     Mas quem eu era?” me peguei pensando. Um homem de quase trinta anos, olhos azuis, cabelos negros, alto e de bom porte, digamos assim. Mas não era esse exterior que tirava meu sono, era o meu interior. Oque eu estava fazendo, observando as pessoas como se fossem adúlteros e eu um detetive de quinta categoria, invadindo sua privacidade á distancia. Senti-me um voyeur, um tarado por assim dizer. As vezes senti-me assim, e buscava me refrear, mas sempre acabava voltando para o banco da praça com o caderno e minhas divagações. Aquele foi meu ultimo dia de voyeurismo na praça.

     Observava três crianças que brincavam de pular corda no pavimento perto de mim: uma menina de longas tranças negras com um vestidinho azul escuro numa das pontas da corda; na outra ponta, um menino de cabelos castanhos claros e sardento, usava calça curta preta, uma camisa branca e suspensórios; e a que mais me chamou a atenção, um menininha loira de cabelos cacheados cheios, usando um vestidinho branco, linda.

     Por um momento senti-me horrorizado com um pensamento que me abateu de repente, sobre o que poderia acontecer se em meu lugar estivesse um tarado? Quieto, espreitando crianças inocentes que brincavam despreocupadas na praça. Eu conseguia imaginá-lo ali, sentado exatamente onde eu estava, observando-as com um meio sorriso hediondo. Tudo o que ele teria que fazer seria apenas chama-las. Provavelmente escolheria a loira.

     Comecei a me perguntar como Deus permitia que tão vil criatura caminhasse sobre a terra, alguém que fosse capaz de fazer tamanha maldade contra um serzinho tão pequeno e indefeso? Compreendi então que isso não podia ser obra de Deus, mas sim, do demônio, esse sim, que era o causador de todo mal, e das guerras, e da fome. Não Deus, por que ele nos dera o maior dos dons, o de escolher que caminho seguir. O livre arbitro nos fora concedido por Ele, e se a guerra existe, não é sua culpa, mas nossa. Nossas escolhas erradas acabam por fazer de nós soldados.

     Então, para tirar-me de meu devaneio, um casal sentou-se num banco ao lado do meu. Minha vida não teria se modificado tanto se eu não tivesse ido á praça aquele dia, dia esse que vou amar e amaldiçoar enquanto eu viver.

     Era um casal silencioso. O homem era um tipo bem comum, cabelo castanho, alto, usava um terno aparentemente caro e muito bem ajustado escuro e um chapéu. Lia o jornal em suas mãos atentamente. Como eu disse, era um tipo bem comum, não teria chamado minha atenção por mais de dois segundos se não fosse a mulher ao seu lado.

     A mulher, ah, a mulher. Em pensar que eu já desejei nunca ter posto meu olhos nela. Era ruiva, sardenta, usava um vestido verde embaixo do casaco preto. Usava um pequeno chapéu, verde também, e pode ver seu olhos, e eram olhos tristes.

     Não sei explicar o que aconteceu comigo quando eu a vi. Ela emanava infelicidade. Não olhava para o provável marido, lia um livro, ou fingia que lia, pois durante todo o tempo em que a observei, ela não mudou de pagina, nenhuma vez. Seus olhos de repente desviavam do livro-enfeite e se perdiam num vazio. Ela respirava fundo e se forçava e ler de novo a mesma pagina. Era visível que havia um distanciamento entre os dois. Quem não os tivesse visto chegarem juntos, poderia jurar que eram estranhos, não se falavam.

     Não consegui desviar o olhar daquela mulher. Sua pele branca, seu olhar triste, era como uma vela se apagando. E sua tentativa desesperada de fingir seja lá o que fosse me atraíra a atenção e não seria fácil deixar para lá. Meu coração bateu descompassado, por quê? Por um momento me pareceu que eu a conhecia, mas de onde? Gostei dela, queria ajuda-la de alguma, era obvio que sofria. E num momento que pareceu fora da realidade, seus olhos encontraram os meus. Sei que deveria ter desviado olhar, como qualquer um faria numa situação dessas, mas não pude, seu olhar me enfeitiçou. Seus olhos verdes faiscantes me arrebataram e daquele momento em diante eu soube que jamais seria livre outra vez. Olhava em meus olhos e parecia que iria chorar, então virou o rosto para o livro, quebrando aquele momento. Por que senti tudo isso por ela, uma mulher que eu nunca havia visto na vida? Achoo que essa sim, fora uma obra de Deus.

