Seu
vizinho Henry tinha um gato tigrado de branco, cinza e preto e olhos verdes
faiscantes chamado Tiger, claro. Um gato peludo e enorme de aproximadamente
sete quilos ou mais, e isso para um gato é muito. Não que ele fosse gordo, ele
era grande mesmo, parecia uma espécie de felino selvagem ou coisa parecida. E
ele era uma gato estranho, sem raça definida, pois ele tinha a cor de Angorá,
pelo denso como Persa mas sem a cara achatada. Henry tinha orgulho em dizer que
ele era um gato raro e duvidava que houvesse um igual.
Tiger, como qualquer gato, tinha uma vida
noturna e gostava de passear pelos telhados da vizinhança, e de todos os
telhados que ele poderia ter escolhido para ser seu preferido, ele escolhera o
telhado da casa de Justin. Todas as noites quando Justin se deitava para
dormir, (só deitava, porque dormir era outra historia), ele ouvia o
barulho daquele gato estupido perambulando no telhado a noite inteira. Não
sabia explicar se era por causa de seu tamanho avantajado, mas aquele gato tinha
o péssimo habito de quebrar as telhas e semana passada ele havia quebrado pelo
menos umas cinco telhas num encontro amoroso com a gata siamesa dos Leeds.
Tudo culpa daquele gato!
Pensava essas coisas enquanto pegava uma
telha, dessas pequenas de trinta centímetros por quinze, cor de cerâmica. O sol
de domingo queimava sua nuca e tudo o que queria naquele momento era estar no
churrasco na casa do Manny, bebendo uma cerveja gelada, aproveitando seu fim de
semana como tinha direito. Talvez, quando terminasse até pudesse ir, afinal,
ainda era três horas da tarde.
Começou então á apressar o serviço,
empolgado com a possibilidade de aquele dia poder terminar de forma proveitosa.
Posicionou a telha no lugar daquela que havia sido removida e em seguida, pegou
o martelo para pregar a telha e começou a martelar de forma vigorosa, no
entanto, acabou acertando o dedo indicador. No momento, largou o martelo e
soltou uma exclamação de dor, segurando dedo machucado. “Mas que droga!” gritou em pensamento, agora isso? Se ele já estava
de mau humor, aquilo foi a gota d’agua. Ah, se encontrasse aquele gato. . .
Nesse momento olhou para frente e o viu á
poucos metros dele, ali no telhado. Tiger olhava para Justin com aqueles olhos
verdes brilhantes, calmamente sentado sobre as patas balançando sua cauda
espessa, apenas olhando para ele com aquele ar de deboche.
- Ah, só pode ser brincadeira! – Justin
disse alto para si mesmo.
Sentia tanto ódio por aquele bicho como
nunca sentira por nenhum ser vivo em toda sua vida. Por causa dele, estava
fritando seus miolos embaixo daquele sol escaldante; por causa dele, não estava
aproveitando seu dia de folga com seus amigos e ainda por cima, arrebentara seu
dedo. Justin olhou para o lado e viu o martelo que havia largado quando se
machucara. Ele não havia escorregado e caído lá embaixo, ele estava ali, ao
alcance de seu braço. Olhou outra vez para o gato que continuava parado olhando
para ele e não pensou duas vezes: Justin pegou o martelo e o jogou na direção
do bichano. Ele errou, nunca fora bom nisso, mas o gato se assustou e pulou do
telhado.
- Vá embora daqui! – Justin gritou ao ver
o gato pular. – Gato maldito. – resmungou.
Resmungou fundo, acalmando-se. Só estava nervoso, só isso, ouvira certa
vez que jogar coisas acalmava, e era verdade, depois de ter jogado o martelo,
sentia-se muito melhor, pelo menos aquele gato não estava mais lá, zombando
dele.
Só então percebeu que havia jogado o
martelo longe demais e dessa vez sim, ele havia caído lá embaixo. Que droga!
Agora teria que descer para pegar o martelo e ainda faltavam duas telhas para
trocar. “Sua besta!”.
