Olá Leitores!!
Como todo mundo já ta careca de saber (por que esses carros de som não nos deixam esquecer), amanhã dia 07/10/2012 será dia de eleição. Pois é, meus caros leitores. Eu sei que esse assunto não tem muito a ver com o que eu normalmente falo aqui no blog, mas eu não podia deixar de comentar.
De quatro em quatro anos, somos obrigados á nos abalar até uma escola caindo aos pedaços, para encarar uma fila gigantesca, perder um dia inteiro (e não é qualquer dia, é um domingo, dia em que poderiamos estar descansando, dormindo até tarde ou curtindo uma praia), para VOTAR OBRIGATÓRIAMENTE no politico da vez, ou para os mais pessimistas, o menos pior.
E repito, somos obrigados a votar. Sim, por que se o cidadão não vota, ele fica com o nome sujo e em circunstancias piores, pode até ser preso. Aonde está a democracia nisso??? Até onde eu sei, democracia é quando podemos escolher, então onde está o direito de escolher não fazer parte disso?? Nas propagandas politicas, e isso eu estou falando das propagandas do governo, não de candidatos, além de colocarem essa obrigação como um "direito do cidadão", que ele deveria se sentir honrado em ser obrigado á votar, ainda há a questão do menos pior. Sim, por que dizem que TEMOS que escolher um dentre os possiveis candidatos, e mesmo que nenhum agrade, temos que votar no "menos pior". "Mas e se não tiver nenhum decente?" voce se pergunta, a resposta é "Tem que ter um." . Esse negocio de "tem que ter um" não existe! Não tem ninguem decente, daí o "menos pior" ,por que até a maior arma que temos nesse momento que é o voto em branco ou anulado ele desencorajam, e dizer que é não exercer o direito ao voto pelo qual lutaram tanto. Beleza, saimos de uma ditadura para cair em outra.
Não suficiente, sou mesária. Sim, além de ser obrigada á votar, sou obrigada á trabalhar como mesária nessas eleições (de graça, devo destacar) e vou perder meu domingo inteiro para trabalhar em algo que fere meus principios, e o pior, não posso nem dar um perdido nisso, pois ai sim encararia um processo. Pelo menos, é na escola perto de minha casa, pois se eu ainda tivesse que gastar com passagem para isso, seria o fim da picada!!!
Digam-me, caros leitores, digam-me, isso é democracia? Como ainda tem gente que compactua com isso e me digam se eu não não tenho razão???
Eu sei, eu só precisava compartilhar isso com vocês.
sábado, 6 de outubro de 2012
2
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
1
A Duvida de um seguidor
Olá leitores!!
Hoje um seguidor, que também é escritor, me mandou um email com uma duvida sobre o clube de autores, e eu achei interessante compartilhar com vocês.
OLÁ NATÁLIA,
POR FAVOR, ME DÊ UMA AJUDA RESPONDENDO AS PERGUNTAS ABAIXO:
1 - Quantos livros você já publicou no CLUBE DOS AUTORES? Teve algum Problema?
resp: 2
2 - Como foi a Experiência de publicar seu primeiro livro no CLUBE DOS AUTORES?
resp: está sendo ótima, foi um grande achado e as facilidades são imensas
3 - É uma instituição séria?
resp: serissima, ela faz o que promete e não te enfia a faca!
4 - Fui lá no site do CLUBE DOS AUTORES, E NÃO ENTENDI O QUE ELES GANHAM PUBLICANDO OS LIVROS DOS AUTORES, PODERIA EXPLICAR-ME?
resp: Então, o clube de autores é uma editora por demanda, ou seja, ela só imprime o livro encomendado, sem tiragem minima, e não faz caixas e caixas que vão ficar encostadas em um canto. Por isso, ela quase não tem gastos. O que ela ganha é uma parte encima da venda do livro unitario, para cobrir o gasto da impressão. Isso permite á editora não ter gastos desnecessarios, ao autor de não pagar por um "pacote' e a natureza agradece o baixo uso de papel, já que também é disponibilizada a versão Ebook dos livros.
5 - VOCÊ ME INDICARIA ELE PARA PUBLICAR UM LIVRO MEU?
Resp: claro que sim!!!
6 - O QUE É E COMO FUNCIONAL PUBLICAR UM LIVRO SOB DEMANDA?
resp: Como eu disse, eles só imprimem os livros encomendados, tipo, voce encomenda dois, apenas dois serão impressos.
7 - E QUANTO AO DIREITOS AUTORAIS
resp: Você decide o quanto quer ganhar. Isso reflete no preço final do livro e não é bom colocar um valor muito alto, se não não vende. Por exemplo, voce carregou seu livro e o preço final dele ficou 20,00 , mas voce quer ganhar 10,00 de direitos, então o livro pula para 30,00, os vinte são da editora. Voce disponibiliza no seu cadastro o numero da sua conta e os valores dos seus direitos serão depositados assim que se somarem 100,00 reais.
8 - O QUE VOCÊ PODE ME DIZER MAIS PARA DE AJUDAR?
resp: começe logo á escrever, está esperando o que? kkkkkk
Espero ter tirado a duvida de varios leitores também!!!
Hoje um seguidor, que também é escritor, me mandou um email com uma duvida sobre o clube de autores, e eu achei interessante compartilhar com vocês.
OLÁ NATÁLIA,
POR FAVOR, ME DÊ UMA AJUDA RESPONDENDO AS PERGUNTAS ABAIXO:
1 - Quantos livros você já publicou no CLUBE DOS AUTORES? Teve algum Problema?
resp: 2
2 - Como foi a Experiência de publicar seu primeiro livro no CLUBE DOS AUTORES?
resp: está sendo ótima, foi um grande achado e as facilidades são imensas
3 - É uma instituição séria?
resp: serissima, ela faz o que promete e não te enfia a faca!
4 - Fui lá no site do CLUBE DOS AUTORES, E NÃO ENTENDI O QUE ELES GANHAM PUBLICANDO OS LIVROS DOS AUTORES, PODERIA EXPLICAR-ME?
resp: Então, o clube de autores é uma editora por demanda, ou seja, ela só imprime o livro encomendado, sem tiragem minima, e não faz caixas e caixas que vão ficar encostadas em um canto. Por isso, ela quase não tem gastos. O que ela ganha é uma parte encima da venda do livro unitario, para cobrir o gasto da impressão. Isso permite á editora não ter gastos desnecessarios, ao autor de não pagar por um "pacote' e a natureza agradece o baixo uso de papel, já que também é disponibilizada a versão Ebook dos livros.
5 - VOCÊ ME INDICARIA ELE PARA PUBLICAR UM LIVRO MEU?
Resp: claro que sim!!!
6 - O QUE É E COMO FUNCIONAL PUBLICAR UM LIVRO SOB DEMANDA?
resp: Como eu disse, eles só imprimem os livros encomendados, tipo, voce encomenda dois, apenas dois serão impressos.
