terça-feira, 10 de setembro de 2013

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"Boa Noite, Sam" - prefacio

     Olá Leitores!!
     Eu sei que estou relapsa com o blog, podem xingar. kkkk. Mas para me redimir, trago para vocês o prefacio que eu acabei de escrever de um livro em construção. É serio, acabei de escrever, mais novo do que isso impossível, e vocês meu leitores, podem ler em primeira mão o prefácio de "Boa noite, Sam."


Boa noite, Sam
Prefácio

      Maggie parou em frente á porta do quarto de Sam. Estava com a mão na maçaneta pronta para girar, mas não conseguia. Estava ali parada como que congelada. Ela sabia que ela tinha que abrir aquela porta e entrar, que ela tinha que vê-lo, abraçá-lo, beijá-lo. Ela sabia que ele deveria estar terrivelmente amedrontado, deveria estar com raiva, com medo, e que só ela podia confortá-lo. Maggie Brown sabia de tudo isso, mas mesmo assim, não conseguia entrar naquele quarto de hospital. Não assim. Ela não queria que ele a visse chorando, ela tinha que ser forte por ele agora.

       Com um suspiro profundo, ela espantou o resto das lagrimas que teimavam em rolar pelo seu rosto delicado. Seus olhos estavam vermelhos, claro, mas ela pensaria em uma desculpa para isso. Ela girou a maçaneta da porta e entrou.

       Sam estava dormindo com o rosto virado para o outro lado e os cachos negros do cabelo dele caiam por cima de sua testa de forma displicente. Maggie se aproximou e sentou-se na poltrona reclinável branca que havia ocupado nas ultimas noites. Ela sentia o cheiro estéril comum de Hospitais (éter, desinfetante e álcool), o que lhe embrulhava o estômago. Ela nunca fora muito fã de Hospitais, e aquele tipo de cheiro fazia ela se lembrar de suas consultas médicas quando era criança. Esse é o tipo de coisa que persegue uma pessoa para o resto da vida, ela pensou nessas associações de cheiros e texturas que experimentamos quando crianças. Ela fechou os olhos e prestou atenção no bipe do monitor cardíaco, a ridícula máquina que marcava os batimentos do frágil coração dele. Ela a odiava. Odiava, pois sabia que mais cedo ou mais tarde ela iria ficar silenciosa.

       Maggie inclinou-se na poltrona para ficar mais perto do leito e afastou uma mecha do cabelo de Sam delicadamente e ele começou á se mexer, indicando que estava acordando. Rapidamente a garota esculpiu um sorriso no rosto, o que para ela foi mais dolorido do que fazer suas três tatuagens. Sam virou o rosto devagar, na direção de onde vinha o toque em seu rosto e abriu os olhos.

       Maggie mordeu o lábio inferior para não chorar. Seus olhos eram de um azul intenso e magnifico, como tudo nele. Sua pele era branca e pálida, o que ressaltava suas olheiras, ele estava visivelmente doente e cansado, sem duvida, mas ela não podia negar que ele estava lindo, maravilhosamente lindo. Ele então sorriu para ela, um sorriso alegre, solto, bem do jeito dele, como ele costumava sorrir quando os dois acordavam juntos e abraçados.

       - Oi, Sam. – ela disse com uma voz baixa, como se ele ainda estivesse dormindo. Se aproximou e beijou os lábios dele num beijo estalado e rápido, mas manteve-se perto com a testa encostada na dele e afagando seus cabelos negros. – Como você está hoje? – ela perguntou forçando um tom casual e ameno.

       Ele não disse nada, só olhava no fundo dos olhos verdes dela e sorria. Ficaram em silêncio por um breve momento até que ele abriu a boca, mas não para responder a pergunta de Maggie, mas para começar a cantar em um tom de sussurro.

       - “Feche os olhos e eu te beijarei. Amanhã sentirei sua falta. Lembre-se que sempre serei verdadeiro. – era “All my Loving”, dos Beatles, ele adorava os Beatles - E enquanto eu estiver longe, escreverei para casa todos os dias e mandarei todo meu amor para você. – Sam parou um momento e respirou fundo como se cantar estivesse drenando todas as suas forças. Maggie quis que ele parasse, pois se ela começasse á chorar na frente dele ela não seria capaz de parar. Ele continuou - Fingirei que estarei beijando, esses lábios dos quais sinto falta, torcendo para que meus sonhos se tornem realidade. – Ela notou que os olhos dele estavam marejados de lagrimas e o resto da musica saiu tremida e vacilante. - E enquanto eu estiver longe, escreverei para casa todos os dias e mandarei todo o meu amor para você...”. – ele é interrompido pelos lábios de Maggie pressionando os dele num beijo molhado, pois ela já estava soluçando de chorar.

       Ela tocou o peito dele e ele estremeceu, ele ainda estava dolorido da cirurgia daquela semana e ela podia ver por uma fresta no avental dele o curativo bem no meio de seu peito. Ele se mexeu um pouco no leito, indo mais para a beira oposta, dando a deixa que ele queria que Maggie deitasse ali junto com ele. Ela assim o fez. Os dois estavam deitados de frente um para o outro, de mãos dadas, sem dizer nada. Ela não precisava perguntar para saber que o médico já havia dado as “noticias” para ele, do mesmo jeito que ele havia dado á ela antes de ela entrar no quarto. Ela odiava aquele médico. A frase “Talvez ele não sobreviva á esta noite...” ainda ecoava em sua cabeça como a buzina de um caminhão.

