domingo, 26 de agosto de 2012

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"Eles estão vindo!" de Natalia de Oliveira


Eles estão vindo!
 
     Suzana olhava para seu relógio de pulso de cinco em cinco minutos. Eram dez e quinze da noite e ela espera que mais cinco minutos se passassem para que finalmente pudesse dar o expediente por encerrado e ir para casa. Suzana trabalhava em um mercadinho não muito longe de sua casa, o que era bom, pois podia ir e vir á pé, o problema era que fora escalada para o último turno, das duas horas da tarde até as dez e vinte da noite. Tudo bem que o mercadinho em si era fechado ás nove, mas tinha que ficar até as dez e vinte para organização reposição de mercadoria e essas coisas. Embora já tivesse terminado tudo já fazia uns quinze minutos, não podia ir embora por conta do sistema de banco de horas, ou seja, minutos á menos, pagamento á menos, e isso, ao contrario de outras coisas nessa empresa em que trabalhava, era seguido á risca.

     Estava sentada no sofá da salinha dos funcionários, de braços cruzados, com a bolsa no colo, olhando para o nada, esperando os minutos se arrastarem. Ouviu o som dos passos das suas colegas subirem a escada que levava ao segundo andar do pequeno prédio, onde fica o escritório, sala da gerencia e sala de funcionários. As vozes soavam animadas enquanto se aproximavam e entravam na sala.

     - Ah, mas aquela caixa de geleia estava mais do que vencida. – Carol disse entrando pela porta, ao mesmo tempo que tirava o crachá do pescoço.

     - Eu sei, mas você tinha que chamar um dos meninos para ajudar você a levar para a lata de lixo. – Jaqueline, a gerente da loja, disse em tom de reprovação. – Machuca as costas, ai eu quero ver trazer atestado.

     Jaqueline era gerente da loja, mas era tão humilde e companheira das outras operadoras de caixa que era impossível usar o termo chefe quando se referiam á ela.

     - Ah, já está ai? – Jaque disse olhando para Daniela – Vida boa né? – disse indo em direção aos armários para pegar sua bolsa.

     - Eu terminei de lavar a cozinha e os banheiros faz tempo. – Suzana argumentou com um meio sorrisinho. – Vocês que ficam ai, fazendo hora.

     - Fala, ligeirinha. – Carol disse chicoteando a perna de Suzana de leve.

     Todas usavam o uniforme do mercadinho, que se consistia de calça jeans e uma camisa polo verde com o logotipo do mercado. Só restavam as três para ir embora, e depois que as duas que faltavam pegaram suas bolsas, ficaram todas em frente ao relógio de ponto esperando dar a hora.

     Depois de terem passado o cartão, desceram a escada e saíram pela porta de aço que Jaque fechou com a chave que lhe era confiada. Depois das despedidas habituais, cada uma foi para um lado: Jaque iria pegar o ônibus sentido bairro Esperança, Carol iria pegar o ônibus sentido Centro, onde ela pegaria o ônibus para o seu bairro, já Suzana, como já foi dito, morava perto, por isso iria embora á pé.

     Perto é modo de dizer, o mercado ficava na avenida principal da cidade, Avenida Barão de Mauá, ela morava no bairro do Jardim Mauá, que começava na segunda entrada vindo em direção centro a partir do mercadinho. O motivo pelo qual Suzana não pegava ônibus era por que não havia ônibus que viesse sentido centro que virasse na entrada do seu bairro. Se quisesse, poderia pegar um, descer no centro, pegar outro que voltasse e nem desceria em sua rua, além de gastar no mínimo uma hora nisso, logo, ela preferia gastar vinte minutos e ir á pé.

     Pegou o celular em seu bolso, do outro bolso pegou os fones de ouvido, acoplou um no outro, selecionou uma musica, colocou os fones e saiu andando pela noite.