7 - E QUANTO AO DIREITOS AUTORAIS
resp: Você decide o quanto quer ganhar. Isso reflete no preço final do livro e não é bom colocar um valor muito alto, se não não vende. Por exemplo, voce carregou seu livro e o preço final dele ficou 20,00 , mas voce quer ganhar 10,00 de direitos, então o livro pula para 30,00, os vinte são da editora. Voce disponibiliza no seu cadastro o numero da sua conta e os valores dos seus direitos serão depositados assim que se somarem 100,00 reais.
8 - O QUE VOCÊ PODE ME DIZER MAIS PARA DE AJUDAR?
resp: começe logo á escrever, está esperando o que? kkkkkk
Espero ter tirado a duvida de varios leitores também!!!
2
"O Padre e a Bruxa" prefacio e capitulo I
"O Padre e a Bruxa"
PREFACIO
Ethan O’connel parou para respirar um
momento, estava esbaforido e suando em bicas e imaginava se por acaso o sol
havia explodido e lançado sua energia em direção á terra, queimando todos os
seres vivos. Não, o sol não havia explodido, era apenas o dia mais quente
naquele verão, mais quente do que o normal. Se você parasse no meio da rua e
ficasse observando, poderia ver o calor subindo em ondas do asfalto, e se você deixasse
cair um ovo no chão, em instantes teria uma bela omelete. Mas aquela quadra de
basquete de rua, sem paredes e sem cobertura, mas com grades apenas para a bola
não voar até a avenida, parecia uma churrasqueira e ele um espetinho. O sol
incidia bem em suas costas e ele parara, com as mãos no joelho, cansado e sem
folego. Seu cabelo negro pingava suor e seus olhos azuis estavam incomodados
com a luminosidade que o chão da quadra refletia.
- Ai, tio, se não consegue acompanhar a
juventude, pode sentar ali, com a turma do xadrez. – Wayne Brown, o rapaz com
quem jogava basquete o provocou com seu costumeiro sorriso e tom descolado,
apontando para o parque do outro lado da rua, onde velhos jogavam xadrez em
mesas de concreto.
- Tio? – disse ofendido - Garoto, eu sou
apenas cinco anos mais velho que você. – Ethan disse se aprumando. – Eu só
preciso de um minutinho para retomar a linha do raciocínio. – na verdade queria
recuperar o folego. Wayne parecia tão inteiro como quando entrou na quadra, uma
hora antes.
Era verdade, Ethan tinha vinte e seis, e
Wayne tinha vinte e um. Os dois jogavam basquete juntos á um ano, e Wayne
sempre o provocava, dizendo que Ethan era lento e velho para acompanha-lo, o
que não era totalmente mentira, mas Wayne tinha realmente certa vantagem. Era
alto e magro, era moreno, e tinha aquele ar de jogador profissional, misturado
com astro do hip-hop. Ele corria pela quadra como um Guepardo e para provocar,
girava a bola laranja na ponta dos dedos, como um jogador da NBA. Ele teria
futuro no esporte, Ethan pensava.
- Se você quiser, eu posso te arrumar uma
bengala. – Wayne provocou sorrindo, batendo a bola no chão.
- Você vai precisar de uma quando eu
terminar com você. – ele retrucou e recomeçaram o jogo.
Todas às vezes eram assim, um provocava o
outro, mas se davam muito bem, dentro e fora da quadra, e nunca dispensavam a
oportunidade de um jogo. Numa jogada mal calculada de Wayne, Ethan conseguiu
roubar-lhe a bola e corria em direção á cesta, para marcar um ponto que
esfregaria na cara de Wayne, mas algo o interrompeu.
- Padre O’connel! – Ethan ouviu uma voz
familiar lhe chamar e virou-se bruscamente para ver de onde vinha, era o Padre
Molina, que estava parado, do lado de fora da quadra, com seu olhar reprovador,
observando-o através das grades de proteção, as mãos nas costas, parecia mais
como um pai chamando um filho para dentro de casa, quando já passou muito da
hora de entrar.
Ele parou e olhou para Wayne, como quem se
desculpa por deixar uma pessoa na mão. Era meio chato ser interrompido assim,
mas tinha suas responsabilidades. Era padre, um padre católico apostólico
romano, o Padre O’connel, o padre novato da igreja de São Miguel, que
congregava ali em Seattle mais ou menos á um ano e que tinha um fraco por
basquete de rua. Ele sabia que não era apropriado, o próprio Padre Molina lhe
dissera isso varias vezes, mas não conseguia evitar.
- Eu tenho que ir. – Ethan disse meio sem
jeito, devolvendo a bola que estava em suas mãos.
- Vai com Deus. – Wayne disse sorrindo e
se despediram com um aperto de mão bem hip-hop. Wayne sabia que quando Padre
Molina vinha chama-lo, ele tinha que ir.
Ethan veio andando calmamente até o portão
da quadra, tendo os movimentos acompanhados pelos olhos atentos do homem de
cabelos brancos e óculos de aro retangular, desproporcionalmente alto e por
isso um pouco curvado usando a calca preta, o casaco preto e a tarja branca no
pescoço que não deixavam duvidas de quem era. Olhou para traz, Wayne fazia
algumas cestas sozinho e não errava uma. Olhou para o horizonte e viu que umas
nuvens negras se aproximavam e ao longe pensou ter ouvido um trovão, o que era
estranho, já que o dia estava tão quente, mas chuvas de verão são assim, chegam
de repente. Eram quatro horas da tarde.
- Sim? – Ethan disse se aproximando.
- Espero não estar atrapalhando. – Padre
Molina disse meio irônico. – Você parecia estar levando uma surra.
- Não, não estava. – disse esboçando um
sorriso. – Mas eu acho que estou ficando lento.
Padre Molina sorriu e fez um gesto de
cabeça, dizendo que queria que Ethan o acompanhasse, ele assim o fez, e os dois
foram caminhando em silencio através da rua movimentada até a igreja de São
Miguel, que ficava apenas a dois quarteirões de distancia da quadra, onde
também ficava a casa paroquial onde os dois moravam. Muito estranho. Padre
Molina normalmente fazia esse percurso fazendo uma longa dissertação sobre
juventude e responsabilidades, e outras coisas que no fim queriam dizer a mesma
coisa: basquete de rua era inadequado á um padre, e ele fazia esse mesmo
discurso nesse um ano em que estava na igreja de São Miguel. Mas naquele dia
ele estava calado e pensativo e isso deixou Ethan apreensivo.
Quando chegaram á igreja, abriram o portão
e caminharam por um caminho de ladrilhos que atravessava o jardim até a casa
paroquial que ficava nos fundos da igreja. Realmente, a chuva só esperara por
eles, pois assim que fecharam a porta atrás de si, a chuva caiu forte.
A casa era pequena, a cozinha se juntava
com a sala, em um único ambiente, separado apenas por um balcão, que fazia o
trabalho de mesa. Havia dois quartos pequenos e um banheiro. Era uma casa
pequena, pobremente decorada, mas era o suficiente para os dois viverem bem,
afinal, eram padres, e não precisavam de muita coisa, além, disso havia o
detalhe do voto de pobreza.
