"- Vamos logo! – Richard apressava sua namorada.
- Só um minuto! – ela respondeu pela
segunda vez.
Richard estava esperando Donna já fazia
meia hora, sentado no primeiro degrau da escada que levava da sala ao segundo
andar, onde Donna se arrumava. Chegara cedo demais e ela ainda não estava
pronta para o baile. Cedo demais coisa nenhuma, essas garotas gostavam de ficar
enrolando, isso sim, ainda mais para o baile do Dia dos Namorados no ultimo
anos do Segundo Grau, quando cada minuto era precioso demais para ser
desperdiçado. Depois que o ano letivo acabasse, cada um iria para um lado.
Richard estava elegante parado na escada
da casa de Donna, com seu elegante smoking preto Black-tie, seu cabelo loiro
penteado para trás, parecia mais um galã de cinema, muito parecido com Robert
Redford. Segurava na mão uma caixinha de plástico transparente, com o
tradicional arranjo de pulso de flores lilases para entregar á sua namorada,
uma cena tão cliché.
- Estou descendo! – a voz macia de Donna
fez-se ouvir lá de cima.
Então, ela apareceu no alto da escada. Seu
cabelo ruivo, liso e muito comprido estava solto, a não ser por uma presilha
que prendia uma mecha do lado direito da cabeça. Seu vestido de baile era
lindo, lilás num tom bem delicado, tinha o decote tomara que caia e era longo
até o chão. Enquanto ela descia a escada e seu vestido esvoaçava, Richard
observava extasiado. Nunca em toda sua vida vira algo tão lindo. Richard era
apaixonado por Donna desde a sétima serie, mas foi só naquele momento que
percebeu o quanto a amava de verdade, e queria passar o resto de sua vida com
ela.
É, o presente que daria á ela, e que
estava guardado em seu bolso fora sem duvida a decisão mais acertada que
tivera.
- Desculpe a demora. – ela disse sorrindo,
no entanto ele estava ainda meio que entorpecido, então ela emendou um pouco
mais seria. – E então, como estou?
- Maravilhosa. – Richard disse emocionado.
– Para você. – ele entregou a pequena caixa de plástico com a flor.
- Obrigada! – pegou a caixa.
Donna a abriu e, tradicionalmente,
entregou a flor á Richard para que ele a colocasse em seu pulso, oque ele fez
com demasiada delicadeza.
- É linda, e combina com o vestido.
Os dois se abraçaram e se beijaram
longamente.
- Essa noite será perfeita. – ela disse
afastando-se.
Richard a conduziu até o carro que era um
Chevy de segunda mão mas que era o orgulho do rapaz e eles foram alegres até a
escola Johnson High School, onde acontecia o Baile do Dia dos Namorados do ano
de mil novecentos e setenta e cinco, o ultimo baile.
Realmente, a noite decorrera de forma
fantástica. Aquele belo casal se destacava no salão do ginásio e chamava
atenção pela felicidade que demonstrava. Conversaram com os amigos, dançaram, a
noite parecia magica.
Lá pelas onze horas da noite, os dois
estavam sentados em uma mesa perto do palco onde a banda contratada tocava os
clássicos, tomando ponche e segurando a mão um do outro.
- Oque você resolveu sobre a faculdade? –
ela perguntou.
- Eu vou estudar Literatura, contrariando
a vontade de meu pai, mas é da Literatura que eu gosto.
-
Que bom. Não consigo imaginar você como um engenheiro.
A banda tocava uma musica agitada, da
moda, mas assim que a musica acabou, a banda começou á tocar “Donna” de Richie Vallens:
“I had a girl
Donna was her name
Since she left me
I've never been the same
'cause I love my girl
Donna, where can you be? Where can you be?. . .”
- Cara, eu adoro essa musica! – Donna
disse de repente.
- Essa musica velha? – Richard disse
surpreso.
- Ela é linda, vamos dançar!
O casal levantou-se e começou á dançar
lentamente, não havia mais ninguém na pista de dança e a banda continuava:
“Now that you're gone
I'm left all alone
All by myself
To wander and roam
'cause I love my girl
Donna, where can you be? Where can you be?”
- Quando eu era pequena, eu imaginava que
essa musica era para mim. – Donna sorria – Imaginava se algum dia alguém me
amaria tanto assim.
- Claro que alguém te ama assim, sou eu.
