quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

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"O padre e a bruxa" capitulo 2

Olá Leitores, mais um trecho de uma história minha!

O Padre e a Bruxa
CAPITULO II

 

 

     Elder era uma cidade realmente pequena no interior do Maine, você podia chegar á ela pela estrada, se tivesse paciência, depois de passar por muitas árvores, um esquilo ocasional no meio da estrada e quase nenhum outro carro de passeio (a maioria era de caminhões fazendo seu caminho através do país). Tinha setecentos e poucos habitantes, era em sua maioria uma comunidade rural, de gente comum e decente, vivendo numa cidade onde todos se conheciam, em que havia almoço comunitário de domingo, onde se podia ouvir pássaros cantando o dia inteiro e á noite se podia ver as estrelas no céu. Onde se sentia o cheiro de torta de amora pela rua toda á tarde e onde as mães não precisavam pedir antecedentes criminais ás potenciais babás.




     Ethan estava vindo de carro, Monty Tyler, o sacristão da igreja de São João, viera busca-lo no aeroporto do Maine e já estavam na estrada a mais ou menos duas horas, e Ethan pensava consigo mesmo que uma pessoa só percebia realmente que está no interior, quando vê uma placa com um veado saltitante e os dizeres logo abaixo: travessia de animais. Ethan sorriu ao ver essa placa, imaginando se o pobre veado sabia que sua imagem numa placa era de grande contribuição para a segurança da fauna local, embora ele soubesse com dor no coração que os motoristas preferiam ignorar essa placa, e quando um animal desavisado cruzava a estrada, o motorista preferia atropelar o pobre bicho á diminuir a velocidade.

     Ele estivera calado boa parte da viagem, mas quando Monty puxava assunto sobre alguma coisa ele se demonstrava bastante interessado. Monty era um rapaz magro, de cabelos negros e profundos olhos azuis, não devia ter mais do que vinte anos e sua pele não parecia ter sido muito afetada pelas espinhas da adolescência recente, dirigia uma caminhonete que uma vez fora branca, agora sua cor era algo entre o bege, com alguns tons de laranja onde havia indícios de ferrugem. Era o carro da paroquia, que seria usado para todos os afazeres que necessitassem de um deslocamento maior do que suas pernas lhe permitissem, o que era quase sempre, uma vez que era uma comunidade na qual boa parte vivia em sítios. Nesse meio tempo de viagem, Monty lhe contou que havia sido coroinha da igreja quando era criança, e desde que se conhecia por gente, era o Padre Harolds o padre da paroquia, e depois que o sacristão anterior cortou o a mão com uma pequena pá de jardim enferrujada enquanto cuidava de suas hortênsias, e por isso morrera de septicemia, ele o substituíra, também por que já conhecia de cor e salteado a rotina da igreja, então que não se preocupasse, se ele tivesse qualquer duvida, ele o ajudaria. Ethan lhe lançou um sorriso sincero em retribuição, gostara de Monty e de seu sotaque do interior, e de sua presteza, ele devia ser um bom rapaz.

     - A nossa igreja não é tão grande como deve ser a igreja de onde o senhor vem, Padre O’connel, mas ela é bem ajeitadinha, acho que o senhor vai se sentir em casa rapidinho. – disse Monty com seu sotaque.

     - O tamanho da Igreja não importa, Monty, mas fé que é colocada nela. – disse com um sorriso.

     - Nossa, - Monty sorriu. – Que coisa bonita de dizer, Padre.

     - Pode me chamar de Ethan.

     - Eu gostaria de ter estudado, para poder falar bonito assim também. - ele não tirava os olhos da estrada, mas tinha um olhar meio vago agora. – Gostaria de poder estudar para ser padre também. Sempre achei bonito, o padre lá na frente de todas aquelas pessoas, rezando a missa, o jeito como ele é respeitado na comunidade, e o modo como ele ajuda as pessoas.

     - Estudar é sempre bom, e nunca se é tarde para começar.

     - Não, Padre O’connel, - disse ignorando o pedido de Ethan e voltando á chamar-lhe de padre. – para mim é.

     - Por quê? O que aconteceu?

     Monty olhou para Ethan com um meio sorriso. Tirou uma das mãos do volante e dirigiu-a á calça, procurava algo no bolso de trás, e depois de alguns segundos tirou do bolso uma carteira pequena de couro falso marrom, abriu ela com o polegar e a entregou á Ethan, e ele viu a foto de uma garota que não devia ter mais que dezoito anos e uma menina pequena, quase um bebê ainda, por volta de um ou dois anos, a foto era a primeira coisa que se via quando se abria a carteira, o que mostrava que ele as amava.

