O mistério das pegadas
Não que Alice não gostasse de viagens em
família para o campo, mas é que havia um limite entre campo e Terra Media, aquele
lugar parecia, como os antigos diziam, o fim do mundo conhecido.
Era uma cidadezinha no interior do Estado,
Pilar, zona rural, com sítios e chácaras. O centro da cidade era tão pequeno
que você o cruzava em dois minutos (á pé)
e as casas ficavam em estradinhas de terra que saiam da estrada principal. O
lugar era tão ermo, que o vizinho mais próximo ficava á um quilometro de
distancia, ou seja, se você tivesse um piripaque dentro de casa, ninguém
saberia á menos que o vizinho precisasse de um pouco de milho da sua plantação.
No caso de Alice, seu pai Rafael tinha um
sitio na zona rural, onde ele plantava vários tipos de plantas e árvores
frutíferas, era seu orgulho, e embora morasse na cidade de São Paulo, aos fins
de semana sempre pegava o carro e ia para lá, desfrutar da calma do interior.
Alice não gostava muito (entenda não
gostava nada), de ir para o mato. Em primeiro lugar, seu celular não
pegava; em segundo lugar, a internet não pegava; em terceiro lugar, era chato
pra caramba. Mas como já fazia muito tempo que não ia, e havia pegado folga
prolongada por conta da semana santa, seus pais fizeram a proposta de viajarem
durante o feriado. Teria preferido ficar em casa, mas ah, pelo menos colocaria
sua leitura em dia. Na quinta feira á tarde Rafael, Helena sua mãe e Alice
arrumaram as malas e pegaram a estrada e chegaram ao sitio ás dez da noite,
debaixo de uma chuva daquelas.
Não havia praticamente nada na dispensa do
sitio, levando-se em conta que Rafael só comprava coisas mais “sofisticadas”
quando Alice e Helena iam ao sitio, logo se depararam com apenas macarrão e
sardinha para o jantar. Na sexta feira de manhã, Alice e Helena pegaram o rumo
da estrada de terra. Havia uma pequena vendinha á três quilômetros de
distancia, na qual os agricultores que não quisessem se abalar até a cidade
poderiam abastecer suas provisões.
As duas andavam á pé pela estrada deserta,
uma vez que seu Rafael havia saído com o carro para buscar mudas de limoeiro no
sitio de um vizinho. Eram dez da manhã, mas o sol já estava alto e forte, não
havia lama na estrada, apenas terra seca.
- Ah, mas que droga! – Alice disse pela
terceira vez segurando seu celular no alto, procurando rede sem sucesso. –
Estamos em Lost, só pode. – disse, fazendo alusão á uma famosa serie de tv em
que um avião caia em uma ilha que seus sobreviventes se descobrem em uma
realidade paralela.
- Acho que o fim do mundo para você seria
a queda da rede mundial. – Helena zombou.
- Com certeza, se eu ver mais uma vaca, eu
tenho uma sincope.
- Não seja tão dramática. – a mãe sorriu –
Sinta o ar puro.
As duas continuaram o caminho conversando
sobre banalidades, apenas deixando que os pés as levassem. O caminho não era
difícil, não tinha como se perder: á partir da porteira, se caminhava reto por
um quilometro e meio até uma encruzilhada, lá se virava á esquerda e continuava
seguindo reto por mais um quilometro e meio até a vendinha. Era uma boa
caminhada, mas mãe e filha eram acostumadas á caminhar longas distancias, então
acordaram cedo, colocaram um boné na cabeça, uma garrafinha de agua na sacola e
pé na estrada (literalmente).
- Que horas são? – Helena perguntou á
filha que estava com o celular em mãos.
- Dez horas.
- Será que conseguimos chegar em casa
antes do meio dia? O almoço vai sair muito tarde se. . .
Nesse momento elas chegaram á encruzilhada
e teriam virado á esquerda como de costume, se algo não tivesse chamado sua
atenção.