Padre Molina sentou-se pesadamente no sofá
e fez sinal para que Ethan fizesse o mesmo. Ele obedeceu apreensivo. O velho
estava serio e olhando para o vazio, como se procurasse as palavras para
começar um assunto que seria incomodo tanto para ele quanto para Ethan. Esse
tipo de ansiedade fazia se estomago dar pulos.
- Precisamos conversar, Ethan. – ele nunca
o chamava de Ethan, logo percebeu que havia algo errado.
- Padre, há algo errado?
- Há quanto tempo foi ordenando padre?
- Um ano. Assim que fui ordenado, vim para
cá.
O velho pareceu pensar por um momento com
um ar bastante cansado, como se tivesse sido ele á ter jogado basquete á tarde.
- Você será transferido. – disse rápido,
como se quisesse tirar um curativo, rápido, para que não doesse.
Ethan ficou calado por um tempo,
absorvendo a frase que foi dita e tudo o que ela implicava. Transferido, seria
transferido, iria embora dali, mas como, por quê?
- Mas. . . O que esta acontecendo? Eu fiz
algo errado? – alarmou-se
- Não, não fez nada errado. – ele forçou
um sorriso. - O padre da paroquia de São João, em Elder, vai se afastar, é uma
longa historia. A questão é que querem mandar alguém jovem para lá, e seu nome
apareceu como uma opção.
- Mas. . . Eu. . . Tenho um trabalho com os jovens daqui.
- Na quadra de basquete? – Molina o
alfinetou.
- Sim, para tentar alcança-los em seu
ambiente e estou conseguindo. Eles vêm á mim, quando estão querendo conversar,
quando tem problemas. . .
- Em todos os lugares tem pessoas com
problemas, e lembre-se que devemos ir aonde Deus nos manda.
- Eu sei. – Ethan baixou a cabeça. – Mas,
o senhor acha que eu consigo tomar conta de uma comunidade sozinho?
- Não sou eu que tenho que achar alguma
coisa, Ethan, é você. Procure a resposta em Deus, ele te dirá.
- O senhor ficará bem sem mim?
- Eu me viro.
Padre Molina lhe lançou um sorriso e
levantou-se do sofá com certa dificuldade, deixando Ethan ainda sob o efeito do
choque inicial da novidade. Padre Molina era uma boa pessoa, ele o acolhera
quando ele chegara a Seattle e era muito paciente com Ethan em vários aspectos:
sua juventude, sua inexperiência e acima de tudo, sua esperança nos homens.
Claro que ás vezes tinham seus atritos, mas nada muito diferente que um pai
teria com um filho ao mostrar-lhe um caminho.
Ele não dormiu naquela noite, pensando na
conversa com Molina. E depois de muito rezar, como o padre havia lhe dito, a
resposta lhe veio, tão simples que ele não pode acreditar. Em paz ele dormiu e
uma semana depois, estava embarcando para Elder.
CAPITULO I
Ethan O’connel nascera na Irlanda, em mil
novecentos e oitenta e cinco, num bairro pobre de uma cidade pequena. Tinha um
pai forte e uma mãe amorosa, e tinha dois irmãos mais velhos, os quais amava. A
vida naquela época era simples, más muito boa, pois acima de tudo em sua casa
havia amor e paz, de um modo que poucas famílias podiam dizer que desfrutavam.
O pequeno Ethan ia crescendo á olhos
vistos e sua beleza só era ultrapassada por sua bondade, mesmo quando criança,
com seus cabelos negros, olhos de um azul profundo e a pele tão branca quanto
seda, ele parecia um querubim de alguma pintura renascentista, e quem
convivesse com ele e visse seus modos, sua calma, sua delicadeza e cuidado com
as coisas não duvidaria de que realmente o era.
Havia uma igreja católica, uma pequena
capela, á não mais do que três quadras de sua casa, mas que ele nunca havia
visitado. Entendam bem, aquela era a Irlanda, com os conflitos entre católicos
e protestantes em pleno vapor, e seus pais mesmo sendo de formação protestante,
não quiseram impor religião aos filhos, não com o país como estava, preferindo
ficar de fora de tamanho disparate. Eles acreditavam em Deus, é claro, mas não
seguiam dogmas, para eles bastava que os filhos soubessem a diferença entre o
certo e errado, e que se fizessem algo errado, havia algo maior, além de sua
compreensão, que estava vendo tudo, assim como suas boas ações. Aos dez anos,
Ethan não era batizado, nem crismado, nem tinha feito a primeira comunhão, e
ser padre era até então uma ideia meio distante.
Uma certa tarde, estava Ethan e sua mãe
num ônibus, era vinte de junho de mil novecentos e noventa e seis, ele sempre
se lembraria dessa data, foi o dia em que tudo mudou para ele, foi o gatilho
que o fez se tornar o que viria a ser. O ônibus estava vindo do centro da
cidade em direção ao seu bairro, havia pelo menos umas vinte pessoas dentro do
ônibus, ele e sua mãe estavam na parte traseira, perto da porta. Ele saboreava
um sorvete de limão, era verão e estava muito quente naquele dia, estavam
voltando de uma consulta rotineira ao medico, sua mãe e ele, e ela prometera
que se ele se comportasse, ela lhe compraria um sorvete. Chantagem? Pode ser,
mas nunca ninguém vira criança mais comportada naquele consultório medico.
O pequeno olhou para frente um momento e
viu um homem que entrava no ônibus, ele usava uma roupa preta estranha, com uma
tarja branca no pescoço, e ele se lembraria mais tarde que havia achado o homem
muito estranho por que estava muito quente, e aquela roupa não era apropriada,
pois o cobria por completo, mas o que mais lhe chamou a atenção foi a tarja
branca no colarinho.
- Que roupa estranha. – ele comentou para sua
mãe, com o olhar fixo no homem que já se sentava á três bancos de distancia
deles.
- O que foi? – sua mãe perguntou, estava
distraída olhando pela janela.
- Aquele homem, - ele apontou. – por que
ele tem uma tarja no colarinho?
- Ah, Ethan. – ela riu de modo amável. –
Ele é um padre. – ela respondeu com uma naturalidade que o espantou.
O garoto ficou quieto um tempinho, absorvendo
essa palavra que para ele era nova. Padre. Sua cabecinha de criança funcionava
de modo muito objetivo: tudo bem, ele usava aquilo por que era padre, mas. . .
O que era um padre? Era um gênero, uma profissão, o que? E por que ele tinha
que usar aquilo? Isso só fez sua cabeça de criança formular mais perguntas
sobre o assunto. Ele iria fazer á mãe um questionário inteiro sobre o padre quando chegasse em casa, pois
antes que ele percebesse, ela voltara a se distrair com o mundo através da
janela. Isso era uma coisa que ele realmente não gostava nos adultos, quando o
deixavam na curiosidade sobre um assunto. É que as vezes as pessoas se
esqueciam de que estavam tratando com uma criança de dez anos, com o cérebro em
desenvolvimento, com um milhão de perguntas fervilhando em sua cabeça.