     - Minha família aconteceu. – disse ele com um sorriso sincero. - Elle-May, minha esposa, e Moira, minha filha. Ela vai fazer dois anos mês que vem.

     - Bela família. – Ethan ponderou. – Jovem família. – completou.

     - É, o baile de formatura, foi especial de varias maneiras. – Monty ponderava com certo ar nostálgico, mas então se lembrou de que Ethan era um padre, e por mais que fossem jovens e aquela fosse uma conversa um tanto informal, não pegava bem falar sobre como engravidara uma garota do segundo ano na noite do baile de formatura.

     Ele ficou vermelho um instante e Ethan riu baixinho, ponderando que realmente, dadas as circunstancias, ficava um pouco difícil.

     - Deve ter sido.

     - Nós nos casamos direitinho e tudo, mas ela teve que deixar a escola, eu tive que arrumar um emprego de verdade e o sonho de estudar para ser padre ficou mesmo no sonho. – ele suspirou. – Mas sabe, quando olho para Elle-May e para a pequena Moira, acho que teria feito tudo de novo. Talvez não tão cedo, e com certeza não no estacionamento da escola, mas com certeza, não imagino minha vida sem as duas. – ele disse com um largo sorriso, sem tirar os olhos da estrada, com um cotovelo do lado de fora da janela abaixada.

     Ethan fechou a carteira e a estendeu para Monty. Era notável o amor que ele sentia por sua família e achou isso lindo.

     - Isso também foi uma coisa linda de dizer. – Ethan disse sincero.

     A viagem prosseguiu agradável através da estrada durante o resto da tarde, os dois conversavam sobre assuntos banais, e no mesmo passo que Ethan achava graça do sotaque caipira de Monty, ele por sua vez achava o sotaque irlandês pra lá de estranho. Não demorou, passaram por uma placa grande, que assim como o carro de Monty, já tivera outra cor antigamente, e nela estava escrito com letras grandes bastante desbotadas: Elder, uma cidade de gente boa, população, 632. Havia na placa o desenho de um esquilo com o polegar para cima, num gesto de positivo. Que bonito.

     A cidade em si era pequena, mas bastante ajeitada: havia um centro comercial, um passo municipal, com um coreto grande no qual heras se trepavam, fazendo-o parecer mais um caramanchão, mas muito bonito, todas as festas da cidade se realizavam ali, e os cidadãos se esforçavam por mantê-lo limpo e em ordem. Tinham basicamente tudo que uma cidade precisa, claro que em quantidade e tamanho reduzidos, havia uma lanchonete, uma casa de ração e artigos de pesca, um salão de cabelereiro, uma papelaria, uma butique, um posto de gasolina, um hospital, uma escola, em fim, os estabelecimentos não tinham concorrência e eram passados de pai para filho. A igreja ficava perto do coreto, na Rua Dodger, bem na esquina, onde ela se juntava com a Rua Oliver. Era, como Monty já o havia avisado, pequena em comparação com a de Seattle, embora fosse bonita, com uma torre alta na qual ele conseguia ver o sino, havia um portão de ferro e depois dele uma escada de no máximo dez degraus subia, então se alcançava a porta de madeira grossa com detalhes em ferro e, acreditem, uma aldrava redonda de metal maciço pendia na porta um metro e setenta do chão.

     O carro parou e os dois desceram e Ethan não conseguia tirar os olhos da construção enquanto Monty tirava sua mala da caçamba da caminhonete. “Vou cuidar dela.” Ethan pensava, até que Monty o tirou de seus pensamentos.

     - Vamos, Padre Harolds está esperando por nós.