       No entanto, Sam não parecia estar com medo. Sam não parecia estar com raiva ou nada disso. Quando ela entrou naquele quarto, ela esperava encontra-lo chorando, gritando ou totalmente depressivo, mas tudo o que ela via em seus olhos era paz. Calma, pura e terna paz. Ele sabia o que iria acontecer e ele estava em paz. Ela o odiou por isso, pois ela não estava em paz. Não era justo que ele estivesse tão calmo enquanto ela estava em vias de arrancar os próprios cabelos loiros á unha.

       Sam sorriu para ela outra vez.

       - Vamos fingir que você vai voltar amanhã... – ele sussurrou com o sorriso mais doce que Maggie já havia visto em seu rosto. Em outra circunstância ela teria se derretido toda, mas aquele sorriso era doloroso demais.

       - Eu vou voltar amanhã. – Maggie o interrompeu bruta. Ele só sorriu outra vez.

       - Vamos fingir que você vai voltar amanhã para me levar para casa. – ele concluiu, segurando a mão dela forte. – Sabe qual vai ser a primeira coisa que eu vou fazer quando chegar em casa? – Sam sorriu e Maggie pode ver seus olhos brilhantes de lagrimas outra vez, mas ele sorria ainda, sempre mais forte do que ela. – Vou abraçar o Mamute. – ele se referia ao seu cão Golden Retriver.

       - Aquele pulguento sente sua falta. – ela comentou sorrindo junto com ele.

       - E ai, podíamos fazer um piquenique no parque, soube que amanhã vai ter sol o dia inteiro. – ele continuava a descrever um dia perfeito que eles nunca teriam. – Vamos nos sentar embaixo de uma daquelas arvores e rezar para que nenhuma abelha nos encontre. – ele sorria animado e ela decidiu dar corda. Por que não? Ele estava morrendo, ela podia deixa-lo feliz.

       - Acho que o Vince podia me dar o dia de folga. – ela sorriu forçadamente. – Vamos passar o dia inteiro juntos.

       - Poderíamos comprar um pedaço de bolo daquela confeitaria...

       - Aquele de chocolate com recheio de abacaxi. – ela soluçou. – Arrumar a bagunça dos seus discos velhos e empoeirados...

       - Fazer amor. – ele suspirou.

       Os dois ficaram em silêncio. Tudo era silêncio. A realidade do que estava acontecendo acertou Maggie como um soco no estômago.

       - É, esse teria sido um ótimo dia. – ele fechou os olhos azuis, estava tão cansado, e Maggie não pode refrear o pensamento de que nunca mais os veria abertos.

       Ele estava morrendo. Ela então percebera que não haveriam mais musicas dos Beatles, que não haveriam mais piqueniques no parque, e definitivamente jamais comeria bolo de chocolate com recheio de abacaxi outra vez. Samwise Olsen a estava deixando.

       - Eu te amo, sabia disso? – ele disse sussurrando.

       - Eu sei. – ela soluçou. – Eu também te amo.

       - Fica comigo até eu dormir? – ele implorou daquele modo infantil. Como resposta ela o beijou outra vez.

       - Com certeza. – ela ouvia a respiração dele – Vou estar aqui quando você acordar.

       Maggie já não se importava de chorar copiosamente. Não era justo. Simplesmente não era justo. Tudo o que ela conseguia pensar era que Sam estava desaparecendo no ar na frente de seus olhos e que ela era fraca demais para fazer alguma coisa á respeito. Naquele momento ela odiava muitas coisas: odiava aquele hospital fedorento; odiava o bipe ridículo daquela maquina; odiava o medico sem tato; odiava William, o pai de Sam; mas acima de tudo, naquele momento odiava a si mesma. Ela tinha tantas coisas que gostaria de dizer para Sam, mas todas as palavras morreram em sua garganta. Ela que deveria ser forte para confortá-lo, era fraca, e era o próprio Sam quem á confortava. Isso não era certo.

        Ela sabia que ele adormecera agora por causa dos remédios para dor e ela não queria acordá-lo não havia porquê. Ficou ali, ao lado dele, vigiando seu sono tranquilo e assim ficaram pelo resto das duas horas de visita. Quando uma enfermeira entrou no quarto para a troca do curativo, Maggie tomou isso como a deixa para ir embora. Ela beijou a testa dele suavemente.

       - Boa noite, Sam. – ela sussurrou no ouvido dele. – Até amanhã.

       Ela se levantou, voltou á poltrona, pegou sua jaqueta de couro e sua mochila e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Ela caminhou alguns passos em direção ao corredor quando ouviu algo que chamou sua atenção, uma comoção, uma correria e vozes exaltadas.

      Maggie se virou á tempo de ver mais enfermeiros e médicos correndo em direção ao quarto de Sam e entrando tempestivamente. Ela desmoronou ali mesmo, caindo de joelhos no chão, arqueando as costas enquanto chorava. Ela sabia, sentia em seu coração, era exatamente como ele havia dito: “Meu coração é seu, quando ele parar de bater, você saberá.”.


E ai, gostaram? espero que sim!
Para quem ficou curioso, esse é o link para quem quiser ouvir a misica que Sam canta para Maggie
Beijusssss

4 comentários:

  1. Caaaaaaaaramba, perfeito. Tu escreve muito bem. Quero um amor como o Sam kkkkk deviam fabricar meninos com ele.

    Tô seguindo o blog.
    http://www.batmangypsy.blogspot.com.br/

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  2. Adorei!! Muito bom! Tadinho do Sam e tadinha dela. :'(
    Você vai postar a continuação no blog? *-*

    Beijos,
    Laury

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