Começavam um assunto, e quando Ethan se deparava com uma palavra que não
conhecia, ou algo que fosse inteiramente novo para ele, as pessoas não
explicavam o que aquela determinada coisa significava, e logo elas se esqueciam
e ele ficava com aquilo martelando em sua cabeça, até alguém tocar no assunto
de novo, ou até ele descobrir por si mesmo, o que acontecia na maioria das
vezes e ele pressentia que com o padre não seria diferente. Ethan fez um tipo
de anotação mental para não se esquecer desse nome e para pesquisar sobre elé
quando tivesse a chance. Mas não foi assim que ele ficou sabendo o que um padre
significava, pois se ele tivesse descoberto de outra forma, perguntando ou
pegando a rabeira de uma conversa que seja, a descoberta do que a palavra padre
significava não teria surtido o efeito que surtiu no pequeno.
Alguns minutos e alguns pontos depois do
padre ter entrado no ônibus algo aconteceu. Dois homens subiram no ônibus,
estavam mascarados com aquelas mascaras pretas de esqui, que só deixam os olhos
á mostra. Um deles tinha uma arma automática e o outro tinha duas garrafas de
vidro com um liquido espesso dentro e na boca da garrafa um pedaço de tecido,
coquetel molotov. Eles estavam gritando
e apontando a arma para o motorista e o cobrador, e foi aquele pânico, todo
mundo começou a gritar também, com medo, pois sabiam o que estava acontecendo.
Os protestos estavam ficando cada vez mais violentos, e os jornais noticiavam
que alguns desses baderneiros colocavam fogo nos ônibus, e aparentemente era
isso o que estava acontecendo, pois o que estava com a arma veio andando dentro
do ônibus, gritando para todo mundo sair.
Ethan estava paralisado observando aquilo
e sua mãe o estava empurrando do banco para que ele se mexesse. Tudo parecia
muito bem planejado pelos terroristas, eles estavam de certa forma calmos, até
que viram o padre. Eles ficaram loucos, furiosos, gritavam mais ainda, o que
causou mais pânico nas pessoas que tentavam sair pelas portas semiabertas, pisoteando
umas ás outras como um estouro de manada. Os terroristas puxaram o padre de seu
banco e começaram á espanca-lo com chutes e pontapés, com socos e a esbravejar
que iriam todos morrer queimados, pois estavam acobertando aquele verme. Mais
tarde, Ethan viria a descobrir que aqueles dois malucos eram fanáticos
protestantes. O Padre, no entanto, não revidava, apenas tentava se defender da
forma como podia devido ás circunstancias, encolhendo-se á medida que eles
intensificavam a ofensiva. Num momento em que eles pararam um pouco,
provavelmente para respirar, o padre levantou a mão e falou:
- Sei que vocês entraram aqui hoje
querendo sangue. O meu é suficiente, deixem essas pessoas saírem. – então ele
se virou e olhou bem para Ethan e acrescentou: - Não querem ter o sangue dessa
criança nas mãos. Querem?
- Não tá com medo não, sua bicha? – um
deles gritou meio alterado. – acha que eu não mato você só por que é a porcaria
de um padre?
- Eu sei que vai me matar. – o padre
respondeu com calma. – Mas essas pessoas não precisam morrer também. Seu
problema é comigo, deixe que eles saiam. – ele estava muito calmo, então para
finalizar, ele disse: - Tudo bem, eu perdoo vocês.
Os agressores pararam e se entreolharam.
Deixando o padre lá caído. Eles abriram as portas e começaram a empurrar as
pessoas que ainda estavam dentro do ônibus para fora, uma cascata de pessoas. A
mãe de Ethan o pegou no colo e saiu aos pulos, ela foi a ultima á sair antes
dos terroristas saírem e fecharem a porta deixando o padre lá dentro trancado.
Aquele que estava com as garrafas com o explosivo ascendeu os pedaços de tecido
que saiam pela boca das garrafas e as atirou para dentro do veiculo através de
uma janela quebrada na confusão e o fogo se espalhou rápido nos bancos de
espuma. Mas antes que ele o fizesse, Ethan conseguia ver a figura do padre em
outra janela, olhando para ele com um sorriso, ele não estava com medo. Em
segundos o ônibus era uma bola de fogo no meio da rua.
Os terroristas saíram correndo através das
ruas e logo Ethan ouviu o som do carro dos bombeiros cada vez mais perto. Ele
nunca se esqueceria daquele padre, do olhar dele antes de morrer queimado. O
padre dera sua vida para que ele estivesse vivo, ele se sacrificara. Ele
entendia isso, e além do sentimento de tristeza, ele sentia uma crescente
admiração por aquela pessoa e pelo o que ela tinha feito, antes de morrer ele
perdoara seus assassinos, isso era algo incrível, que o mudou para sempre e com
isso lhe veio a culpa por estar vivo. Como foi dito, foi assim que ele ficou
sabendo o que é um padre, e o que ele significava, e talvez não tivesse se
tornado um se não criasse em sua cabeça desde cedo o conceito de sacrifício.
Por conta própria, Ethan começou a
frequentar a capela católica perto de sua casa e descobriu por si mesmo o que
um padre era: era aquele que falava em nome de Deus. No começo assistia á missa
sozinho, escondido, como se estivesse fazendo algo errado, nem para seus pais
contara o que estava fazendo na rua num domingo cedo e sozinho foi aprendendo o
que significava muitas coisas da doutrina católica. Ali sentado no fundo da
capela ouviu o velho padre falar sobre um menino que havia vivido em uma cidade
chamada Jerusalém, á muito tempo atrás, que era bom e que seu amor pelo próximo
era tanto que havia se deixado morrer crucificado para a remissão dos pecados
do mundo. Seu nome era Jesus, era filho de Deus, seu filho único e amado.
Ouvira que ele havia sido um grande homem, que falava ao povo sobre o amor de
seu pai, sobre perdão, sobre como ele também perdoara seus assassinos na hora
de sua morte. Ouvira como outras pessoas, os santos, falavam em seu nome
através dos tempos, de como morreram por ele também, pela fé que tinham, pelo
amor que tinham á Ele, e vários outros acontecimentos que para ele eram tão
longínquos, mas que ele entendia perfeitamente: tudo isso se resumia ao amor,
amor á Deus, amor ao próximo, era sobre amor, e esse legado continuara através
do tempo e ele estava bem ali, na igreja. O padre assassinado se deixara morrer
por amor á ele. De repente então
compreendera o que o padre fizera e o por que. E seguindo esse raciocínio
logico, imaginara como era perfeito essa coisa que fora toda baseada em amor.
Ethan queria fazer parte disso também,
queria sentir esse amor que era gratuito e maior do que tudo o que ela já havia
visto. De alguma forma sentia que era exatamente ali que deveria estar, que
toda sua vida antes disso era um vazio negro, uma tempestade e que finalmente
agora conhecia o sol. Ele sentiu que havia sido trazido lá por uma força maior,
Deus, e que havia nascido apenas para estar ali, para ama-lo também.