     Com certa dificuldade Monty foi subindo os degraus carregando a mala de Ethan, que chegou a dizer que deixasse, que ele mesmo carregava a mala. Em resposta, Monty sorriu e simplesmente o ignorou. Tudo bem que ele era o sacristão, que estava lá para ajudar o padre, mas não era necessário que ele carregasse sua mala. Vencido, Ethan simplesmente acatou e subiu a escada logo atrás do rapaz, mas eles não entraram pela porta principal embora ela estivesse aberta e pudesse ver algumas pessoas lá dentro, deram a volta e entraram por outra porta, a porta da sacristia que era como uma porta dos fundos. Assim que lá entraram, Monty prosseguiu com a mala, depois de pedir que Ethan esperasse ali, que Padre Harolds queria conversar com ele assim que ele chegasse. A sacristia era uma sala confortável, era mais como a sala de livros de alguém culto. Havia uma estante cheia de livros atrás de uma mesa de escritório bem organizada com um computador não tão novo. Havia uma cômoda-arquivo de metal verde, (a única coisa que destoava o lugar) ela tinha apenas um metro e três gavetas e algo lhe dizia que o Padre Harolds preferia essa cômoda ao computador. Na frete da mesa duas cadeiras de madeira boa aparentemente entalhada á mão, mais a frente um sofá de dois lugares, e por todo lugar, quadros de Jesus e Maria, e claro um oratório perto do sofá, com a imagem de São João, o padroeiro. Toda essa observação não durou mais do que quatro minutos, tempo que o Padre Harolds levou para descer as escadas que levavam á outra ala da igreja, a ala que era usada como casa paroquial, onde ele morava.

     Assim que o Padre Harolds entrou pela porta que ligava a sacristia ao resto da igreja, sua expressão mudou rapidamente, pois ele vinha com um sorriso caloroso para receber o novo membro da comunidade, mas esse sorriso deu lugar á uma expressão surpresa, e o pior, ele não conseguiu disfarçar.

     - Ooh, Padre O’connel, eu, bem. . .  – então se aproximou e estendeu a mão para Ethan que aceitou o cumprimento de forma cordial, embora Harolds parecesse um tanto perdido. – Que Deus esteja com o senhor.

     - E com o senhor também.

     Ficaram parados um encarando o outro por um tempo, e Ethan imaginava se tinha algo errado, se por acaso sua cara estava muito amassada por causa da viagem, ou qualquer coisa do gênero, para que Padre Harolds ficasse o encarando, isso já estava começando á ficar incomodo. Então como se estivesse capitando os pensamentos de Ethan, ele se afastou um pouco e caminhou em direção á sua grande cadeira atrás da mesa de escritório. O Padre era velho, disso não se tinha duvidas, devia ter para lá de sessenta anos. O cabelo branco que ainda lhe restava estava ralo, a pele de seu rosto parecia tão enrugada quanto a de um mastife, assim como suas mãos. Seus olhos cinzentos por trás de um óculos de aro fino pareciam cansados. Era pequeno, menor que Molina, mas seu rosto parecia mais amigável.

     - Desculpe meus modos, Padre O’connel, mas é que fiquei surpreso, não esperava alguém tão. . . Jovem. – ele sorria sem jeito. Não quero parecer desagradável, mas, quantos anos tem, filho?

     - Tenho vinte e seis anos, um de ordenado. Espero que minha idade não seja um problema.

     - Não, de forma alguma. Ah, sim. – ele pareceu pensar sobre o assunto. – Eu me lembro do começo, era difícil naquela época, tanta coisa para aprender e dar conta. – então sorriu. – Mas acho que você não terá esse tipo de problema, essa juventude de hoje é muito mais adiantada, e nós os dinossauros vamos ficando para trás. – então apontou para o computador. – Você sabe mexer nessa coisa?

     - Sei, mais ou menos, o suficiente para achar o que tenho que achar, guardar o que tenho que guardar e não ficar louco tentando fazer isso.

     - Mark, o filho de Ted Downey fez essa fortuita doação para a paroquia, três anos atrás, para atualizar os arquivos, e até hoje não sei onde fica o botão que liga essa coisa. Não se ensina novos truques á cães velhos. Por isso não me desfiz da minha cômoda, mesmo se acontecer de acabar a energia, eu ainda tenho meus arquivos.

     - Posso fazer uma pergunta, senhor?

     - Claro.

     - Fui informado que irei substitui-lo por que o senhor vai se afastar, mas quanto ao motivo, não se aprofundaram no assunto. Se não for muita intromissão minha, eu poderia. . .

     - Claro, tudo bem. – ele balançou a mão e franziu a testa. – Eu não posso mais, não acredito mais em certas coisas que deveria acreditar, e acho que quando se chega á essa fase, é melhor puxar o carro enquanto ainda se está respirando. Minha irmã está doente, é terminal, ela tem menos de um ano de vida pela frente e quando soube disso, percebi que não convivi com ela, que não tive a chance de conhecê-la tão bem quanto eu gostaria e que eu não vou ter esses anos de volta, por mais que eu reze. Decidi que eu prefiro passar esse ultimo ano com ela, segurando sua mão, mesmo que ela não faça ideia de que estou lá. Isso é motivo suficiente? – disse com voz pesada, mas não era sarcástico. Ethan não disse nada. – E você? Acha que consegue? Ainda acredita?