A chuva da noite anterior fora tão forte
que criara enxurradas na beira da estrada, conforme a agua escoava, aquela
parte virou um lamaçal. As pegadas deixadas em um local como esse, são bem
marcadas e como o sol estava forte e secou o chão rapidamente, as marcas ficam
como fosseis, endurecidas e preservadas.
-
Nossa, que pegadas enormes esse cachorro deixou! – Alice comentou olhando uma
serie de pegadas no chão endurecido.
Aparentemente, um cão enorme havia passado
por ali, deixando pegadas do diâmetro de uma mão humana. Helena parou para
olhar e ficou meio que pasma. Voltou alguns passos para observar com um olhar
que pareceu estranho para Alice. Ela parou com um olhar interessado e disse
ainda olhando para o céu.
- Isso não é coisa de cachorro. – ela
disse e sorriu. – Vem ver isso.
Sem entender nada, Alice se aproximou da
mãe e procurou no chão o que ela via tão interessada. Não havia reparado quando
passara por ali de começo, mas agora via que havia muitas pegadas, que
aparentemente vinham de lá de trás, sempre pelo lado esquerdo da estrada. O
barro agira como cimento se solidificando e isso foi o que viram:
Pegadas humanas descalças vinham lá de
trás até a encruzilhada, chegando lá, quem quer que tenha formado aquelas
pegadas começara á andar em círculos, desesperado, e era aqui que a coisa
ficava estranha: as pegadas voltavam á se concentrar no lado esquerdo da
estrada, e era uma pegada muito estranha. Quando viu de relance, pensou que
fosse uma pegada humana, mas quando observou mais atentamente, percebeu que era
bem diferente, era maior, bem maior, a parte que deveria ser o calcanhar,
redondo como deveria ser, era triangular, comprida e reta, sem a curvatura da
planta do pé, e os dedos eram compridos como dedos da mão e haviam buracos
profundos, cinco deles, um na frente de cada dedo, indicando a presença de
garras. A pegada era funda, como se o que a tivesse marcado tivesse uns
duzentos quilos, bem no centro da encruzilhada. Então, as pegadas se tornavam
as de um cachorro enorme e seguiam em frente.
- Que coisa estranha. – Alice disse
espantada.
- Você não entendeu, não é? – Helena disse
olhando bem nos olhos da filha – Um Lobisomem
passou por aqui.
Alice olhou bem para o rosto da mãe e
então começou a rir.
- Criativa a senhora. – a garota disse
virando as costas e se afastando.
- Eu estou falando serio, essas coisas
existem! – ela disse apertando o passo para alcançar a filha – Observe, -
Helena a puxou pelo braço de volta onde as pegadas humanas estavam. – nesse
ponto ele ainda era humano, então a transformação começou, – apontava aonde as
pegadas formavam o circulo – e aqui, é ele transformado. – apontou onde as
pegadas eram as de cachorro.
- Que besteira! - ela riu da mãe – Um cara
descalço deve ter passado por aqui e depois um cachorro estupidamente grande
passou por cima das pegadas dele.
- Então por que as pegadas humanas de
repente somem e só ficam as de cachorro?
- Sei lá, você tá dando muita importância
para uma coisa tão pequena. – ela virou de costas e começou a andar.
- Se você tivesse ouvido as historias que
meu avo contava, você também daria importância. – disse já a alcançando e
seguindo de braços dados como eram acostumadas.
- Mãe, fala serio, isso não faz sentido.
- Como não? Quer que eu liste as
evidencias? Em primeiro lugar, estamos na quaresma, além de ser um período de
jejum e penitencia é um período em que os antigos acreditavam que coisas ruins
andavam soltas para atrapalhar as orações; em segundo, hoje é sexta, sexta em
uma quaresma; em terceiro, é lua cheia; em quarto, as pegadas estavam em uma
encruzilhada. . .
- Tá bom, tá bom. – ela interrompeu, ela
não queria discutir, pois sabia que a mãe teceria um monólogo sobre as
historias de seus antepassados dos confins de Minas Gerais.