Essa revelação caiu em Ethan de forma
dolorosa, como um amor platônico: ele queria fazer parte da igreja, do fundo do
seu coração infantil e inocente ele queria, mas não sabia como fazê-lo e não
sabia como pedir ajuda. Tinha medo de falar com seus pais sobre isso,
principalmente depois do episodio do ônibus, se sem religião quase morrera,
imagine se começasse á ir á igreja, eles teriam um ataque. E durante muito tempo ele voltou á capela,
sentando-se em seu cantinho lá no fundo, as vezes chorando quando ouvia o padre
falar cada vez mais emocionado.
O padre daquela capela era o Padre Rupert.
Tinha cabelos negros espessos e olhos castanhos um pouco inquisitivos. Tinha
uns trinta anos de idade e uma forma física meio cheia. Era um bom homem de
descendência italiana, e chagara aquela cidade um pouco antes do acontecimento
do ônibus. Um dia, durante a missa, o Padre Rupert o notou, notou aquele menino
de cabelos negros e então reparou que ele sempre vinha, mas não vinha comungar,
nem vinha se confessar, nada, apenas ficava lá no canto assistindo a missa e
depois ia-se embora, invisível como chegara. Reparara nele por que mesmo sendo
tão pequeno e mesmo não participando exatamente da missa, ele era quem
demonstrava maior concentração, digamos maior fé, mais do que algumas pessoas
que iam lá para cochilarem no meio do sermão. Depois que a missa acabou aquele
dia, o Padre Rupert praticamente correu pelo corredor esquerdo da capela para
alcançar o garoto que estava indo embora e o pegou pelo ombro. Rupert estava
arfando quando o alcançara, afinal era não era lá muito atlético e a cena
ficara um tanto cômica.
- Eu não fiz nada! – Ethan disse assustado,
tentando desvencilhar-se. Ele estava com medo, não sabia do que, más estava com
medo.
- Não, garoto, claro que não fez. – Rupert
ainda recuperava o folego. – Eu só queria conversar com você. – disse de forma
amena.
Os dois ficaram em silencio por um
tempinho, se olhando. Ethan analisava o pedido de Rupert com calma. Eles foram
andando e Ethan se deixou ser conduzido até o banco que normalmente ocupava. Os
dois sentaram-se lado a lado. Rupert ficou olhando para ele de forma curiosa.
- Onde está sua mãe?
- Eu vim sozinho.
- É, eu percebi isso, você sempre vem
sozinho, por que?
- Minha mãe não acredita. – disse ele de
cabeça baixa. – Ninguém em minha casa acredita.
Rupert pareceu ponderar sobre essas
palavras e observou o pequeno com as mãos arranhando as pernas da calça, como
normalmente fazia quando estava nervoso.
- Mas você acredita. – ele colocou como se
fosse uma afirmação e Ethan olhou para ele com olhos marejados e para Rupert
isso foi uma confirmação. – Qual é o seu nome, filho?
- Ethan. – disse ele choroso.
- Ethan, por que chora? Não precisa
chorar. – ele tinha um semblante muito calmo e sorria.
- Eu me sinto tão pequeno, eu queria poder
fazer alguma coisa, mas eu não sei como. Ele deu a vida dele por mim, eu não
estaria aqui se não fosse por ele e eu venho aqui todos os dias e não faço
nada. As vezes sinto que deveria estar aqui e a certeza disso me mata, tanto
quando a duvida se isso tudo valeu a pena. – ele chorava, remoendo a culpa que
sentia pela morte do padre e nem Rupert nem ele próprio sabia se ele estava
falando do padre assassinado ou de Jesus.
- É a primeira vez que vejo alguém tão
jovem com tamanha fé e tamanha duvida sobre a fé. – ele sorriu benevolente. –
Me responda uma coisa, Ethan, você acredita em Deus, mas você o ama?
- Amo, sim. – respondeu olhando em seus
olhos.
- Agora, você acredita, tem fé de que Ele
te ama?
- Sim. – ele soluçou
- Então, você tem a sua resposta. – Rupert
tirou um lenço do bolso e o deu á Ethan. - Deus usa caminhos misteriosos para
espalhar seu amor. Seja qual for o caminho que ele usou para te trazer até
aqui, deu certo, valeu á pena. Você não apenas acredita, você o ama e isso é
maravilhoso. Você já chegou até aqui, era o mais difícil a fazer. Agora, você
prefere ficar como está, ou quer fazer alguma coisa?
- Como assim? – ele disse confuso.
- Você é batizado, Ethan?
Conversaram durante um bom tempo no banco
de madeira da capela enquanto a tarde se esvaia. No dia seguinte, Padre Rupert
foi até a casa de Ethan para conversar com seus pais sobre a inclinação cristã
da criança e se eles estavam dispostos a deixar que o filho frequentasse a
igreja católica, que essa era sua vontade e talvez até que ele fosse batizado e
começasse a catequese. Seus pais se mostraram meio arredios á essa ideia, mas
por fim acabaram por deixar a Ethan frequentar a igreja, do jeito certo. Eles
notaram que ele estava feliz assim e acima de tudo eles queriam que ele fosse
feliz. Não passou-se muito tempo, Ethan já estava batizado, fazendo a catequese
para ter a primeira comunhão e logo, era coroinha da capela, ajudando Padre
Rupert nas tarefas da missa.
Ethan foi crescendo e quando foi chegando
a época, sentiu que logo não poderia mais ser coroinha, pois isso era coisa de
criança, mas de forma nenhuma poderia deixar de estar de forma ativa na igreja.
A resposta ele soube a vida inteira e o momento de dizê-la aos quatro ventos
havia chegado. Quando fez dezessete anos, pediu que Padre Rupert o inscrevesse
no seminário, se tornaria Padre. A noticia meio que caiu como uma bomba em sua
casa, principalmente em sua mãe que ainda se lembrava do ônibus incendiado.
Ainda era a Irlanda. Mas sua mãe acabou aceitando a decisão do filho, mas com
uma condição, de que ele não ficasse no pais. Ela sabia que havia esses padres
missionários que vão aonde o dever os chama, e que se ele fosse ser feliz, que
fosse feliz vivo, longe da Irlanda.
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Obras de Tolkien virando filmes!!!!
Olá leitores!!
Primeiramente devo dizer que AMO as obras de J.R.R. Tolkien. A primeira vez que eu ouvi falar sobre esse grande escritor foi quando estreiou "O Senhor dos Anéis" e sua triologia. Rapidamente procurei pelos livros e fiquei maravilhada com a história, como Tolkien construiu todo um mundo diferente, com linguagem, mapas, história, tudo, me tornei uma grande fã do "O Senhor dos Anéis" e de suas outras obras, como "O Hobbit", "Silmarillion", "Contos Inacabados", dentre outros.