Justin havia colocado uma escada de
madeira apoiada na parede para subir no telhado e agora descia por ela. Porque
é mais fácil subir do que descer? Ao terminar de descer a escada, olhava para o
gramado do seu quintal procurando o martelo que caíra, encontrando-o á três
metros da casa, perto da cerca. Com os olhos fixos no martelo, ele aproximou-se
do objeto, abaixou-se e pegou-o. Levantou a cabeça por um segundo, não sabia
por que e se espantou com o que viu.
Seu quintal era circundado por uma cerca
de um metro e meio de altura, uma cerca de ferro, com lanças pontiagudas.
Justin havia colocado essa cerca no semestre passado, quando roubaram o carro
de sua sogra da vaga de visitas, e só então vira o que ela podia fazer. Viu uma
cena tão horrível que quase gritou: Tiger estava ali, empalado nas lanças. Quando
Justin jogara o martelo, o gato se assustara e pulara ás cegas, caindo nas
lanças, tendo uma morte prematura. Seu sangue escorria pelo ferro, tingindo de
vermelho as margaridas que cresciam junto á cerca. Seus olhos verdes ainda
estavam abertos, mas estavam opacos e continuavam olhando para Justin.
Justin levara a mão á boca para abafar uma
exclamação de horror. “Meu Deus! O que eu
fiz”. Olhou para os lados, ninguém passava na rua e sua mulher Madeleine
passava roupa dentro de casa ouvindo radio e nem se dava conta do que estava
acontecendo no quintal. Olhou para a casa ao lado, a casa de Henry. “O que você vai dizer para ele?”, a voz
em sua consciência dizia, “O que você vai
dizer quando o seu amigo ver o gatinho querido dele no espeto e pronto para o
churrasco?”.
- Foi um acidente. . . – murmurou para si
mesmo. – Eu não queria. . .
- “Claro
que queria, afinal, o martelo não deu aquele
salto mortal sozinho”- a voz da consciência continuava. - “Você sabe o quanto Henry gostava desse gato.”- a voz em sua mente disse,
parecida com a voz de Madeleine.
- “Você
sabe que Henry sabe o quanto você não gosta
desse gato.” – uma outra voz cortou a primeira, uma voz que vinha de
lugares mais profundos de sua mente, uma voz parecida com a de seu falecido
pai. –“Aquele Maricas vai fazer um
escândalo.”
- A culpa é minha. – Justin murmurou
sozinho.
- “Que
bom que reconhece.” – a voz de Madeleine o repreendeu. – “Tiger era só um gato, fazendo o que era de
sua natureza fazer. Você era o humano, que devia ter o mínimo de autocontrole.
. .”
- “O
que?” – cortou a voz de seu pai. – “Aquele gato era um safado, um filho da
mãe, ele mereceu!”
As duas vozes sempre debatiam em sua
mente, sua própria versão do diabinho e do anjinho em cada ombro, claro que a
voz de Madeleine representava o anjinho e a de seu pai o diabinho. Sempre dava
preferencia á voz de Madeleine, mas a voz de seu pai estava mais alta do que de
costume.
- “Pense
na tristeza que Henry vai sentir” – a voz de Madeleine soava reprovadora.
- “Cale
a boca!” – seu pai a cortou de novo. – “Pense
no lado positivo disso tudo: não vai ter mais gato nenhum para encher o saco.”
Justin odiava ter que admitir, mas era
verdade, e de repente a voz de Madeleine sumiu.
-
Tá, mas oque eu faço com esse gato? Ele não pode ficar ai pendurado para
sempre. – Justin sem perceber disse em voz alta.
- “Tire-o
dai.” – a voz de seu pai disse com voz tentadora. – “Esconda-o e não diga nada para o Henry, você estará fazendo um favor
para ele, na verdade.”
- Mas aonde vou escondê-lo?
- “Seu
jardim é grande o suficiente, além do mais, lembra daquelas hortênsias que você
ia replantar no chão? Acho que é uma boa hora.”