Os dois se beijaram na pista de dança
enquanto a banda continuava a tocar:
“Well, darlin', now that you're gone
I don't know what I'll do
All the time and all my love for you.”
- Quer se casar comigo? –
Richard disse de repente.
- Como? – ela parou e ficou seria.
- Quer casar comigo? Eu nunca tive tanta
certeza de algo na vida. Eu te amo, e não consigo imaginar o resto de minha
vida sem que você esteja comigo.
- Richard. . . – Donna disse emocionada e
abraçou o namorado. – Sim, eu aceito!
O casal continuava abraçado no meio da
pista de dança ao som da banda. Donna chorava de alegria, porem, naquele
momento, Richard não sabia o que ia acontecer.
Naquele momento, Richard tirou de seu
bolso uma pequena caixa preta. Com cuidado a abriu e de lá tirou um anel de
noivado com um pequeno diamante quadrado. Delicadamente, Richard tomou a mão de
Donna e em seu dedo, colocou o anel.
- Jamais vou deixa-lo. – Donna disse
emocionada.
Não demoraram muito e saíram do baile.
Andavam pelo estacionamento da escola em direção ao Chevy naquela noite escura.
Estavam já bem perto do carro quando de trás de uma arvore, das sombras, surgiu
um homem de capuz preto, que os abordou.
- Passa as chaves, vamos! – ele estava
armado e parecia transtornado e apontava a arma para Donna.
- Tudo bem, tenha calma. . . – Richard
disse tentando parecer o mais controlado possível.
Richard colocou a mão no bolso para pegar
a chave que estava no mesmo bolso em que estava a caixinha do anel de noivado e
conforme mexia no bolso, um pedaço da caixinha ficou á mostra. Aquela luz, e
nervoso como estava, o ladrão pensou que a caixinha fosse uma arma. Num
impulso, o criminoso disparou a arma acertando Donna e saiu correndo em
seguida.
- Não!! – Richard gritou desesperado ao
perceber que Donna caía ao chão.
Ajoelhou-se desesperado e abraçou Donna. A
bala havia atingido seu peito e seu sangue tingia de vermelho seu vestido
lilás.
- Donna, você vai ficar bem. – chorava –
Não me deixe.
- Eu não vou deixa-lo. . . – Donna disse
baixinho. Foi a ultima coisa que ela disse.
Richard só se lembrava de ficar ali
chorando, agarrado ao corpo sem vida de Donna durante muito tempo, até que
alguém os encontrou no estacionamento depois de ouvir o disparo.
Por muito tempo policia procurou pelo
assaltante de capuz que tirara a vida da jovem Donna, porem, sem uma descrição
confiável, não puderam fazer nada e nunca o pegaram.
O tempo passou, muita coisa aconteceu, e a
vida de todos teve que continuar. Trinta anos se passaram, no entanto Richard
nunca a esqueceu. Em vários aspectos de sua vida ele evoluíra, superara
limites, porem seu coração permaneceria fechado, de alguma forma á espera
daquela que ele sabia que nunca iria voltar.
Richard estudara Literatura e se formara.
Depois de vários cursos e trabalho árduo, se tornara professor de Literatura
Clássica na faculdade em que estudara e agora, chegando aos cinquenta anos, era
um dos professores mais queridos da instituição. Era admirado pelos alunos,
paquerado pelas alunas, afinal, ainda estava inteiro.
O ano letivo enfim começara e vários
alunos novos circulavam pelo Campus como baratas tontas e os professores se
divertiam com essa cena.
A classe de Literatura Clássica estava
particularmente lotada naquele primeiro dia, principalmente de novatos. A sala
era ampla, em formato de auditório e Richard demorou um pouco para se acostumar
com essa sensação, ainda mais quando era necessário usar um microfone nas
dissertações, parecia que estava em um programa de TV, como a Roda da Fortuna,
embora jamais tivesse usado terno em suas aulas. Depois de um tempo
acostumou-se, e acabava achando estranho lecionar em uma sala convencional.
Richard entrara na sala de aula já depois
de todos os alunos já estarem acomodados em seus lugares e dera uma rápida
olhada nos novos rostos, a maioria recém-saídos do segundo grau.