     Suzana tinha que admitir, quando fazia isso realmente não prestava atenção no que acontecia á sua volta. Não prestou atenção nos carros que passavam á toda velocidade na avenida, não prestou atenção em uma viatura que quase bateu em um carro bem perto dela, nem em varias outras coisas que estavam acontecendo á sua volta que estavam dando pistas do que estava acontecendo. Só prestava atenção na musica que ouvia.

     Atravessava a rua, mesmo no sinal vermelho, um carro quase a pegou. Ela xingou e continuou seu caminho estranhando o acontecido, afinal, era ela quem estava com a razão. Quando começou á subir a ladeira, percebeu que os estudantes que deveriam estar saindo da escola no mesmo horário não estavam nas ruas. Estranho. Então tirou o fone do ouvido e começou á prestar atenção. A noite estava muito quente e quieta, como se houvesse algo pesado no ar. Ouviu o som da sirene de uma ambulância que corria á toda velocidade na avenida lá embaixo, fazendo-a se virar para olhar. Achou muito estranho, pois lembrou-se de ter ouvido um carro de policia passar e aquele carro que quase a atropelou, será que estava todo mundo doido hoje?

     Continuou seguindo seu caminho e chegou á avenida Joaquin Chavasco, a avenida que antecedia sua rua, estava deserta, como nunca a tinha visto, até o bar, que sempre ficava aberto ao longo da noite estava com pessoas de menos e meia porta baixada. Ela passou olhando e reparou que as cinco pessoas que estavam dentro do bar estavam assistindo tv, mas não o canal de esportes, como era de costume, mas sim, o jornal. Todos tinham um ar muito estranho, e um deles veio até a porta e olhou para os dois lados da rua, procurando por alguma coisa que ele não queria ver. Quando ele viu Suzana ele fez uma cara de espanto.

     - O que você tá fazendo na rua, moleca?! Vai pra casa e se tranca! – ele gritou para ela.

     Como assim?! Quem era aquele cara? Nem o conhecia e ele estava mandando ela ir para casa como se ele fosse seu pai. Ela ficou tão bestificada com isso que nem respondeu, apertou o passo continuou seu caminho, sua casa estava á menos de cinco minutos.



     Sua casa era a primeira, quando a Joaquin Chavasco se bifurcava com a Albino Bianchi, do lado direito. Ela andava rapidamente e percebeu que uma pessoa vinha em sentido contrario ao dela, pela Joaquim Chavasco, a única pessoa que andava na rua além dela, mas havia algo estranho. Parecia ser um homem, pois parecia alto e forte, mas andava de forma estranha, meio cambaleante, torto, como se estivesse bêbado. “Ah, não! Um bêbado!” pensou. Outra vez apertou o passo, pela distancia que ele estava, ela estaria dentro de sua casa quando ele alcançasse a sua rua. Ajeitou a bolsa no ombro e caminhou rapidamente, quase como a marcha olímpica e como previra, descia a escada de sua casa antes que ele entrasse na rua.

     No momento em que descia a escada, o telefone celular em seu bolso tocou e ela atendeu quase se desequilibrando na escada.

     - Alô?

     - Suzana? Você tá em casa? – a voz de sua mãe soou do outro lado da linha.

     - Oi mãe, como vai mãe?

     - Responde menina, onde você está? – a voz de sua mãe soou nervosa.

     - Estou descendo a escada mãe.

     - Corre logo para dentro e se tranca.

     - Mas, oque. . . ? Como assim? – era a segunda pessoa que falava para ela se trancar.

     Nesse momento ela abria o portão de casa, mas como estava conversando com sua mãe no telefone de distraiu.

     - Oque está acontecendo?

     - Se tranca!

     - Mas. . .

     O telefone da casa tocou nesse momento, ela entrou e sem que percebesse deixou o portão entreaberto.

     - Espera um pouco mãe. – ela disse correndo através da cozinha e entrando na sala de estar para atender o telefone que ficava no canto da sala. Jogou a bolsa no sofá e atendeu o telefone. – Alô.

     - Suzana? – a voz de Jaqueline – Você já chegou em casa?

     - Já.