Justin olhou para os lados outra vez, a
rua continuava deserta e sua mulher provavelmente ainda passava roupa ouvindo
radio. Aproximou-se da cerca e observou o animalzinho mais de perto com certa
aflição. Ele relutou um pouco, mas com cuidado, conseguiu retirar o gato das
lanças e o segurava nos braços. Nossa, como era pesado, e como estava mole. A
lança havia perfurado seu peito, deixando um buraco vermelho no emaranhado de
pelos brancos do peito. Olhou bem para Tiger, e aquela imagem lhe apertou o
coração. Mas não tinha tempo, Henry, havia ido para o churrasco, e logo estaria
de volta.
Ali mesmo resolveu enterra-lo, primeiro
deitou-o no chão com delicadeza, então correu até a garagem que estava com a
porta aberta e pegou suas ferramentas de jardinagem (seu hobby), e os três vasos de hortênsias que seriam replantados.
Voltou correndo até a cerca, onde havia deixado o gato e com vigor começou a
cavar. Demorou para cavar um buraco suficientemente grande para comportar
Tiger, ainda mais cavando com aquela pazinha minúscula de jardinagem, mas
conseguiu. Colocou o gato na cova improvisada e sentiu um calafrio ao ver seus
olhos verdes olhando em sua direção. Quando pegou a pá para começar á jogar a
terra por cima do defunto ele hesitou e a voz de Madeleine voltou á cutuca-lo.
- “Você
tem certeza de que quer fazer isso? Porque isso não é certo.”
- Tá bom, o que você sugere que eu faça?
- “Olha,
eu vou estar aqui para cutuca-lo toda vez que você ver um gatinho passando,
toda vez que você assistir o Garfield, eu não vou deixar você em paz.”
- “Você
já cavou o buraco, não vai parar agora.”- a voz de seu pai disse enfática,
assustando-o.
- Não, não vou.
Munido de uma coragem que ele não tinha,
continuou o trabalho e meia hora depois, havia um belo canteirinho de
hortênsias azuis ao pé da cerca. Justin levantou-se ainda com a pá na mão e
passou o antebraço na testa suada. Olhou para a rua e suas pernas ficaram
bambas, pois viu o carro de Henry dobrando a esquina e entrando na rua, vindo
em sua direção e de repente um pavor tomou conta dele, como o friozinho na
barriga que uma criança sente quando faz alguma arte do tipo quebrar o prato
preferido da mãe só para vê-la entrar na cozinha segundos depois do acontecido.
Mas Tiger não era um simples prato quebrado.
O carro aproximava-se cada vez mais,
resolveu sair dali, entrar em casa, pois não queria se encontrar com Henry,
pelo menos não ainda, mas antes que chegasse á porta de garagem, Henry buzinou
chamando sua atenção. Justin sabia que era com ele, queria que não fosse, mas
era para ele e não teve outra alterativa senão virar-se depois de pregar um
sorriso de coringa no rosto.
- Oi Justin! – Henry disse com um sorriso
sincero. – Por que não foi para o churrasco do Manny?
- Eu. . . fiquei concertando o telhado que
quebrou.
- Com uma pá? – disse reparando na pá
ainda em sua mão.
- A pá? – ele deu um riso nervoso. – Não,
é que eu resolvi mexer no jardim um pouco.
- Então está bem. – sorriu – O pessoal
sentiu sua falta, foi uma tarde muito legal.
Henry ligou o carro e continuou o caminho
até sua casa, deixando Justin lá, pensando seriamente na frase de seu pai, “Ele
mereceu.”.
Logo a noite chegou deixando tudo mais
sombrio. Em seu quarto, antes de deitar-se para dormir, Justin aproximou-se da
janela e ficou olhando para fora durante um bom tempo, mais precisamente para o
canteiro de hortênsias que enfeitavam o tumulo de Tiger com certa aflição. Que
sinistro era pensar em tudo o que acontecera aquela tarde. Tinha certeza de
toda vez que olhasse para aquelas flores sentiria um calafrio. E aquelas
lanças? Iria mandar serra-las amanhã mesmo, pois imaginou se invés do gato, se fosse
ele que tivesse caído.