- Bom dia, eu sou o Professor Richard
Reeves, acho que vocês estão aqui para estudar Literatura Clássica, não é? –
disse com um tom forçadamente serio. – Vou avisando, não admito chicletes,
celulares, nem livros da saga Harry
Potter. – frase que foi seguida de muitas gargalhadas por parte dos alunos.
– Mas falando serio agora, em minha aula, tudo o que eu exijo é que deixem a
mão escrever o que o coração diz. Quando conseguirem fazer isso, serão
escritores.
Sua aula decorrera divertida durante a uma
hora de aula, até que viu sentada no fundo da sala, na ultima fileira, Donna.
Richard ficou parado em choque, olhando para aquilo que só podia ser descrito
como alucinação. Era ela, o cabelo ruivo, liso e comprido, seus traços
delicados, mas como? Ela também olhava para ele e ele achou que estava
enlouquecendo.
Por muito tempo, depois da morte de Donna,
Richard pensou tê-la visto pelos cantos quando estava a sozinho, ás vezes podia
jurar ter sentido seu perfume, mas depois foi se convencendo de que que isso
não passava de sua imaginação com dificuldade para aceitar a perda. Mas o que
via agora não era um simples vulto, ele a estava vendo, tão claramente quanto
qualquer um de seus alunos. Seria aquilo verdade ou só a sua mente lhe pregando
um peça?
O sinal que avisava o término da aula soou
alto, tirando-o de seu devaneio e do contato visual com a assombração. Os
alunos, alheios ao que estava acontecendo com o professor, fechavam os livros e
deixavam seus lugares rumo á porta. Richard surpreendeu-se, pois, Donna fez o
mesmo e vinha descendo pelos degraus da “arquibancada”.
Conforme ela foi se aproximando, Richard percebeu coisas diferentes: essa Donna
usava roupas modernas, o cabelo era um pouco mais curto e mesmo de longe, ele
percebeu um piercing em seu nariz, uma pequena pedra brilhante.
Donna vinha descendo por ultimo, segurando
seus livros nos braços e parecia dar pouca importância ao fato de que Richard a
observava fixamente. Ela desviou o olhar e caminhou até a porta, deixando
Richard confuso, ela afastava-se dele, sem dar-lhe atenção. Não, não podia
deixar que ela se fosse. Num impulso que ele não sabia de onde veio, ele correu
e antes que ela saísse, ele segurou seu braço fazendo-a parar.
- Donna? É você?
- Sim. – disse ela com um sorriso.
- Você é real?
- Claro que sou real, - ela disse em tom
jovial. – E você está apertando meu braço. – disse naturalmente.
- Ah, Donna! – Richard a abraçou
impulsivamente, fazendo-a derrubar os livros.
- Professor, - ela tentava se soltar –
Você deve estar me confundindo com outra pessoa.
Ele a soltou por um momento e viu no rosto
dela a expressão de quem não está entendendo nada.
- Mas. . .
- Professor, o senhor está bem? – disse
com uma feição um tanto preocupada.
Richard parou e olhou bem para Donna. Ela
era Donna, mas não era. Era uma garota jovem, assustadoramente idêntica e com o
mesmo nome. Mas era só.
- Eu achei que você fosse outra pessoa,
que eu conheci á muito tempo. – disse envergonhado pela sua atitude
precipitada.
- Então, acho que não sou ela. – ela
sorriu compreensiva ao se abaixar para pegar os livros que tinha derrubado.
- Acho que não.
A nova Donna pegou seus livros, se
levantou, olhou para Richard e lançou lhe um sorriso antes de sair e deixar
Richard sozinho com seus pensamentos.
Aquela garota era tão parecida com seu
grande amor, até mesmo seu nome, isso não podia ser apenas coincidência. Qual a
probabilidade de uma sósia de Donna, homônima, na mesma faixa de idade, entrar
na Faculdade em que ele lecionava, com tantas outras Faculdades para ela
escolher. Mas Donna estava morta, morrera em seus braços e antes disso havia
prometido que jamais iria deixa-lo.
Durante algumas semanas Richard ficou
observando a nova Donna, que parecia não lhe dar a menor atenção além do normal
para uma aluna comum e ás vezes ela lhe dirigia um sorriso educado quando seus
olhos se encontravam, mas só. Ah, essa situação era uma tortura, ele não
conseguia se concentrar em mais nada, pensava somente naquela moça. Isso tinha
que parar, de uma forma ou de outra.