     - Você tá bem? – ela parecia nervosa.

     - Meu Deus, o que é que tá acontecendo afinal? Tá todo mundo dizendo para eu entrar em casa. – disse já irritada.

     - Liga a tv! Agora!

     Suzana sentiu um frio na barriga. Aquela sensação de que algo estava terrivelmente errado. O celular ainda estava em sua mão, então colocou o telefone de casa de ladinho na mesinha na qual ele ficava, pegou o controle remoto da tv que estava jogado no sofá e ligou a tv, que já estava sintonizada num canal de noticias. Uma repórter a qual não sabia o nome tinha uma expressão consternada, ela segurava um papel e era notável que ela tremia assim como sua voz.

     - . . . acaba de chegar da central de redação. - ela deu uma pausa e engoliu em seco, olhando para o papel em sua mão – O numero de ocorrências é impressionante, os telefones da policia e da emergência estão congestionados, mas. . . fontes em nossos blogs afirmam ser mais de 2000 ocorrências no Estado. As noticias ainda são controversas, mas todos os veículos de informações são unanimes em afirmar que. . . – a repórter leu, olhou para o lado, como se para confirmar se o que estava lendo era o que ela tinha que falar para o pais, e como se a resposta fosse afirmativa, ela tremeu mais uma vez e disse pausadamente - . . . os ataques á civis que começaram no começo dessa noite no Aeroporto de Congonhas foram causados por Mortos.

     - O que? – Suzana disse sozinha.

     - Mortos que, de alguma forma, levantaram e atacaram os vivos. A precaução recomendada é que de forma alguma os civis tentem interagir com os agressores, eles são extremamente perigosos, fortes e qualquer tentativa de conversa não funcionara. Sua intenção parece ser apenas a de causar danos com violência e. . . dentadas. Eles são extremamente violentos e acreditasse que também sejam portadores de alguma doença contagiosa, pois as vitimas, depois de atacadas, adquirem o mesmo comportamento.

     - Meu Deus do céu. – Suzana disse espantada com oque estava ouvindo. Isso não era possível.

     Ela assistia a isso boquiaberta. Será que isso era alguma pegadinha, alguma brincadeira de mau gosto? Os mortos estavam atacando os vivos? Não, isso era irreal demais. Mas aquela repórter tinha uma expressão de medo no rosto. Então começaram á exibir imagens dos acontecimentos: Pessoas que pareciam normais, mas estavam feridas, como se tivesse tido um acidente de carro gravíssimo, correndo atrás de outras que corriam em desespero; em alguns casos, um grupo de dez cercava uma garota e avançava nela, o resto da imagem era borrada, mas dava pra deduzir o que acontecia.

     Suzana até esqueceu o telefone, estava tonta com o que via na tv. Esqueceu até de que havia deixado o portão entreaberto. Ouviu uns passos na cozinha, mas ela morava sozinha. Virou-se, olhou para a porta da sala que levava á cozinha e viu que um homem estava entrando na sala, mas não era um homem normal, era um morto!    

     Ele era o mesmo homem que andava cambaleante na rua á pouco. Talvez ele tivesse visto Suzana, talvez ele tivesse sentido seu cheiro, a questão era que ele havia descido a escada, sabe Deus como, e agora estava ali, na sua casa. Ela não o conhecia, era branco, com uma camisa azul muito escura e uma calça jeans, seu lado esquerdo estava lavado de sangue, a cabeça, o pescoço tinha um ferimento enorme, e parecia que faltava um pedaço e de lá, jorrava o sangue que molhava sua roupa e fazia uma trilha no chão. Ela gritou e caiu no chão. A criatura soltou um guincho alto, como um animal enraivecido e avançou em direção á ela, mas ela foi ágil e escapou por baixo de seu braço que estava aberto para agarra-la. Ela saiu correndo pela cozinha, trombando na mesa de jantar. A cozinha era o cômodo central da casa, ao qual os demais cômodos estavam ligados, assim como seu quarto. Ela entrou em seu quarto com a criatura vindo cambaleante em seu encalço. Ela correu e entrou em seu banheiro, trancando-se, em seguida caiu no chão, batendo as costas na parede.