Ouviu o telefone tocar mas não deu
importância, a real Madeleine estava lá para atender, e ele estava por demais
intrigado com seus próprios pensamentos. Depois de alguns minutos ouviu sua
esposa desligar o telefone que ficava no criado mudo ao lado da cama sem nem
ter prestado atenção na conversa.
- Querido, era o Henry. – a real Madeleine
disse tirando-o de seus pensamentos.
- Oque ele queria? – respondeu um tanto
áspero sem tirar os olhos do tumulo secreto.
-
Perguntou se você não viu o gato dele, o Tiger. Parece que sumiu.
- Não, não o vi. – mentiu sentindo um frio
na barriga. – Mas gatos somem, não é? É de sua natureza andar por ai.
- Pode ser, mas aquele gato era muito
estranho.
- Ele é só um bicho, Maddie. – disse
afastando-se da janela.
- Ouvi falar certa vez que gatos são os
guardiões das portas do Mundo dos Mortos, e que quando eles somem de nossas
vistas, é lá que eles estão.
- Aonde ouviu essa besteira? – disse
intrigado ao sentar-se na cama.
- Não me lembro. É uma dessas crendices
que se ouve quando criança e fica no inconsciente. – sorriu de maneira amena ao
ajeitar-se na cama para dormir. – Uma besteira, realmente.
- Não sei. - disse serio – Quem sabe Tiger
não está dando um olá para o James Dean bem agora? – deitou-se.
- Que horror, Justin! – Maddie disse em
tom repreensivo, mas com um tom de humor, pois ela ainda sorria. – Vamos
dormir.
Não se passou cinco minutos, Justin
percebeu que Madeleine respirava profundamente, indicando que dormia. Ele ainda
ficou acordado olhando para o teto. É, Tiger nunca mais iria ficar andando pelo
teto fazendo-o ficar acordado a noite toda. Sentiu uma ponta de culpa, mas foi
só. Pensando em outras coisas, logo adormeceu entrando em sono profundo.
Quando o relógio marcou três e vinte da
manhã Justin acordou sobressaltado. Ele tinha ouvido um barulho que parecera
tão distante. Não soube se era real ou fruto de um sonho, mas era algo parecido
com vidro sendo arranhado. Aprumou-se na cama e olhou para a janela, não havia
nada lá, mas sentira uma sensação tão ruim. Ficou um tempo sentado na cama,
olhando em direção á janela em silencio, apenas escutando, mas não havia
absolutamente nada além do negro da noite. Mas aquele som, estranho, vidro
sendo arranhado. Era um som bem característico, era tipo, agulhas ou algo muito
fino. Então com horror, algo lhe ocorreu: unhas de gato.
Não, não podia ser. Levantou-se e caminhou
até a janela, abriu-a e olhou para fora. Não viu nada. Estava tudo quieto, na
vizinhança todos estavam em suas camas, dormiam o sono dos justos em paz e o
silencio era mortal. Nunca em sua vida ouvira (ou não ouvira) um
silencio como aquele.
Olhou então para as hortênsias sinistras:
tudo estava como deixara á tarde e como vira da janela momentos antes de
dormir. Balançou a cabeça como se isso espantasse esses pensamentos e fechou a
janela outra vez, voltando para a cama e deitando-se ao lado de Madeleine que
dormia profundamente. “Não é nada, volte
á dormir.”, pensou ao fechar os olhos um pouco mais sossegado.
Miau.
Justin ouviu um miado prolongado que
parecia estar vindo do telhado.
Miau.
O miado fez-se ouvir novamente. Era agudo,
dolorido e contínuo.
Miau.
Repetiu. Então Justin começou á ouvir um
som bem familiar, os passos de um certo gato pesado perambulando pelo telhado.
Não podia ser, eram os passos que tantas vezes ouvira e tirara seu sono por
noites á fio, os passos de Tiger. O gato andava e miava, miava e andava sem
parar.
Justin tapou os ouvidos com as mãos
desesperado. Não era Tiger, não era! Tiger estava mortinho, servindo de adubo
para suas hortênsias, estava ouvindo coisas que não existiam.