Porem, instintivamente, foi acompanhando a
trilha feita pelo Lobisomem ao longo da estrada. Num certo ponto, a pegada
desviava do lado esquerdo, atravessando para o lado direito e sumia num pasto
cheio de vacas.
- Aposto que haviam mais vacas ai ontem. –
Helena disse com um sorrisinho, querendo dizer que a criatura teria dado cabo
de alguma vaca no meio da noite para matar sua fome.
Continuaram seu caminho e abruptamente as
pegadas apareciam de novo, seguindo dessa vez pelo lado direito da estrada.
Faltando uns oitenta metros para chegar á venda que já estava visível com suas
inconfundíveis paredes roxas, passaram por uma casa pequena, estava abandonada
á muito tempo, pois o teto havia caído e as portas e janelas pendiam quebradas
em seus batentes. Essa casa, tão simples, teria passado desapercebida se não
fosse o fato das pegadas desaparecerem de novo para dentro do mato, bem na
frente da casa.
- Ele deve estar dormindo ai, depois de se
fartar com a pobre vaca.
- Para com isso mãe! – Alice a repreendeu.
- Meu avo dizia que eles gostam de dormir
em casas abandonadas, onde ninguém vem encher o saco dele até de noite, quando
ele acorda para caçar. – disse com um tom forçadamente sombrio.
Helena gostava de provocar Alice,
assustando-a com essas historias do Além Minas, e ria. Sinceramente, nesse
aspecto, Alice achava sua mãe muito infantil, querendo assustá-la como se as
duas fossem ainda estudantes de quinta serie.
- Beleza, então vamos entrar ai e ver. –
Alice disse parando em frente a casa com um ar desafiador. – Vamos ver se tem
um Lobisomem mesmo. Estou com meu
celular, se ele estiver ai, eu tiro uma foto, vendemos e ficamos ricas. – disse
fazendo pouco.
- Seria uma atitude pouco inteligente. –
Helena se aproximou da filha e a pegou pelo braço gentilmente, puxando-a pela
estrada, para longe da casa abandonada. – Se um Lobisomem é descoberto por
alguém, ele mata a pessoa que descobriu, para guardar o segredo. E não queremos
isso.
- Você realmente acredita no que está
dizendo? – Alice já estava achando aquilo tudo ridículo.
- Já te disse, se tivesse ouvido as
historias do meu avô, também acreditaria.
Finalmente chegaram á vendinha num lugar
tão ermo que, fora a vendinha, o único lugar habitado ali era uma pequena
igreja que ficava do outro lado da rua, bem em frente. Compraram tudo o que
tinham que comprar e voltaram pelo mesmo caminho, conversando sobre temas mais
amenos e chupando um sorvetinho, tentando deixar essas ideias sobre lobisomens
e coisas do além para trás. No entanto, toda a convicção que Helena demonstrara
deixara Alice intrigada e mesmo que não quisesse, não conseguiu evitar de
acompanhar as pegadas com os olhos durante a volta para o sitio.
Chegaram em casa exatamente ao meio dia e
o resto do dia se seguiu normal: Helena ocupada com os afazeres domésticos e
Alice em seu quarto, lendo “A hora do
Vampiro” de Stephen King. Sim, era um livro de vampiros, nada haver com
lobisomens, mas mesmo assim, de tempos em tempos, olhava através da janela de
seu quarto, para o matagal.
Lá pelas seis horas da tarde, os cachorros
da propriedade, dois vira-latas de nome Saddam e Mina, começaram á latir. Era Rafael
que chegava com cinco peixes que havia passado a tarde inteira para pescar no
lago lá embaixo, depois do pomar, estava desapontado por não ter pegado mais
peixes.
Durante o jantar, o assunto doas pegadas
surgiu do nada, e não criou outra reação em Rafael senão um ataque de riso.
- Mas que besteira! – disse por fim,
depois de se recuperar das gargalhadas.
- É, besteira. – Alice comentou cética
como o pai, porem com um certo balanço na voz.