     - Eu me fiz essa mesma pergunta quando me foi passado que eu deveria vir para cá. Eu rezei, e a resposta me ocorreu muito simples: Moises não sabia se conseguiria tirar todas aquelas pessoa do Egito, ele simplesmente foi lá e fez; José não sabia se seria solto da prisão, ele só esperou; Abraão não sabia se quando chegasse lá encima no Monte algo iria acontecer e ele não teria que sacrificar Isaac, ele confiou. A minha resposta é a mesma: eu não sei, mas estou aqui mesmo assim, fazendo, esperando e confiando. – ele olhou no fundo das lentes do óculos de Harolds. – É resposta suficiente?

     O Padre Harolds ficou um tempo calado, mas em alguns segundo abriu um largo sorriso.

     - Gostei de você, filho. Me faz lembrar de mim quando era mais jovem. – ele se levantou e fez sinal para que Ethan se levantasse também. – Vamos, venha conhecer nossa igreja. – Harolds aproximou-se de Ethan e colocou a mão em seu ombro, só então percebendo que ele usava roupas civis, uma calça de brim e uma camisa um pouquinho amarrotada por causa da viagem.

     Os dois saíram pela porta que ligava a sacristia com o resto do edifício e Ethan deparou-se com uma bela igreja, decorada por dentro como as igrejas antigas; as paredes de pedra polida, os bancos de madeira grossa, os quadros da via cruxes, e os vitrais onde as cores predominantes eram o roxo e o vermelho. O altar era de granito e havia uma enorme imagem de Jesus Cristo pregado na cruz, um tanto clássica.

     - Muito bonita mesmo.

     Perto da porta de entrada, havia uma escada que levava á um mezanino, quase como uma sacada, e lá havia uma porta.

     - Essa escada leva ao segundo e terceiro andar, o segundo é seu pequeno apartamento, o terceiro é a torre do sino, acredite, se o tocar será ouvido até na China. Não se preocupe, Monty já levou sua mala lá para cima, ele lhe colocara a par das rotinas daqui, é realmente um ótimo garoto.

     Estavam andando e conversando sobre a arquitetura da Igreja, que Harolds conseguira verba para uma reforma cinco anos atrás, e boa parte das melhorias foram sua ideia, ela tinha seu estilo clássico, mas não ultrapassado, o chão de tacos velhos e podres fora trocado por ladrilhos, os vitrais que eram apagados traziam agora cores vivas, e outras coisas.

     Como disse, haviam pessoas lá dentro, fazendo sua prece individual, poucas, era verdade, mas pareciam bastante concentradas nisso. No entanto, uma mulher havia parado e começara a olhar para a dupla de padres, com olhar intrigado. Ethan a notou, ela estava ajoelhada, mais ou menos uns quatro bancos á sua frente, ela tinha os cabelos negros embaixo de um véu lilás de renda quase transparente, (as pessoas ainda usavam véu na igreja?) os olhos eram castanhos e sua pele era branquíssima. Tinha traços finos e lábios estreitos, aparentava estar entre os trinta e os quarenta anos, mas não poderia afirmar. Ela se levantou e ele viu que ela era baixa, e seu suéter lilás de linho e a saia azul escuro até o joelho, davam juntos a impressão de ser mais fortinha do que realmente era. Ela colocara o véu no ombro e quando Ethan percebeu, ela vinha se aproximando dos dois. Ela carregava uma bíblia pequena de capa marrom e um rosário de contas roxas.

     - Boa tarde, Padre Harolds. – ela disse ao se aproximar com uma voz baixa e um sorriso que Ethan só poderia classificar como forçado.

     - Boa tarde Annabeth. – Harolds disse meio que sendo pego de surpresa, afinal, ele não notou sua aproximação, pois estava concentrado explicando como fora difícil encontrar o ladrilho certo para o chão. – Não a tenho visto ultimamente.

     - Estive doente um tempinho, mas Graças á Deus, já estou melhor. Além disso, Deus esta comigo o tempo todo, não importa onde eu esteja. – ela não tirava os olhos de Ethan. – Então, quem é esse rapaz, um parente?