     Continuei á olhar para ela na esperança de que ela voltasse á olhar para mim para continuarmos com esse flerte ao acaso, mas ela não se moveu até que depois de alguns minutos, o homem dobrasse o jornal e falasse algo em seu ouvido. Ela fechou o livro, colocou dentro de sua bolsa e levantou-se junto com o homem. Deixando-me sozinho com meu desejo, eles se afastaram, caminhando para a rua e de lá seguiram alguns passos, desaparecendo conforme iam se afastando.

     No caminho para minha casa, fiquei pensando nela, á noite quando tentava dormir ela estava em meus pensamentos e quando finalmente consegui dormir, foi com ela que sonhei. Em meu sonho, ela estava acorrentada e implorava para que eu a salvasse. Aquele homem ria, ria porque a tinha totalmente, só para ele. Sonhos são estranhos, mas não tão estranhos quanto as pessoas que sonham.

     Fiquei atordoado. Nunca em minha vida tinha sentido tamanha empatia por uma pessoa totalmente estranha. Aquele olhar melancólico fora para mim como um pedido de ajuda, mas como eu saberia? Talvez nunca mais a visse novamente. E é ai que eu digo que nada acontece por acaso, tudo tem um motivo de ser e o destino, travesso, não tardaria por colocar-me outra vez em seu caminho. Desde aquele dia comecei a sentir um vazio, algo me faltava. Mais tarde eu descobriria que ela havia levado uma parte de mim quando se fora e que eu só estaria inteiro de novo quando a tivesse."

    

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

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Trecho de "Quimérico" , por Natalia de Oliveira


     A primeira coisa que Ethan Downey notou assim que acordou era que havia algo errado. Ainda estava naquele estagio em que se está meio desperto, meio dormindo, não sabendo ao certo se ainda está sonhando, mas com certeza, havia algo errado. Estava com frio, isso foi uma das primeiras coisas que sentiu. Passou a mão no colchão á procura do cobertor, e com estranheza percebeu que não havia cobertor, nem lençol, nem travesseiro, e aquele colchão era estranho, era mole demais, ele tinha um cheiro para lá de esquisito, não sabia o que era, parecia suor misturado com urina e alguma bebida fermentada, definitivamente não era o cheiro do seu colchão, então se mexeu um pouco, e nesse momento sentiu dor, uma dor bem real, então abriu os olhos, despertando de vez.

    O susto inicial durou pouco, dando lugar ao pânico que veio a seguir. Realmente aquela não era sua cama, não era seu quarto, não era sua casa. Era um colchão de espuma velho, fedido, com uma cor que ele não conseguia descrever, jogado no chão de um lugar não menos preocupante, igualmente velho, frio e caindo aos pedaços.

     Com cuidado por causa da dor, colocou-se sentado e olhou em volta, em pânico: estava num quarto de hotel ou pensão bem barato. Sabia disso, mas como sabia disso? Não havia quase nada no quarto, além do colchão, um sofá e uma mesinha de centro caindo aos pedaços, com no mínimo dez garrafas de cerveja e vodca ice. Chutava esse numero, por que não queria contar, pois se contasse, seriam bem mais que dez. Havia muita sujeira: papeis amassados e jogados como se o chão do quarto fosse uma grande lata de lixo, e a julgar pelo cheiro, lixo do banheiro; algumas caixas de pizza com o interior verde de bolor e viu no canto uma coisa peluda se mexendo. Se era um gato ou um rato muito grande, Ethan não queria ficar ali para descobrir. Com muita dificuldade, ele conseguiu se por de pé, agarrando-se na parede, a dor que sentia era no corpo todo, mas principalmente na barriga e no rosto, passou a mão no rosto aonde doía, perto da sobrancelha, e sentiu a mão grudar. Assustado retirou a mão rapidamente e olhou, havia sangue coagulado em sua mão. Horrorizado olhou de novo para o colchão, havia uma roda vermelha aonde devia ter encostado a cabeça.

     - Meu Deus! – sua mão tremeu e ele quase caiu, perdendo momentaneamente as forças das pernas.