Primeiramente devo dizer que AMO as obras de J.R.R. Tolkien. A primeira vez que eu ouvi falar sobre esse grande escritor foi quando estreiou "O Senhor dos Anéis" e sua triologia. Rapidamente procurei pelos livros e fiquei maravilhada com a história, como Tolkien construiu todo um mundo diferente, com linguagem, mapas, história, tudo, me tornei uma grande fã do "O Senhor dos Anéis" e de suas outras obras, como "O Hobbit", "Silmarillion", "Contos Inacabados", dentre outros.
trailer de "O Hobbit"
Depois de "O Senhor dos Aneis" , Peter Jackson resolveu fazer o filme de "O Hobbitt", que vai estreiar em dezembro de 2012, e será divido em três partes. Sim, três partes. A história volta atras alguns anos, e conta a história de Bilbo Bolseiro, o tio de Frodo, e de sua incrível jornada junto com os anões e Gandalf, o mago, até a Montanha Sombria, passnado por varios lugares e perigos e de como Bilbo conseguiu o Anél de poder da criatura Gollum. Estou ansiosa pela estréia e espero que o mundo realmente não acabe no dia vinte e um de dezembro, senão não veremos o final, não é?
Não suficiente, estava passando pelo Youtube quando me deparei com isso:
Trailer de "o Silmarilion", será?
Alguem pode me explicar??? Será que resolveram fazer também o Silmarillion? Mas não parece ser de Peter Jackson. De qualquer modo, parece que é um teaser, e vai estreiar em 2013. Se for verdade, acho muito bom o cinema estar se interessando mais por Tolkien e suas histórias riquissimas. O unico problema é que quando resolvem fazer filmes de histórias tão complexas, muita coisa se perde, estou decepcionada com Peter Jackson até hoje por deixar muita coisa do livro de fora em o senhor dos anéis.
Vou pesquisar mais sobre isso, e qualquer novidade eu vou postar aqui.
E vocês, o que acham de livros que viram filmes????
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terça-feira, 2 de outubro de 2012
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"Sebastian", Capitulo IV, de Natalia de Oliveira
Parte I
Capitulo IV
"O Agente Clark Davis"
- O que você pensa que está fazendo? –
Francesco dizia exasperado – Já faz um mês que está com a gente e não traz
nada! – estava furioso. – Nada de dinheiro, é um inútil.
- Sim, eu trago. – Sebastian protestava
ofendido.
- As mixarias que arranja esmolando não
são suficientes. – ele sibilou.
- O que quer que eu faça? Ainda não sei
falar sua língua direito, as pessoas não me entendem, como espera que eu me dê
bem? – protestou.
Francesco riu, os outros riram junto,
menos os irmãos Luigi e Pietro, que pareciam ser os únicos que demostravam ter certa
pena dele e não tomavam parte nas brincadeiras sem graça dos demais.
- Acho que você não pegou o espirito da
coisa, deixe-me explicar para que entenda: ou traz dinheiro, ou vai se entender
com o chefe. – aproximou-se de Sebastian – Acredite em mim, não vai querer
saber o que ele faz com maus investimentos.
Sebastian queria se afastar, mas
Francesco aproximava-se cada vez mais, fazendo-o encostar-se à parede.
Francesco colocara uma mão de cada lado de Sebastian, prendendo-o. Estavam
naquele beco em que fora deixado por Don Giovanni, não havia como escapar. Não
gostava de Francesco desde o começo, do jeito que ele o olhava, que se dirigia
a ele, era um jeito estranho meio lascivo, como se o quisesse, e isso lhe
causava calafrios. Ele aproximou o rosto bem perto do rosto de Sebastian,
sussurrando:
- Eu sugiro que caçe algo para fazer,
roube, furte algo, continue esmolando se quiser, mas tenho certeza que se daria
muito bem em outra área. Você é bonito demais para ser desperdiçado. –
aproximou-se tanto que Sebastian podia sentir sua respiração e se não tivesse
virado o rosto, Francesco teria o beijado. – Mas isso é só minha opinião. –
afastara-se – Faça o que tem que fazer e não me crie problemas.
Francesco olhou-o de cima abaixo com desdém e
caminhou em direção ao resto do grupo. Esforçava-se em lucrar, porém era
difícil conseguir qualquer coisa, e não tinha a intenção de cometer nenhum
crime, tentava manter o resquício de dignidade que ainda tinha.
Alterado, furioso, Sebastian foi para um canto
afastado do grupo, onde havia uma porta verde com um degrau na base, resolveu
sentar-se lá. Ficou com a cabeça baixa,
pensando em algum modo digno de trazer dinheiro, sem ter de apelar para a
prostituição ou criminalidade quando ouviu passos. Levantou a cabeça, eram os
gêmeos que vinham em sua direção. Eram idênticos: cabelos pretos, olhos
castanhos, usavam roupas simples, calça jeans e camiseta. Aproximavam-se, sabia
que vinham falar com ele, tudo bem, eram legais, pelo menos não riam dele
durante a provocação de Francesco á pouco. Chegaram e deliberadamente
colocaram-se cada um de um lado de Sebastian, apoiando-se na parede.
- Não é bom ficar sozinho. – começou Luigi.
- É, um garoto sozinho chama atenção das
pessoas erradas. – Pietro completou.
- Você é americano, não é? – Luigi
perguntou puxando conversa.
- Sou.
- Deve ter uma impressão horrível da
Itália. – Luigi ponderou.
- Mais ou menos.
- Esse Francesco, não é boa pessoa. –
Pietro disse olhando em direção onde o resto do grupo estava reunido. – Não
confie nele.
- Isso já deu pra perceber. Além do
mais, já fui alertado a não confiar em ninguém.
- Não é para tanto, pode confiar nas
pessoas certas. - Luigi dizia sério, deixando Sebastian confuso. – Podemos te
ajudar a ficar de boa. O que importa é entregar o dinheiro e ficar em paz. Agora,
você aceita nossa ajuda?
Naquela altura do campeonato, poderia
aceitar, qualquer ajuda era bem vinda.
- Claro. - respondeu – Mas eu não vou
ter que fazer nada ilegal ou criminoso, eu vou?
- Não, - Pietro riu – nós trabalhamos no
porto, ajudamos no embarque e desembarque de mercadorias e de vez em quando
como guias turísticos. Já vou dizendo, não é muito, mas dá pro Francesco não
encher o saco, e acho que pra você já está de bom tamanho.
- Eu sei, já estava começando a ficar
desesperado. – respondeu agora já mais a vontade com os gêmeos. – Se eu não
arrumasse dinheiro. . .
- Você não tem nenhuma experiência, não
é? – Pietro perguntou de repente olhando fixamente para Sebastian.
- Como assim?
- Nas
ruas, você não tem malícia, não sabe agir como menino de rua. – explicou Luigi.
- É porque nem sempre fui um. – disse
sério, lembrando-se de seu pai. – E vocês?
- Nós sempre fomos da rua. – Luigi
respondeu com certo pesar.- E é por isso que estamos aqui, para ajudar você a
pegar o jeito.
Luigi aproximara-se de Sebastian e sentara-se
ao seu lado no degrau.
- No começo vai ser difícil, você vai
sentir raiva, medo, ódio por tudo, mas depois de um tempo você se acostuma e tudo
o que vai importar é ficar vivo.