O assunto terminou por ali. Alice ajudou a
mãe com a louça e depois foi levar comida para os cães. Nossa, como a noite
caía rápido no interior. Colocou a comida nos pratos do Saddam e da Mina,
colocou a panela encima da casinha deles e tirou do bolso da calça um maço de
cigarros. Fumava fazia alguns meses, escondida da mãe, claro, mas também era
bem de vez em quando. Tirou o cigarro e o isqueiro do maço e ascendeu o
cigarro, soltado longamente a fumaça. Olhou para o céu escuro, cheio de
estrelas, como não dava para ver na cidade. Olhava para as estrelas e sua
atenção foi atraída para a lua que realmente estava cheia, redonda e branca. Um
calafrio a acometeu. Olhou para os lados e a fraca luz da varanda não iluminava
muito além da varanda em si, deixando as arvores á frente sombrias, tortas e
enegrecidas. Ouviu o som além delas, o som do farfalhar das folhas caídas, como
se algo se movesse ali. Olhou para trás, Saddam e mina estavam mais
interessados em seu jantar do que em folhas farfalhando.
- Que droga! – jogou o cigarro fora e
abanou a fumaça.
Aquele papo de cosas rondando na escuridão
deixara Alice impressionada. Pegou a panela em cima da casinha, entrou em casa
e trancou a porta, era cedo ainda, mas ninguém mais iria sair (ou entrar).
Ficou um tempo sozinha em seu quarto,
lendo o livro que estava muito interessante e quando deu por si, já eram dez e
meia, hora de seu seriado preferido, CSI
– investigação criminal, o qual não perdia um capitulo sequer. Foi até a
sala onde ficava a única tv da casa e sentou-se ao lado de sua mãe que também
apreciava o programa.
- Eu já ia te chamar. – Helena disse
oferecendo á Alice uma bacia com pipoca.
Mesmo que tentasse, Helena parecia ser a
única á prestar atenção aos investigadores que procuravam um assassino que
atuava nos cassinos de Las Vegas, á todo momento, Alice olhava por cima do
ombro, em direção á janela. Fala serio, sua mãe tinha conseguido deixa-la
paranoica. Quando terminou o CSI,
começou outro seriado, que sua mãe assistia, mas que Alice não gostava muito,
mas como Helena havia pedido para que ela ficasse, só para não assistir tv
sozinha, ela ficou, ainda intrigada com a janela. Havia um relógio de parede na
sala que dizia que eram onze horas e cinquenta e cinco minutos da noite. Mais
tarde, ela descobriria que o relógio estava cinco minutos atrasado.
- Pra mim já chega! Vou dormir. – Alice
disse de repente.
- Não vai ver o final do Monk?
- Se segundo Stephen king sete horas é a Hora do Vampiro, meia noite deve ser a Hora do Lobisomem e eu não quero estar
aqui para ver.
Nesse exato momento em que Alice proferiu
essas palavras, acreditem ou não, um uivo fez-se ouvir alto, agudo e
horripilante. Nunca tinham ouvida nada parecido com isso, e olha que tiveram
cachorros a vido toda. Tinham uma vizinha que tinha um Husky Siberiano, e
aquele bicho uivava, mas aquilo que escuraram era dez, vinte vezes mais alto e
agudo, não se comparava. Então Saddam e Mina começaram á latir enraivecidos,
como se quisessem pegar algo, pegar e matar. Mãe e filha se olharam assustadas.
- Eu te disse. – Helena disse baixo.
- Mãe. . . – Alice começava á ficar
apavorada.
- Calma, todos nessa casa são batizados, e
nenhum de nós está sangrando. Ou está?
- Claro que não. – disse estranhando a
pergunta.
- Então, não tem com oque se preocupar. –
ela disse controlando a voz para parecer calma.
Outro uivo mais medonho do que o primeiro
cortou a noite e os cachorros latiam com fúria do lado de fora e Alice dava
graças á Deus por eles estarem ali protegendo a casa. Por Deus, algo queria
entrar!