Para colocar um ponto final nessa
historia, um dia Richard tomou coragem e depois de pedir a ela que ficasse
depois da aula. A convidou para tomar um café numa cafeteria perto do Campus.
De começo, ele estranhou a naturalidade com a qual ela aceitara o convite,
porem precisara conversar com ela.
Richard contou tudo. Tudo sobre a primeira
Donna, sua semelhança, tudo o que acontecera no dia dos namorados de mil
novecentos e setenta e cinco, a incrível coincidência que era tudo isso e ela
ouvia seu relato atentamente.
- Entende agora a minha reação quando eu
te vi?
- Entendo perfeitamente. – Donna disse
tomando um gole de seu café preto. – ela devia ser muito especial.
- E como era. – ponderou.
- Isso até parece a letra de uma musica. –
ela sorriu – Qual era mesmo? Ah, “Donna”,
sem referencia ao meu nome. – os dois não contiveram o riso – Mas eu acho isso
bonito. Você pode achar estranho, mas quando eu era pequena, eu imaginava se
alguém. . .
- Te amaria tanto assim. – Richard
terminou sua frase espantado.
- Isso mesmo, como sabia? – disse com uma
expressão intrigada.
- Foi só uma coisa que aluem me disse um
dia.
A Donna que ele conhecia agora era em
vários pontos diferente da primeira, mas não menos encantadora.
Uma amizade começou depois daquele
encontro, depois de um começo bem peculiar, decidiram fazer disso uma coisa
boa. Começaram a sair juntos, a se conhecer melhor, seus temores, seus
defeitos, suas historias mais engraçadas. Em seu coração, Richard sabia que a
nova Donna era sim aquela que conhecera na juventude, e nada mudaria essa
sensação, isso já era razão suficiente para que tivesse uma empatia automática
por ela. O que não esperava era que fosse se apaixonar novamente. Aprendera a
amar todas as coisas nela, todas.
Tudo isso aconteceu em meados de Agosto de
dois mil e cinco e conforme o outono foi chegando sua amizade foi ficando mais
forte. Richard sabia que não podia perde-la, por isso, em segredo, no natal
começaram á namorar serio. Talvez pela diferença de idade, talvez por que
Richard fosse seu professor, a questão é que ninguém entenderia essa união.
Ambos estavam felizes e apaixonados, um completava o outro, o amor tocara seus
corações e era isso o que importava.
Janeiro foi passando e quando Fevereiro e
o dia dos namorados foi chegando, Richard começou á ficar de certa forma
apreensivo. Não que estivesse com medo da data, pelo o que acontecera antes,
mas um sentimento estranho começava a se formar dentro dele. Não sabia o que
era exatamente, mas não era bom.
Enfim, o dia dos namorados chegou e por
todo lugar se via alegria. A decoração vermelha e branca parecia inspirar e na
Faculdade não se falava em outra coisa: que presentes iriam dar, que
restaurantes estariam disponíveis, onde passariam a noite, essas coisas.
Donna sempre enrolava para guardar seus
livros para ficar sozinha com Richard na sala depois que todos saiam, ele
achava perigoso, ela achava picante. Naquele dia, ela ficou por ultimo (de
novo).
- Feliz Dia dos Namorados! – ela disse sorridente
ao beijá-lo depois de ter certeza e estarem sozinho, no entanto, Richard ficara
serio. – Oque foi?
- Nada. – disfarçou.
- Ah, meus Deus, como sou insensível! –
disse lembrando-se de toda historia. – Me desculpe. . .
- Está tudo bem, não é por isso que estou
assim. Eu não sei, não estou me sentindo muito bem.
- Olha, não precisamos fazer nada especial
hoje, é só uma data pré-determinada para troca de presentes e afeto, o que
podemos fazer nos outros trezentos e sessenta e quatro dias do ano. Afinal,
oficialmente, não somos namorados.
- Você deve achar que eu sou um velho
rabugento. Não, vamos sair sim. Aonde quer ir?
- Não sei, por que não vamos naquela
cafeteria perto daqui? Foi lá que começou mesmo. Ás nove horas está bom?
- Para mim está ótimo. – disse com um
sorriso um tanto murcho.
A tarde se passou lentamente e antes do
horário marcado, Richard já estava esperando por Donna, sentado em uma das
mesas da Cafeteria, perto da janela. A musica ambiente era mortificante, ele
não conseguia engolir esse tal de 50 cent. A noite estava até que agradável,
mas por algum motivo não conseguia sentir-se á vontade, aquele sentimento ruim
não o deixava em paz.