     Alguns segundos depois, ouviu a criatura soltar o guincho hediondo outra vez para em seguida começar á bater e á chutar a porta.

     - Meu Deus! – ela chorava. Ainda na mesma posição estatelada.

     A criatura continuava a bater, insistindo.

     A porta do banheiro estava ali desde que se lembrava, desde que era criança. Era de madeira boa e forte e mostrava poucos sinais de desgaste, mas isso não era motivo de alivio. Ela não sabia quanto tempo a porta aguentaria.

     Suzana respirava descompassadamente, nervosa. Tremia dos pés á cabeça, isso não podia estar acontecendo. Durante toda sua vida, assistira á filmes de zumbis, era fã de George Romero, mas ver essas coisas, essas criaturas na vida real era. . . era horrível.

     A criatura fez silencio e tudo ficou quieto, a não ser pela respiração de Suzana. Ela se ajeitou e ficou escutando. Nada. Se levantou, sufocando o choro com as mãos. Ela tremia mas foi se aproximando da porta. Ela encostou o ouvido na porta, tentando ouvir alguma coisa e nesse momento, a criatura bateu mais forte, chutando e esmurrando, arranhando com as unhas loucamente e guinchando daquele modo grotesco.

     Outra vez Suzana caiu no chão desesperada. Encolheu-se, abraçando as pernas e balançando como uma criança.

     - Pai nosso, que estais no céu, santificado seja vosso nome, venha á nos o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. . .

 

     Suzana abriu os olhos, a luz entrava pela pequena janela quadrada do banheiro. Sentiu uma dor horrível na barriga e se colocou sentada, o banheiro estava diferente, estava claro com a luz do sol. Levantou a polo verde e viu um hematoma como um traço na barriga, o encontro com a mesa na hora da fuga. Parou para ouvir. Percebera ao longo da noite que a criatura ficava quieta de proposito esperando que ela se aproximasse da porta, agora sim sabia que a criatura sentia seu cheiro, ela sabia que Suzana estava ali e não iria embora. De vez em quando Suzana o ouvia arranhar a porta com as unhas e respirar como se estivesse constipado. Suzana chorara tanto que dormira com tanta dor de cabeça, se bem que a pancada que levara na cabeça quando caíra de encontro a parede do banheiro contribuía muito.

      Levantou-se caminhou lentamente até o vaso sanitário. Se aliviou e em seguida foi até a pia, lavou as mãos e bebeu um pouco de agua. Olhou para a porta, a criatura que estava quieta voltara a bater na porta com violência, mas Suzana não tremia mais. Tivera bastante tempo para perceber que o morto não derrubaria a porta, por mais perigoso que fosse, não derrubaria uma porta de madeira maciça, seu problema era outro agora. Estava em um banheiro, mesmo que tivesse agua por um certo tempo, não tinha comida. Se não desse um jeito de sair de lá, morreria de inanição em pouco tempo. Não tinha para onde correr.

 

     O dia corria lento. Era o terceiro dia dentro do banheiro, Suzana estava encostada na parede, com as pernas estiradas no chão. Estava sem a camisa, só de sutiã, pois a camisa pendia molhada na pia, depois de ter se lavado precariamente na pia. Ela jogou um pedaço de azulejo que havia se soltado da parede com o seu impacto, e sua maior diversão era ficar jogando esse caco para lá e para cá. Ela jogou o azulejo na porta e outra vez a criatura se manifestou.

     - Cala a boca! – ela disse sem paciência esfregando as têmporas doloridas.

     Pior do que morrer de inanição era ficar ouvindo aquele ruído irritante até a hora derradeira. Ela devia ter imaginado que o fim seria assim, morrer de fome e de tedio.

     - Meu pai, você era chato assim quando você era vivo?