     - Ah, que indelicadeza a minha. – disse ele com um ar quase cômico. – Annabeth Downey, esse é Ethan O’connel, o novo padre.

     Ethan achou que já ouvira esse sobrenome, e lembrou-se, Downey, os doadores do computador. Estendeu a mão para cumprimenta-la, mas ela parecia ter desligado da tomada, estava ali parada olhando de um para o outro sem dizer nada, então, como se tivesse dado um chacoalhada, (que é o que Ethan teria feito se ela ficasse nessa apatia por mais alguns segundos), Annabeth sorriu.

     - Novo padre? Bem, é novo mesmo. Vão trabalhar juntos?

     - Não, ele vai me substituir. – disse Harolds como se não medisse o tom de suas palavras que foram secas. – irei para Vermont cuidar de minha irmã, que esta doente.

     De novo, mais alguns segundo de apatia e de novo a mesma reação exagerada.

     - Bem, Deus usa caminhos improváveis, não é mesmo? Sinto muito por sua irmã, padre, mas se o inevitável vier á acontecer, teremos que nos resignar á Sua vontade.  – Padre Harolds pareceu incomodado e ela virou-se para Ethan. - E é uma coisa linda ver os jovens servindo ao Senhor, quisera eu que isso acontecesse com meu Mark, que assim como você ele visse as maravilhas de um oficio tão lindo. - então ela se virou outra vez para Harolds. - Será uma pena não tê-lo mais aqui depois de tantos anos. Bem, tenho que ir, o jantar não se faz sozinho. Adeus, Padre Harolds, até mais, Padre O’connel.

     Sem mais, Annabeth se afastou da dupla e caminhou pelo corredor lateral até a porta de madeira maciça com a aldrava, antes de sair ajoelhou-se ligeiramente e fez o sinal da cruz, e saiu descendo a escada e ganhando a rua, na qual as cores roxas e amareladas do crepúsculo tingiam as casas. Nesse momento Harolds pareceu mais cansado do que nunca.

     - Quem era ela? – Ethan perguntou.

     - Annabeth Downey. Não lhe dê atenção se ela lhe aborrecer, ela é o que se pode dizer de afoita.

     - Isso foi um eufemismo para fanática? – disse sarcástico e Harolds riu.

     - Mais ou menos, ela tem algumas ideias radicais e debatemos varias vezes, com você não será diferente. Terá que desenvolver uma paciência além da compreensão humana. Mas isso você verá por si mesmo.

     Padre Harolds olhou em seu relógio de pulso, já eram quase sete horas da noite, hora de fechar as portas. Ethan notara que as pessoas realmente estavam se levantando e indo embora para suas casas e assim como no fim da missa, eles estavam na porta, cumprimentando as pessoas que saiam e desejando-lhes boa noite. Quando o ultimo fiel saiu, Ethan o ajudou a fechar a porta grande de madeira, deixando a noite cair lá fora. Eles desligaram as luzes e subiram a escada para o segundo andar, onde ficava o apartamento. Era pequeno, menor do que em Seattle, na verdade o quarto não era separado do resto, era tudo junto: uma cama de solteiro encostada na parede, perto da janela, uma cômoda pequena e ao lado, uma porta que era o banheiro. Mais a frente uma mesa com três cadeiras e encostada a mesa, para fazer uma separação entra e cozinha e a sala, um sofá estampado de verde e marrom que ficava de frente para uma mesinha com uma televisão e um aparelho de DVD. Encostado á parede direita, a geladeira, o fogão e a pia, encima da pia um armário para as panelas e mantimentos. Na parede esquerda, uma janela e um armário pequeno de duas portas. Tudo muito simples.

     Monty havia colocado a mala de Ethan perto da porta, e assim que ele entrou, a pegou e a colocou no sofá.

     - Espero que não se importe de usufruir desse sofá por um tempo, só irei para Vermont na segunda feira. Mas não se preocupe, ele é macio. – disse Harolds ao ver que Ethan sentava-se no sofá e testava a consistência, apertando o braço do sofá.

     - Está ótimo. – ele sorriu.

     Naquela noite, os dois jantaram macarrão com queijo instantâneo e antes das onze horas, já estavam dormindo.

Um comentário:

  1. Nossa parabéns por mais essa obra adorei, e também achei maravilhoso carona no escuro... Parabéns mesmo.

    http://mylenaescritora.blogspot.com.br

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