     Dando a si mesmo um tempo para se recuperar, foi colocando os pensamentos em ordem, parando para pensar racionalmente: não fazia a menor ideia de onde estava, ou por que estava, como havia ido parar lá, estava obviamente ferido e estava com medo. Olhou outa vez para as garrafas, outra vez recusando-se a conta-las, então uma coisa lhe ocorreu: levou a manga da camisa que usava ao nariz e a cheirou, então com espanto percebeu que o cheiro ruim que sentia vinha dele. Nesse momento sentiu-se enjoado e colocou a mão na boca para não vomitar em si mesmo. Olhou em volta, viu uma porta entreaberta dentro do quarto e de relance viu um vaso sanitário. Com a velocidade que lhe era permitida, correu em direção á ele, escancarando a porta e quase caindo de cara no vaso. Vomitou muito, parecia que não ia parar nunca. Quando terminou, ficou estendido no chão daquele banheiro que conseguia ser mais xexelento que o resto do quarto, sentindo aquele gosto horrível na boca e aquele cheiro azedo no ar, só não vomitava por não ter mais o que vomitar. Com mais dificuldade do que da primeira vez, levantou-se apoiando-se com nojo no vaso e foi apoiando-se no que via e assim chegou á pia. Abriu a torneira e bebeu um pouco de agua, olhou no espelho junto a pia e viu que seu supercilio direito estava cortado e havia outro corte na face esquerda, deixando seu rosto quase totalmente sujo de sangue. Lavou o rosto com agua corrente, lavando bem os cortes e voltou a se olhar no espelho.

     - O que você fez? – disse em voz alta, olhando para o homem de cabelos negros desgrenhados, o olho direito azul e o esquerdo verde e pele muito branca, com as marcas do sangue coagulado se prendendo na linha do couro cabeludo e olheiras roxas refletido no espelho.

     Respirou fundo, pois outra vez sentiu seu estomago embrulhar e virou-se de costas para o espelho, não queria ver mais aquela imagem decadente. Passou a mão tremula no cabelo e saiu cambaleante do banheiro. Olhou o quarto de outro ângulo e viu que na verdade era um pequeno apartamento, uma pequena mureta dividia o lugar com uma cozinha (ou o que deveria ser uma cozinha) com uma geladeira que devia ter a sua idade, um fogão velho e um armário de cozinha de madeira com duas portas penduradas e uma gaveta faltando. Olhou para si mesmo, usava uma calça jeans de lavagem escura, um sapato preto muito brilhante e aparentemente caro e uma camisa que tinha um design de sobreposição nas mangas e na barra, em tons de xadrez roxo e preto. Estranhou, aquela roupa não era dele, não era seu estilo nem de perto, sempre acostumado á se vestir de forma um tanto mais simples. Sentiu uma coisa estranha na nuca e passou a mão, era um pedaço de papel duro, mas estava preso ao tecido. Forçando, ele arrancou o pedaço de papel e viu que era a etiqueta da camisa. Seu look era novo, e se considerasse a marca da loja, era caro.

     Olhou em volta procurando alguma coisa que fosse sua, e caído ao lado do colchão ele encontrou sua carteira, pequena e de couro marrom escuro. Ansioso ele a abriu e lá encontrou sua identidade, seus cartões, pelo menos duzentos dólares em dinheiro, e o mais aterrorizante, as notas das roupas, seu visual havia custado quatro mil dólares.

     - Mas que droga! – disse ele espantado. – Mas como. . .?

     Parou. Não queria pensar nisso agora, não aguentaria pensar nisso agora, não ali. Aquele lugar lhe dava nojo, lhe causa um mal estar, não queria ficar mais nenhum segundo ali. Levantou-se e caminhou na direção da porta de saída do quarto depois de ter certeza que não deixara nada de seu naquele lugar, (na verdade isso se resumia na carteira) e saiu com um único pensamento na cabeça: “Eu te odeio, Nathan!”.

 

 

 
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Novidade no blog, pessoal!!!

Olá Leitores!!!!

     Como sempre, estou buscando novas formas de melhorar esse blog, que foi feito para vocês, amantes da Literatura e das Artes. Hoje, começo a incorporar no blog a pagina, "Agenda Cultural", uma forma de informar ás pessoas sobre os eventos no teatro, biblioteca e museu de minha cidade, Mauá, com horarios e locais das apresentações, bem como o valor do ingresso e os eventos gratuitos!
     A pagina será atualizada sempre que virar o mês, para melhor atendê-los, e se algum de vocês leitores tem uma sugestão de agenda cultural que queira postar ou se informar, afinal, São Paulo é grande, fiquem á vontade, masdem suas sugestões através da barra de comentários da pagina.



                                                                                                                            Natalia de Oliveira
                                                                                                                               criadora do blog