Miau.
Ouviu então uma telha partir-se. Será que
tudo isso era sua imaginação pregando-lhe uma peça? Sua consciência pesada
cutucando-o como ela avisara? Levantou-se ouvindo os passos daquele ser em cima
de sua casa e pôs-se á andar pelo quarto. Olhou para Madeleine que dormia
profundamente sem se dar conta do que acontecia com seu marido. Pensou em
acorda-la para perguntar se ela também ouvia o som que o atormentava. Não, se a
acordasse, teria que explicar a historia toda e ela acabaria fazendo um
escândalo.
Pensou que poderia ser até um outro gato,
afinal, Tiger não era o único bichano da vizinhança. Mas reconhecia seus
passos, por anos ouvira-o perambular por seu telhado e não conhecia outro gato
capaz de quebrar telhas. Mas ele estava morto, estava enterrado em seu jardim.
- “E
por que você não vai lá tirar a prova?” – a voz de seu pai ressoou em sua
cabeça outra vez.
- Eu não vou cavar o jardim agora. –
rebateu para si mesmo.
- “Do
que está com medo? De encontrar ou de não encontrar o gato enterrado?”
Não queria ir, mas sabia que essa era a
única forma de saber. Pegou um casaco no armário e vestiu-o, saindo do quarto
com cuidado para não acordar Madeleine. Desceu até a garagem, pegou seus
instrumentos de jardinagem e saiu para o quintal pela porta da garagem.
A lua iluminava tudo e naquela luz, seu
jardim lhe pareceu tão sinistro. Só então algo lhe ocorreu: a cerca de ferro
com lanças, flores e uma tumba, seu jardim era um cemitério. Um calafrio
percorreu lhe a espinha e arrepiou lhe os pelinhos da nuca, isso foi tão forte
que quase voltou para trás. Mas tinha que saber.
Aproximou-se do pequeno canteiro de
hortênsias, ajoelhou-se e começou á cavar. Tirou as flores primeiro e depois
começou á cavar com mais vigor. Cavou e cavou durante muito tempo, e quando percebeu,
havia cavado mais agora do que havia cavado durante a tarde e nada de encontrar
o gato.
- Não. . .
Em vão cavou mais fundo, porem, nada de
gato.
- Como ele não está aqui? Eu o enterrei! –
disse desesperado – Será que o bicho estava vivo?
Mas não havia sinal de que nada havia
saído, nem de dentro para fora, nem nada fora arrancado. Nesse momento,
lembrou-se do que Madeleine disse antes de dormir: “Gatos são os guardiões do Mundo dos Mortos.”.
Justin estava ali, todo sujo de terra,
cavando uma cova vazia na madrugada e sua fisionomia era de alguém
transtornado. Ouviu então outra telha quebrar e virou-se para olhar para o
telhado. Havia um gato lá, pelo menos a silhueta de um gato enorme e Justin via
tudo aquilo horrorizado. Será que era Tiger? Tinha que ter certeza.
Ele voltou á garagem, pegou a escada que
usara de tarde a apoiou na parede. Com cuidado começou á subir e logo alcançou
o telhado. Quando conseguiu se equilibrar na beira do telhado, começou a
procurar o gato com os olhos. Estava uma noite de lua clara e viu o gato perto
dele. Ironicamente, Justin estava no lugar em que vira Tiger e o gato estava no
lugar onde Justin trocava a telha.
Um sentimento de medo e repulsa misturados
tomavam conta de Justin. Era Tiger, grande, tigrado, seus grandes olhos verdes,
brilhantes de um modo sinistro olhavam fixamente para ele e o ferimento aberto
em seu peito ainda sangrava.
- É você mesmo, Tiger? Você voltou para me
atormentar, seu gato maldito?! – gritou fora de si.
Então Tiger correu em sua direção, pulou e se agarrou em seu pescoço.
Justin desequilibrou-se e caiu do telhado naquela noite clara de domingo.
Encontraram-no na manhã seguinte, empalado em sua própria cerca de ferro, assim
como Tiger, do qual ninguém nunca mais ouviu falar.
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