- É melhor irmos dormir. – Helena disse
tentando parecer lógica.
- E´ ruim que eu vou conseguir dormir com
seja lá o que for tentando entrar! – protestou.
- Os cachorros não vão deixar entrar, mas
se você se sente mais segura, vou colocar alho nas janelas e portas. Tá bom pra
você? – disse tentando convencê-la.
- Alho é para vampiros, mãe.- Alice disse
confusa
- É para proteção contra espíritos
malignos em geral. – justificou – Até lobisomem.
Helena foi até a cozinha e pegou no
suporte de temperos o pote de alho e uma a uma ela foi colocando alguns dentes
de alho nas janelas e nas portas. O latido dos cachorros lá fora continuava e
elas não entendiam como Rafael não acordava.
O quarto de Alice foi o ultimo á ser
lacrado com alho.
- Agora durma, vai ver, isso tudo não
passa de imaginação fértil e vamos rir muito disso amanhã. – disse com voz
calma.
As
duas abraçaram-se e helena deixou a filha sozinha. Alice trocou de roupa,
colocou o pijama, apagou a luz e deitou-se. Naquela escuridão tudo parecia mais
sinistro, a luz da lua entrava pela fresta da janela, projetando um jogo
fantasmagórico de luz e sombra á frente da cama. É incrível como só reparamos
nesse tipo de coisa nas horas mais improprias.
Alice tentava dormir, mas não conseguia,
assim como aquelas pessoas que não conseguem dormir se algo esta fora do lugar,
ou não fica sossegado até verificar pela quinta vez que as trancas estão
trancadas. E o barulho daqueles cachorros? Sentiu vontade de sair e brigar com
eles, mas não era louca de por o pé para fora até que estivesse dia claro.
Havia um rosário do criado mudo ao lado da
cama, Alice o pegou e quando percebeu, estava rezando. Não se lembrava de ter
sentido tanto medo em sua vida. Tudo bem, não era exatamente medo, era mais uma
espécie de desconforto com uma situação, e o sentia forte, como nunca. Talvez
se sentia uma tola pela manhã, mas por hora não soltaria o terço.
Realmente não o soltou. Não lembrava-se de
quando havia pego no sono, só sabia que os cães ainda latiam quando dormiu e
quando acordou, ainda segurava o terço na mão. Ainda estava meio sonolenta,
esfregava os olhos com a costa da mão quando ouviu batidas na porta.
- Alice, acorda! Você tem que ver isso! –
a voz de Helena soou do outro lado da porta, agitada.
Num pulo, Alice levantou-se e abriu a
porta do quarto, sua mãe esperava em frente, também com roupa de dormir.
- O que aconteceu?
- Essa você tem que ver!
Helena a pegou pelo braço e foi puxando
pelo corredor da casa, passaram pela cozinha e saíram da casa. Caminharam
rápido pela entrada de carros e seguiram pelo caminhozinho que levava á
porteira, onde Rafael e mais dois vizinhos que Alice nunca lembrava o nome
estavam, olhavam alternadamente para o chão, para a porteira e cochichavam
coisas.
Quando mãe e filha chegaram perto o
suficiente, os homens deram passagem e Alice quase caiu para trás: ali, na
porteira, haviam as mesmas pegadas da encruzilhada, além de arranhões na terra
e na madeira da porteira, mas não eram simples arranhões, eram talhos na
madeira, feitas por garras afiadíssimas ou por um formão.
As duas entreolharam-se espantadas e no
meio de tantas ponderações que os vizinhos faziam, elas sabiam a verdade.
Com o tempo, Rafael e os vizinhos
convenceram-se de que quem tinha feito aquelas marcar teria sido o Mastife do
vizinho japonês, Kioshi, que tentara entrar no sitio para comer as galinhas,
mas nada tiraria da cabeça de Alice que se tratava de algo muito, muito pior.
Ela nunca mais voltou para o sitio depois dessa, pelo menos, não durante a
quaresma.