Não demorou, Donna chegou á Cafeteria,
usava uma roupa perturbadora: usava um vestido de malha, decote tomara que
caia, lilás, moderno. Mas como lembrava o vestido de baile de Donna em mil
novecentos e setenta e cinco. Usava o cabelo ruivo solto, apenas uma mecha
estava presa com uma presilha. Ao vê-la assim, Richard teve certeza de que
Donna havia voltado.
Ela aproximou-se dele sorrindo, porem ela
não teve que chegar até a mesa, Richard levantou-se e caminhou ao seu encontro.
Abraçaram-se como se á muito tempo não se vissem. Beijou-a profundamente
emocionado, ela havia cumprido a promessa.
- Querido, o que foi? – ela olhou para
ele.
- Eu só não podia mais esperar para dizer
que eu te amo.
- Isso é bom, por que eu também te amo.
Richard a conduziu até a mesa e juntos
passaram uma noite incrível, até que a musica ambiente mudou e começou a tocar
uma musica conhecida.
“I had a girl
Donna was her name
Since she left me
I've never been the same
'cause I love my girl
Donna, where can you be? Where can you be?. . .”
Ao ouvir isso, Richard paralisou-se. Um
pavor de repente tomou conta dele sem que ela percebesse.
- Eu adoro essa musica. – Donna disse
sorrindo. – Vem. – Ela puxou ele pela mão.
- Não.
- Vamos dançar, vem.
Donna puxou-o até o meio da Cafeteria onde
mais dois casais também dançavam ao som da musica e lentamente começou a
dançar.
Richard não podia acreditar que tudo
estava se repetindo. Isso era impossível, trinta anos depois tudo estar se
repetindo. Não podia deixar que isso acontecesse, dessa vez as coisas seriam
diferentes.
- Vamos embora. – Richard se afastou,
pegou sua mão e foi puxando-a através do estabelecimento.
- Richard, oque está fazendo?
- Depois eu explico.
Saíram da Cafeteria ás pressas. Richard
olhava para os lados, procurando por um taxi.
- Por que não vamos no seu carro? – ela
perguntou confusa, via-se que ele estava nervoso.
- Por que, se eu chegar perto do meu
carro, você vai morrer. – disse desesperado.
- Você está me assustando. – Donna disse
com a voz balançada.
- Está tudo se repetindo. Não sei por que,
é você, seu nome. . .
- Ah, Richard. . . – desacreditava.
- Não é só isso. É o dia de hoje, o seu
vestido, aquela musica. . . – sabia que o que dizia não fazia sentido. – Eu
sinto que seu não sairmos daqui agora, você vai morrer.
Nesse momento, um taxi parou bem á sua
frente. Ele abriu a porta traseira e fez com que ela entrasse, batendo a porta.
Ele respirou fundo e se abaixou na altura da janela, em silencio ele segurou
sua mão.
- Você não vem?
- É com você que eu me preocupo. – os dois
se beijaram através da janela. – Eu não vou te perder.
O carro foi saindo, porem Donna ainda teve
tempo de dizer:
- Eu jamais vou deixa-lo. – E com isso o
taxi afastou-se e Richard ficou observando.
Virou-se para ir em direção do seu carro
parado no outro lado da rua, quando com horror lembrou-se do que ela disse,
“Jamais vou deixa-lo.”, a mesma coisa que disse antes de morrer. Virou-se outra
vez, ainda conseguia ver o taxi que parara no sinal vermelho. Teve tempo de ver
o taxi antes que um caminhão enorme, vindo da esquerda, batesse no taxi e o
arrastasse.
Richard ficou vendo aquilo acontecer
estático. Então começou á correr como um louco naquela direção, totalmente
desesperado. Quando finalmente chegara no local, alguns metros adiante, onde já
se amontoava um grande numero de curiosos em volta do acidente. Richard
atravessou a roda de gente e pode ouvir alguém chamando a ambulância pelo
telefone celular. O caminhão havia acertado o taxi em cheio. Ele estava todo
retorcido, as janelas quebradas. O motorista havia sido jogado para fora. Donna
ainda estava dentro do carro, porém uma barra de ferro atravessava seu peito.
Estava morta."