- É, - Sebastian parecia triste. –
Parece que eu vou ter que me acostumar.
Os irmãos o olhavam abaixar a cabeça e
começar a chorar, o que aguçou a curiosidade deles.
- Como veio parar aqui?
Sebastian levantou a cabeça tinha uma
expressão assustadoramente séria e os irmãos perceberam que ele tremia.
- Um homem amaldiçoado matou meu pai na
minha frente e achou que seria mais divertido me vender do que me matar também.
Mas eu digo uma coisa: - sua voz soava forte – antes que minha hora chegue, eu
vou matá-lo. Eu juro!
Pietro e Luigi se entreolharam, nunca viram
ninguém nutrir tanto ódio por outra pessoa, no entanto, entendiam seus motivos.
Assim nasceu a amizade entre Sebastian, Pietro e Luigi. Esse trio jamais se
separaria, estariam sempre juntos, numa amizade que perduraria por anos.
A delegacia de Aaron River estava um forno de
quente e a sala do Delegado Piston não era nada confortável com arquivos por
todos os lados e a mesa abarrotada de papéis. A única ventilação era a janela
aberta atrás da mesa, mas mesmo assim o Delegado Piston suava como um porco,
dentro de seu terno marrom.
Naquele momento, lia um dos vários boletins
de ocorrência feitos por moradores sobre os macacos de Robert Murphy. Roubo de
gado em um rancho era a bola da vez. Resmungou algo como “filhos da mãe” quando ouviu uma batida na porta de sua sala.
- Entre!
A porta abriu-se e um homem entrou. Era alto,
bom porte e jovem, tinha os cabelos de um castanho claro e os olhos do mesmo
tom. Tinha um olhar petulante, é verdade, curioso até. Usava um terno preto
impecável e ostentava um alvo sorriso de superioridade como se dissesse: “Você está num pardieiro, seu idiota.”.
- Em que posso
ajudar? – Piston disse colocando calmamente o boletim de ocorrência sobre a
mesa.
- Delegado
Piston? – adiantou-se em estender a mão para cumprimentá-lo. – Deixe-me
apresentar, sou Clark Davis.
Acolhedor, o
delegado sorriu e aceitou o cumprimento, apertando a mão daquele homem.
- Sou do FBI.
– o sorriso era tão cínico.
Neste momento,
o sorriso acolhedor de Piston esvaneceu-se, dando lugar a uma expressão
comicamente assustada. Clark Davis adorava causar esse espanto nas pessoas logo
de cara, costumava agir assim, pois quem se assustava ao saber que era um
Federal, era por que tinha algo a esconder.
- Mas eu só estava
esperando você daqui algumas semanas. . . – dizia nervoso.
- Digamos que
esse caso já esperou demais.
Passeava pela
sala, olhando tudo de cima á baixo analisando toda aquela desordem.
- Estamos
cuidando do caso Desmont. . .
- Estou vendo,
e espero que o estado dessa delegacia não reflita sua obstinação. Nem mesmo tem
uma assistente. Antes de entrar nessa sala, eu andei dando uma olhada no
recinto, é um milagre que ninguém tenha entrado aqui ainda e dominado o
delegado.
- O que está
insinuando?
- Que há uma
administração relapsa aqui. – disse com todas as letras – Sorte sua que eu não
sou da corregedoria e não é isso que eu estou investigando, ainda. Vim cuidar
de um acidente mal explicado e um desaparecimento de menor, quanto antes
cuidarmos disso melhor. – disse sério.
Como aquele
garoto mal saído das fraldas vinha se intrometendo assim em sua delegacia?
Tinha vontade de ponha-lo para fora á ponta pés, mas ele era do FBI e tinha que
obedecer.
- Por onde
quer começar?
- Que tal
exumando o corpo de Kevin Desmont? No meu relatório não foi mencionado nada
referente á uma necropsia no cadáver. Por quê?
- Por que não
houve necessidade, ele morreu carbonizado num incêndio. – o delegado afirmou –
A causa da morte parecia bem clara para mim.
- Mas não para
mim. Não há nenhum laudo médico comprovando o que disse.
- Não temos
médico legista aqui. – insistia em dificultar.
- Está olhando
para um. –sorria vitorioso – Os exames necessários serão feitos, Delegado
Piston, de um modo ou de outro.
- Só com uma
ordem judicial. – Piston o enfrentou desesperado enquanto via-o mexer dentro da
pasta que trazia consigo. – Não pode chegar aqui e ir desenterrando nossos
mortos á torta e á direita. . .
Davis tirara
um papel de dentro da pasta e o colocara com firmeza á frente do delegado.
- O que é
isso?
- A sua ordem
judicial. Não sei por que, eu tinha uma leve impressão de que ia precisar. Eu
não sou policial, senhor, sou um Federal. Pensa que eu não sei lhe dar com
gente como você? Eu conheço o seu tipo. Velho, desatualizado e provavelmente
corrupto. Eu só lhe aviso uma coisa, não tente me distrair ou atrapalhar essa
investigação de qualquer modo. A coisa pro seu lado não está boa. Agora, se não
se importa, vamos começar logo com isso.
Piston ficara
boquiaberto, aquele pentelho tinha resposta para tudo, logo de cara o desarmara
e agora ia ficar mais difícil impedir se trabalho. Tentara, mas não conseguira,
e agora, se desesperava, estava sem saída, tinha que pensar logo num modo de
contornar isso ou estaria frito. Mas que droga! Com a rede policial fervilhando
de incompetentes, eles tinham que lhe mandar justo o mais esperto.
- Vamos,
então. – disse vencido por final.
“Robert Murphy vai me matar!”, pensava
enquanto caminhava para a porta de saída.
Era um dia realmente quente, e era uma
tortura ficar ali de terno debaixo de um sol escaldante num campo aberto sem
sombra como era aquele cemitério. Davis tinha dó dos coveiros que foram
chamados às pressas para desenterrar um caixão que eles mesmos tiveram o
trabalho de enterrar dias antes. O delegado acompanhava a exumação ao lado de
Davis com certa impaciência, afinal, já que estava ali, que fosse depressa.
- Então, - Piston puxou conversa. – além
de policial também é medico?
-
Correto. – disse mecânico.
- Washington deve ser interessante.
- É corrido, temos muito trabalho.
De modo algum Clark Davis se parecia com um
policial comum, parecia mais um ator de Hollywood, esbanjando charme e
juventude no papel de bom policial. Tinha vinte e sete anos e já estava á dois
anos no FBI, entrara assim que saíra da faculdade de Stanford, com a ajuda de
um tio senador. Não fazia questão de esconder isso, odiava hipocrisia, e era
isso que o atraia no Boreau, adorava pegar os outros na mentira.
Fora designado para o caso Desmont por não
estar bem explicado, havia muitas contradições no relatório: o gritante fato da
criança ter sumido, o mistério de como o fogo começara e a falta de uma
necropsia no cadáver de Kevin Desmont, tudo isso contribuía para que seu
instinto lhe dissesse que tinha algo mais nessa história, e o que o corroía,
onde estava Chandler Desmont?