     Nesse momento ouviu um barulho, como de vários passos dentro de casa e a criatura guinchou. Pronto, agora sim, um monte desses e derrubariam a porta. Levantou-se apreensiva, no entanto algo estranho aconteceu.

     - Pode deixar, chefe, ele é meu! – Suzana ouviu a voz de um homem dentro do quarto.

     Ouviu um som metálico, como de o engatilhar de uma arma e então vários tiros. Suzana se agachou se encolhendo no canto do banheiro. Ouviu o som de alguma coisa pesada e mole caindo no chão, depois sangue escuro entrou por baixo da porta do banheiro. Suzana se levantou, não queria que aquele sangue tocasse nela pois lembrou-se do que a repórter disse três dias atrás.

     - Chefe, - a mesma voz disse outra vez – Tem alguma coisa ali dentro, eu vi sombra por baixo da porta.

     Suzana prendeu a respiração quando forçaram a maçaneta e constataram que a porta estava trancada por dentro.

     - Tem alguém vivo aqui?!

     - Tem! – ela gritou e abriu a porta, deparando-se com uma imagem que nunca imaginou ver na vida:

     Haviam cinco homens em seu quarto, com farda do exercito, portavam rifles e calibres 12 e outra gama de armas que ela não identificava mas que estavam apontadas para ela. A criatura estava jogada no chão praticamente sem a cabeça e seu sangue inundava o quarto e entrava no banheiro. Ela tinha os braços levantados mostrando que era inofensiva, pois estava assustada com aqueles soldados.

     - Moça, você está ferida? – o que parecia ser o líder disse com voz imponente.

     - Não.

     - Foi mordida ou atacada?

     - Não. – sua voz tremeu, eles apontavam a arma para sua cabeça.

     - Esse sangue entrou em contato com a senhora?

     - Não.

     Um dos soldados se aproximou dela e olhou bem no fundo de seus olhos. A pegou nos braços com uma delicadeza que ela estranhou e relutou um pouco.

     - Calma, amor.

     Ele a carregou até a cama, tirou a jaqueta da farda e a colocou sobre os ombros dela, cobrindo sua semi-nudez, um toque de cavalheirismo.

     - Qual seu nome? – ele disse tirando uma mecha de seu cabelo que caia em seu rosto.

     - Suzana.

     - Meu nome é Lucas. Há quanto tempo estava trancada no banheiro, querida? – ele disse com voz macia.

     - Três dias. – ela respondeu mais calma. – O que vocês estão fazendo aqui?

     - Somos desertores.  – ele sorriu - O mundo acabou, o governo, foi pelo ralo, estamos tentando achar algum lugar seguro e enquanto isso, vamos fazendo umas paradinhas.

     - Estão saqueando a minha casa? – nesse momento ouviu o som de vidro se quebrando na cozinha e percebeu que três soldados não estavam mais no quarto, apenas Lucas e o Chefe continuavam lá.

     - Ainda bem que estamos, não é? – ele sorriu naturalmente. – Está com fome? Claro que está. Vou trazer alguma coisa pra você comer.

     Com um olhar terno, ele se levantou e saiu do quarto, deixando apenas o Chefe com Suzana. Ela continuava ouvindo o barulho pela casa, das portas dos armários sendo abertas e seu conteúdo sendo saqueado. Isso era realmente o fim do mundo. Ela percebeu que os olhos do chefe estavam fixos nela, mais precisamente na jaqueta aberta. Inconscientemente ela se encolheu e fechou o zíper da jaqueta.

     - Desculpe se parecemos grosseiros, mas as coisas estão confusas no mundo. – ele disse com tom ameno

     - Eu agradeço pela ajuda, se não fosse por vocês eu teria ficado trancada naquele banheiro até morrer de inanição. – ela disse moderando a voz e tentando ignorar o fato de que estavam depenando sua casa.

     - Bem, como Lucas disse e você também já deve ter percebido, querida, o mundo foi pelo ralo. Não há mais governo, não há mais policia, nem criminosos, só existem sobreviventes. – ele disse com um tom estranho. – Espero que esteja me entendendo.