- Pronto chefe! – um dos coveiros
gritava de dentro da cova.
- Até que enfim. – Piston levantou as
mãos para o céu.
Um dos coveiros saiu da cova e jogou uma
corda para o que ficou, este a amarrou no caixão, deixando duas pontas que
pudessem puxar para cima. O coveiro então saiu também da cova, deu uma das
pontas para o companheiro e os dois começaram a puxar o caixão para fora do
buraco com grande esforço.
Davis ouvira então ,nesse momento, o som de
um carro se aproximando um pouco longe ainda, mas conseguiu distinguir o som do
motor de um carro grande. Desviando sua atenção dos coveiros que tão arduamente
trabalharam ao seu chamado, começou a procurar, olhando para os lados, de onde
vinha o carro. De fato, viu vindo pela estrada sul do cemitério, uma
caminhonete vermelha adiantando-se na direção do pequeno grupo com certa rapidez
incomum para um lugar como aquele. Ocorreu que talvez o assunto fosse com eles.
O veículo parou ao lado do carro do delegado,
uma viatura muito velha por sinal. Davis já não prestava mais a atenção á
exumação que acontecia, queria ver o que esse cidadão queria durante um
procedimento policial delicado demais para ser perturbado como aquele. Do
interior da caminhonete um senhor saiu, muito bem apessoado, com um ar
extremamente intimidador e ostentando um sorriso zombeteiro que Davis não
gostou nada. O Federal dera uma olhada de esguelha em Piston que demonstrava
agora certo nervosismo com a chegada daquele homem.
- Bom dia, senhores! – Robert Murphy
aproximou-se do grupo.
- Está atrapalhando uma ação federal. –
Davis já o cortara.
A
essa afirmação, uma nuvem assomou á face de Robert, mas ele soube disfarçar
bem.
- Num cemitério? – zombou.
- Às vezes, os mortos têm mais a dizer
do que os vivos. – disse serio. – E quem é o senhor?
- Sou Robert Murphy. Moro aqui na
cidade.
- Eu sou o Agente Clark Davis, do FBI. –
disse mais serio ainda. – Agora, se me permite saber, o que faz aqui?
- Vim visitar o mausoléu da minha
família ali na frente.
Davis sabia muito bem quando alguém mentia, e
esse Robert Murphy tinha um letreiro luminoso bem grande em sua testa piscando
“mentiroso”.
- Mas o que um Federal faz aqui em Aaron
River?
- Uma investigação difícil demais para a
polícia local. – disse cutucando Piston.
Davis e Robert travavam uma guerra com o
olhar. De cara, um não gostou do outro. Estavam em um silêncio súbito quando
ouviram o barulho de algo caindo no chão: era o caixão que finalmente fora
tirado da cova. Estava com uma grossa camada de terra por cima e os coveiros
tinham um ar aliviado e ao mesmo tempo cansado, afinal, era um caixão enorme.
- E agora, chefe?
- Levem para o necrotério do cemitério.
- Mas está desativado há meses, - o
delegado insistia – só a funerária funciona na cidade.
- Você tem as chaves do necrotério? –
perguntou direto.
- Tenho, mas. . .
- Ele está em ordem, quero dizer,
equipado?
- Está. . .
- Então me de as chaves. – esticou a mão
e esperava as chaves. Ninguém iria obstruir essa investigação.
Piston olhou para Robert, suplicante, que o
fuzilava com os olhos. Não teve outra saída, tirou o molho de chaves que
carregava preso ao cinto e dele tirou uma chave media.
- Abre a porta da frente. Na entrada,
num porta chaves do outro lado do balcão da recepção, preso á parede, tem as
chaves das salas de necropsia e do escritório. – relutante, entregou as chaves.
- Obrigado. – sorriu satisfeito. –
Senhores, - dirigiu-se aos coveiros. – sigam-me.
Acenou para Robert com a cabeça e sem mais,
saiu do gramado, seguido pelo caixão, indo em direção ao norte do cemitério,
onde ficava o necrotério.
- Seu idiota! – Robert esbravejou indo
em direção ao delegado. – Como deixou isso acontecer?!
- Ele chegou com uma ordem judicial. . .
– dava uns passos para trás, amedrontado.
- Será que é tão difícil entender? –
dizia com os olhos injetados de raiva. – Será que eu vou ter que explicar de
novo?
Robert investira um soco contra o estomago do
delegado que caíra ajoelhado, sem ar, vermelho como um tomate, os olhos
lacrimejando. O agressor puxava a arma do coldre que trazia escondida pelo
casaco e apontara para a cabeça de Piston.
- Quando eu digo para impedir uma
investigação, você impede.
- Eu não pude fazer nada, esse cara é
esperto, muito esperto, veio com um mandado de Washington, claro que se ele
tivesse requisitado o mandado aqui, ele não o teria. – suplicava.
- Eu estava ocupado, tratando dos meus
negócios quando Ike me disse que te viu sair da delegacia com aquele Federal
filho da mãe. – rodeava Piston. – Agora ele vai abrir o bastardo. Me diz, por
que eu ainda mantenho um estorvo como você vivo e me aborrecendo?
- Você precisa de mim para encobrir seus
rastros! – tinha a voz trêmula. – Há quantos anos eu trabalho para você,
limpando a sujeira dos seus macacos?
- Mas parece que não anda fazendo seu
trabalho direito. – encostava a arma na testa de Piston. – Seu inútil.
Seu coração batia descompassado, chorava
agora, podia ver claramente a morte dizendo “oi”.
Fechou os olhos quando começou a rezar. No entanto, Robert abaixou a arma.
- Você disse que ele é esperto, eu
também sou. – andou em direção ao tumulo aberto de Kevin.
Confuso, Piston levantou-se do chão,
estranhava essa mudança repentina, sabia que quando Robert sacava sua arma, ele
a usava.
- Tem razão, Jake, preciso de você. –
disse enigmático.
- Por quê?
- Está vendo essa arma? – sorria.
- Claro.
-
É a arma que usei no Desmont.
- Por que será que não estou surpreso? –
deu de ombros.
- Observe.
Robert esticou o braço e deixou a arma cair
no túmulo.
- O que está fazendo?
- Estou usando minha cabeça para algo mais
do que segurar o pescoço.
Pegara uma pá que os coveiros haviam deixado
sobre o monte de terra que haviam tirado da cova. Pegara um pouco de terra com
a pá e jogara dentro do tumulo, por cima da arma, enterrando-a, jogou mais duas
pás de terra e jogou a pá de lado, em cima do monte. A arma sumira dentro do
tumulo e agora Robert vinha em sua direção.
- Agora é isso o que você vai fazer: vai
voltar para a delegacia correndo e vai redigir um boletim de ocorrência
informando o roubo da minha arma, mas com data de três dias antes do incidente
com aqueles infelizes. O resto deixa comigo. Vou mandar esse cara de volta para
Washington em dois tempos. Quanto a você, - voltou-se para Piston – tô marcando
tudo no meu caderninho, lembre-se disso.
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