     - Estou. – não estava.

     - Pessoas nessas condições se transformam e agem de forma que não agiriam em sã consciência. Elas podem ser perigosas. Pode vir com a gente, se quiser. Uma garota novinha como você não pode ficar por ai desprotegida, podemos proteger você.

     - Como?

     - Ou você prefere ficar e voltar para o banheiro.

     Eles se olharam por um tempo.

     - Muito bem, to vendo que isso vai ter um preço.

     - Você é esperta. – ele disse com um meio sorriso.

     Ele tirou a jaqueta e a camisa camuflada e se aproximou de Suzana.

     - Vai ter o meu preço. – ela disse impedindo ele com a mão. – Você vai me dar uma dessas armas também, vai me ensinar a usar e vamos até a cidade de Pilar, ver se minha mãe está viva.

     - Justo.

     - Justíssimo. – Suzana concordou abrindo a jaqueta.


 

5 comentários:

  1. Oii Natalia, muuuito BOM esse Conto. Parabéns!
    Percebi que você gosta muito de Suspense e Terror assim como eu. Gostei do seu Blog, sempre que tiver um tempinho vou ler seus textos. Bjão!

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  2. Enquanto te lia me lembrava do Stephen King (adoro o pai da Torre Negra)... Em geral adoro ler, escrever mas... você me chamou bastante a atenção e conseguiu o efeito "prender" o leitor.

    Sempre que quiser viajar vou dar um "pulinho" por aqui...Ei! tem continuação? adoraria ver o resto...


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    1. Obrigada, fico feliz que tenha gostado. Também amo stephen King, O mestre. kkkkk. Então, em primeiro momento, esse é apenas um conto, que está publicado no meu livro de contos, o "uma carona no escuro", mas quam sabe mais tarde, se torne o prelúdio de uma historia mais complexa. Obrigada e bem vinda!!!!!

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  3. Olá Natália!

    Acabei de conhecer seu blog através do Aprendiz de Escritor.

    Li seu texto inteiro e gostei bastante. Sou escritor amador e comecei um blog pra divulgar o que escrevo.

    Posso tecer umas críticas? Aceite se quiser, não quero ser grosso.

    1) Primeiramente, parabéns pela história, está muito boa. Vou comentar apenas o que acho que poderia ser melhorado, ok?
    2) Há alguns erros de português que poderiam ser facilmente corrigidos. Acentos, á no lugar de há ou à. Pequenos coisas assim.
    3) Conte somente o que interessa ao leitor! Principalmente no caso de um conto ou crônica. Você deve conhecer esses locais onde se passa a história, mas detalhe apenas se for importante para a história. Também já passei por isso de querer fornecer informações ao meus leitores que eles (realmente) não precisavam.
    4) Você não precisa narrar evento por evento do que acontece. Um exemplo é na hora que ela vai por o fone de ouvido. Apenas conte o que aconteceu, não é preciso descrever cada etapa, a menos que queira dar bastante ênfase para aquilo.
    5) Uma parte da história não me parece bem desenvolvida. Não sou nenhum especialista perto de você em livros (vi que faz resenhas). O governo cair em 3 dias? Desculpe, mas não me convenceu, e é importante vencer isso em ficções.
    6) Gostei do final! Quebrou minhas espectativas. Mas (apesar de ser um conto) será que essa reação seria mesmo a da personagem (e não a da escritora)?

    Espero que leve minhas críticas pelo lado positivo. Como já disse, gostei bastante. Se puder, siga meu blog, acabei de começar.

    www.richardwriter.blogspot.com

    Abraços!

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    1. Olá Natália, tb gostei mt do seu blog e especialmente deste post! Parabéns...
      Como o Richrad, tb faria as mesmas observações quanto aos pequenos deslizes gramaticais e aos detalhes desnecessários na narrativa...
      Mas no contexto, sua narrativa é bem envolvente. Gostei! Aguardo seus comntários em meu blog,ok?

      Bjs e sucesso

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